Todos os anos trago aos leitores de Torres e Passo de Torres, na expectativa de ecoar por todas as curvas do Mampituba, minha mensagem de BOAS FESTAS, através da lembrança do Advento. Neste ano que passou, marcado pela presença de sérios conflitos regionais no mundo, realçados pela ameaça de uma hecatombe nuclear envolvendo a Coreia do Norte, além do agravamento da questão do clima, renovo meus votos na esperança de melhores dias.
O “advento” é o período, na tradição cristã, de quatro semanas que antecedem o Natal. Ele se inicia no primeiro domingo deste interregno e vai até o dia 25 de dezembro. Trata-se de um período de reflexão e espera, na expectativa da “Boa Nova” do Mensageiro de Deus. É um momento de preparação para a reunificação das famílias, dos homens de boa vontade e de todos os povos do mundo, sem rancores , sem preconceitos, sem outro sentimento que aquele ocupado pelo Amor ao Próximo. Sim, porque a grande ceia da noite de Natal não é senão um artifício para a celebração da concórdia entre todos nós. Confirmação do laço afetivo num ritual simbólico, imaginário e de forte impacto real, depois que centenas e até milhares de quilômetros foram tragados por ansiosos passos em direção ao abraço familiar. É para casa que voltamos sempre. É em casa, junto dos entes queridos, que renovamos as energias para enfrentar as adversidades de um ano novo que logo se anunciará na fatia dos tempos. Aproveitemos, pois, o Advento, para meditar sobre o nosso mundo – ocidental – : pluri-cultural, multi-étnico, democrático, laico, embora essencialmente cristão -, como síntese da razão helênica cevada na antiga Grécia e da fé de um homem simples que peregrinou pela Galileia e deixou seus rastros no Novo Testamento.
Vivemos, por certo, há já décadas, momentos difíceis de nossa História. Foi-se o sonho de uma noite de verão dos anos do pós-II Guerra. A razão e a liberdade, que pareciam sustentar a construção de um homem capaz de construir seu próprio destino e um novo horizonte para a humanidade, estão em cheque. As esperanças de um mundo melhor parecem soterradas. O Advento, porém, contribui para reforçar a persistência no bom caminho da iluminação. O homem, enfim, é o começo e o fim de tudo. Ainda há tempo, mas há que refletir. Pensar com coragem, determinação e prudência. Pensar e agir enquanto oramos,todos, mesmo os que não sabem rezar, por um 2018 mais promissor. Para nós, brasileiros, ele será decisivo para moldar um novo tempo.