O Advento (e o Brasil que queremos)

"Aproveitemos, pois, o Advento, para  meditar sobre o  Brasil que queremos: Tolerante, pluri-cultural, multi-étnico, democrático, laico: A Boa Nova, que sendo em Cristo, pelo proselitismo de São Paulo, converteu-se na primeira  consigna universal da espécie humana. Somos todos irmãos" (por Paulo Timm).

25 de novembro de 2019

Todos os anos trago aos leitores desta coluna em A FOLHA ,de Torres,  na expectativa de ecoar nas curvas do Mampituba, minha mensagem de BOAS FESTAS, através da lembrança do “Advento”. Os problemas internacionais que alinhavei no ano passado não mudaram muito: Guerra Civil na Síria e crise na Venezuela, agora estendida ao Chile e Bolívia, esta à beira de uma guerra civil. Na verdade, o ano de 2019 vai passar para a História como reedição do fatídico ano de 1848 na Europa, quando várias de suas capitais foram sacudidas por violentas irrupções urbanas. Só que agora a rebelião das massas se espalha por todos os continentes e responde a distintas motivações. No Brasil, depois de uma campanha eleitoral cheia de contratempos e dissonâncias ideológicas tomou posse um governo conservador, sem, contudo ter, ainda apresentado resultados concretos na retomada do crescimento e do emprego. Repito o que disse há um ano: “ Na verdade, ainda vivemos a incógnita de uma crise sem precedentes que nos remete ao passado. O futuro é incerto. Mas sobreviveremos.”

O “advento”, enfim, é o período, na tradição cristã,  de quatro semanas, que antecede o Natal. Inicia-se no primeiro domingo deste interregno e vai até o dia 25 de dezembro. Trata-se de um período de reflexão e espera, na expectativa da “Boa Nova”, como mensagem de paz e amor a todos os homens, sem distinções. É um momento de preparação para a reunificação das famílias, de todos os povos do mundo, sem rancores , sem preconceitos, sem outro sentimento que aquele ocupado pelo Amor.  A grande ceia da noite de Natal não é, senão, um artifício para a celebração  da concórdia entre todos nós. É a confirmação do laço afetivo  que sela  o ponto final de uma peregrinação que mobiliza  passos ao longo de milhares de quilômetros  em direção ao encontro natalino. -“Para onde voltamos sempre? , indagava um famoso filósofo: Para casa”.   É em casa, no amplexo familiar, que renovamos as energias para enfrentar as adversidades de um ano novo que  se anuncia na fatia dos tempos. Um ritual,  mas que contribui para quebrar a corrida do cotidiano. É em casa, enfim,  que a dor dói menos e a alegria se alegra ainda mais.

Aproveitemos, pois, o Advento, para  meditar sobre o  Brasil que queremos: Tolerante, pluri-cultural, multi-étnico, democrático, laico: A Boa Nova, que sendo em Cristo, pelo proselitismo de São Paulo, converteu-se na primeira  consigna universal da espécie humana. Somos todos irmãos.

Vivemos, por certo , momentos difíceis de nossa História.  As esperanças de um mundo melhor parecem soterradas na multiplicação sem par da miséria, resultado da extrema concentração da riqueza, na destruição do Planeta, na disseminação do vício e confrontos religiosos, étnicos e políticos e, por último, mas não menos importante, na depressão, esta epidemia irrecorrível do século XXI.

O Advento contribui para reforçar a resistência no  bom caminho da virtude. O homem, enfim, é o começo e o fim de tudo. Ainda há tempo, mas há que refletir. Pensar com coragem.. E não apenas só por orações ou, o que é pior: compras de Natal…  “ Falar e agir”, que eram, para os antigos gregos, os requisitos do heroísmo. . Em todo caso, oremos com os poetas neste belo Poema atribuído erroneamente a Mário Quintana mas de autoria de Maria Beatriz Marinho dos Anjos:

 

O Laço e o Abraço

 

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço…

Uma fita dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e

pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo

cercado de braço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?

Vai escorregando…

Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

E saem as duas partes, iguais meus pedaços de fita, sem

perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso…

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!




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