Niède Guidon: A mulher e o meio

No Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho, já consagrado pela ONU,  poderíamos falar sobre as consequências da ação do homem sobre seu meio ambiente, o planeta Terra. Mas farei uma homenagem a uma mulher, franco-brasileira, antropóloga, NIÈDE GUIDON, ontem falecida

5 de junho de 2025

No Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho, já consagrado pela ONU,  poderíamos falar sobre as consequências da ação do homem sobre seu meio ambiente, o planeta Terra. Poderíamos fazer coro com o Poeta e proclamar “Verde, verde, que te quiero verde!”. Poderíamos denunciar, mais uma vez, a gravidade das mudanças climáticas, a destruição dos biomas brasileiros, a putrefação das nossas cidades.  Poderíamos citar as emoções do astronauta que passou quase um ano no espaço e que viu a Terra em sua unicidade cósmica. O Homem, entretanto, é parte do Meio, embora sua multiplicação desenfreada, sem adequado planejamento de sua intervenção sobre o meio, mercê do endeusamento do “Senhor Mercado”,  nem acesso às condições mínimas para o exercício de uma cidadania responsável a seu redor,  num mundo cada vez mais favelizado, com metrópoles que n 20/ 30 milhões de pessoas, o transformem num agente predador inconsequente.

Neste dia, portanto, homenagearemos, aqui, uma mulher, franco-brasileira, antropóloga, NIÈDE GUIDON, ontem falecida. Ela nos deixou um legado de valorização dos primitivos “brasileiros” que podem ter vivida , aqui, há 50 mil anos, antes, pois, das civilizações mesopotâmicas. Foi a criadora do Parque da Capivara, no Piaui, um relíquia destes tempos memoráveis. A este “meio” que ela revelou, cuidou e se dedicou a vida inteira, nosso aplauso.

 

“Arqueóloga Niède Guidon morre aos 92 anos (Com Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil)

A arqueóloga Niède Guidon, que dedicou sua vida à pesquisa e à preservação da Serra da Capivara, no Piauí, morreu nesta quarta-feira (4) aos 92 anos. A informação foi divulgada nas redes sociais do parque. A causa da morte não foi informada. 

Ela revelou ao mundo as pinturas rupestres do parque que mudaram o conhecimento sobre o povoamento das Américas.

“Com coragem, paixão e compromisso com a ciência, fundou a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) e lutou por décadas para proteger e divulgar a riqueza arqueológica do Brasil. Sua trajetória deixa um legado imensurável para a ciência, a cultura e a memória do nosso país. Seu nome está eternamente gravado na história”, diz comunicado do parque.

No ano passado, a arqueóloga recebeu o Prêmio Almirante Álvaro Alberto 2024. A premiação, concedida anualmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Marinha do Brasil, é um reconhecimento aos cientistas brasileiros que contribuíram de forma significativa para a ciência e tecnologia do país e se deu durante a Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Esse foi mais um título para a cientista que já foi condecorada com a Ordem do Mérito Científico, Grã-Cruz, do MCTI; além de ter conquistado o Green Prize, da organização pacificista e ecológica Paliber; o Prêmio Príncipe Klaus, do governo holandês; o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Cultura; o prêmio Cientista do Ano, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); o Prêmio Chevalier de La Légion d’Honneur, do governo francês.

Segundo o CNPq, ao longo de sua carreira, Niède identificou mais de 700 sítios pré-históricos, entre os quais 426 paredes de pinturas antigas e evidências de habitações humanas antigas na área da Serra de Capivara, no Piauí.

 

Repercussão

A escritora Adriana Abujamra, autora do livro Niéde Guidon — Uma Arqueóloga no Sertão, afirma que a especialista fez uma revolução feminina no interior do Piauí ao chegar no local, na década de 1970.

“Ela proporcionou uma revolução das mulheres. Ela contratou só mulheres para porteiras do parque. A chefe do parque hoje era uma menina quando a Niède chegou. Ela foi inspirada pela Niède. Ela falava em proteção do meio ambiente numa época em que pouca gente falava disso. Se não fosse o trabalho dela, talvez nem tivéssemos as pinturas rupestres e a fauna e a flora preservadas”.

Segundo Adriana, Niède chamou a atenção para a grande resiliência da caatinga e mudou os rumos não só da arqueologia como de toda a região.

“Ela colocou o Brasil no mapa da discussão da arqueologia do mundo na questão da ocupação das Américas por mais controversa que fosse a posição dela naquela época. A importância dela vai muito além da arqueologia. A Niède transformou aquela região. A primeira universidade federal no interior do Nordeste existe em São Raimundo Nonato pelo afinco dela” (…);




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