O DIA DA CRIANÇA… O QUE FESTEJAR ? O QUE LAMENTAR?

Um bom momento para uma reflexão sobre quantas são nossas crianças e adolescentes, o que pensam, fazem e onde se situam, o que lhes temos oferecido e o que devemos lamentar quanto à eles. A pauta é grande demais para caber nesta modesta coluna. Registremos, contudo alguns pontos importantes.

13 de outubro de 2021

No último 12 de outubro, celebramos o Dia da Criança, criado por Arthur Bernardes em 1924. Uma das datas mais antigas de nosso calendário de celebrações. Um bom momento para uma reflexão sobre quantas são nossas crianças e adolescentes, o que pensam, fazem e onde se situam, o que lhes temos oferecido e o que devemos lamentar quanto à eles. A pauta é grande demais para caber nesta modesta coluna. Registremos, contudo alguns pontos importantes.

Comecemos pelo começo: Crianças e adolescentes no Brasil ainda se constituem num  grupo  numeroso, embora não majoritário da população. Mas, segundo informações da década passada, são  três vezes, aproximadamente, o número de idosos. Ainda vivemos, pois,  uma situação dita de “bônus” demográfico pois não estamos no umbral do envelhecimento como muitas vezes uma visão superficial anuncia. O número de crianças até 12 anos  ainda é bem superior ao de adolescentes e 60 milhões têm menos de 18 anos de idade Veja-se:

 

                  

  População total residente por faixa etária segundo as grandes regiões – 2010.

(http://www.insa.gov.br/censosab/index.php?option=com_content&view=article&id=101&Itemid=100)

 

Como andam, então, nossas crianças e adolescentes?

Em termos gerais, o Brasil vinha cumprindo, nos últimos governos, as exigências das Nações Unidas quanto à proteção e assistência aos jovens. Importante passo foi a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente e criação dos Conselhos Tutelares profissionalizadas em cada cidade. .   Ainda assim, são graves os problemas que os afetam, verificando-se grande parte deles ,sobretudo, entre os negros e os mais pobres, os quais  padecem do mínimo de apoio para o ingresso numa ordem social competitiva. Milhões fora da escola e sem cuidados mínimos para seu desenvolvimento. Quanto aos jovens infratores, recente Relatório do Ministério Público revelou a precária situação a que são submetidos.

O respeito às crianças e adolescentes evoluiu muito, à luz da Ciência e da Políticas Públicas nas últimas décadas. As agressões físicas são radicalmente condenadas. As surras provocam traumas psicológicos graves, como diminuem o QI das crianças… Os constrangimentos morais, com a segregação absoluta das crianças do meio social , também atenuaram. E as oportunidades de educação, lazer e recreação foram sensivelmente incrementadas. Há situações porém, ainda carentes de maior atenção. As crianças têm sido objeto preferencial de campanhas publicitárias, destinadas a estimulá-las a interferir junto aos país no sentido do hiper-consumismo e cada vez se comprova que são as vítimas principais dos excessos das Redes.  As campanhas afetam hábitos alimentares, sujeitando as crianças à preferência por produtos industrializados de elevado teor calórico, com o que tem se alastrado a obesidade entre as crianças e as Redes, segunda recente denúncia de uma ex-Diretora do Face induzem a traumas.

Outro problema é o do confinamento das crianças em ambientes fechados, em decorrência da proliferação de habitações verticais nas grandes cidades, agravado pelos problemas de segurança, principalmente nas periferias. . O computador , nestes casos, reforça o confinamento retirando as crianças dos jogos de rua e da sociabilidade. Esta questão agravou-se sobremaneira depois da pandemia vindo a diminuir a resistência natural à várias enfermidades no retorno à normalidade.

No tocante aos adolescentes, vivem eles, que chegam a perto de 15 milhões, a tragédia de uma geração “ ném-ném-ném. Nem estudam, nem trabalham, nem encontram espaços adequados de lazer e recreação, ficando nas ruas à mercê do risco das drogas e da violência.. De cada dez desses jovens 4 apenas completam o ensino médio e se candidatam ao nível superior, fazendo com que a participação dos jovens entre 18-25 na Universidade atinja 51,3%, um nível baixo comparado com a Coréia. Não existe nenhum Programa de transferência de renda, tipo bolsa, como estímulo que estes jovens continuem estudando.

Ainda há, portanto, muito à fazer, no Brasil, pelos jovens. Abaixo dos sete anos de idade ainda são precárias as ofertas de educação.. Entre os sete e 12 relevam as carências na qualidade do ensino, de forma a que os capacite aos níveis superiores de formação, evitando, ao mesmo tempo o absenteísmo que leva à evasão. Entre os 12 e 18 anos a preocupação maior deverá se concentrar na recuperação destes jovens para a Escola. A educação, porém, é apenas um dos elementos da Política Governamental de proteção e valorização das crianças e adolescentes. Saúde, acesso à Cultura, Lazer e Recreação, Desenvolvimento deverão, doravante, se constituir em novas Agendas das Prefeituras. Fala-se, por exemplo, que destino dar á Rodoviária? Por que não transformá-la num Centro de Acolhimento Juvenil?

Às vésperas de eleições gerais nunca é demais indagar o que os candidatos  têm a dizer sobre isto? O futuro agradeceria…

 

 




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