O LEGADO DE RICARDO BOECHAT

"O dia 11 de fevereiro ficará marcado no jornalismo brasileiro como um dia de luto memorável, em virtude da morte de Ricardo Boechat, aos 66 anos, vítima de acidente com helicóptero. Lenda em vida, Boechat dela se despede coroado de glórias profissionais" (por professor Paulo Timm).

15 de fevereiro de 2019

O dia 11 de fevereiro ficará marcado no jornalismo brasileiro como um dia de luto memorável, em virtude da morte de Ricardo Boechat, aos 66 anos, vítima de acidente com helicóptero. Lenda em vida, Boechat dela se despede coroado de glórias profissionais. Foi o melhor profissional de imprensa das últimas décadas e, certamente, o mais conhecido e respeitado nacionalmente pela fé pública que conferia ao público (em geral). Seu programa diário, as 7.30 da manhã, na BANDNEWS, com linguagem franca e direta,  era ouvido por mais de 20 milhões de brasileiros. Percorreu todas as modalidades da imprensa, grandes jornais, redes de televisão e rádio, caracterizando-se, no início da carreira, ao lado do cronista social Ibrahim Sued, por ter dado à esta coluna, sempre vista como de vaidosas superficialidades,  a dignidade dos grandes temas. Daí, talvez, tenha retirado o elegante senso de humor, acentuado pelo sorriso largo, pontuado por insinuantes olhos claros,  que lhe acompanhou até o fim da vida. Foi um gentleman do jornalismo, sempre impecavelmente trajado ao velho e bom estilo do terno e gravata. Em todas as modalidades como profissional da imprensa foi um craque, recebendo dos colegas com que trabalhou o reconhecimentos como um homem de grande coração e boas maneiras, aos quais não faltou a firmeza para criticar poderosas figuras de República. Profundamente humano, recolheu, apesar disso, algumas inimizades e um certo ressentimento das esquerdas pelo seu apoio à Lavajato. Era, afinal, um homem de centro, que acreditava no império da lei. Não lhe faltaram, também,  alguns poucos tropeços, que soube superar. Do surto depressivo voltou com o desprendimento de falar abertamente sobre o colapso.  Recebeu o Prêmio Esso por sua reportagem sobre a corrupção e contrabando no porto do Rio de Janeiros e inúmeras outras distinções no campo do jornalismo. Ricardo Boechat foi um exemplo de como um bom e corajoso profissional consegue se colocar acima da linha de pobreza da Grande Mídia. O velho desafio: Não se trata de ser diferente, mas de fazer a diferença. ELE FEZ. Perda lamentável. Foi-se o repórter, mas fica um respeitável legado.

A importância de Boechat não se mede, apenas, pelo número de ouvintes que alcançava e que se expressou pela comoção diante de sua morte. Ele já é mencionado em mais de 300 estudos acadêmicos no país, sendo que só no Rio Grande do Sul 13 teses de mestrado e doutorado a ele se referem.

Organização fundada em 1962, que representa 3,6 mil emissoras privadas de rádio e televisão no país, a Associação Brasileira de Emissoras de  Radios e Televisão – ABERT – , ao lado de diversas redes de comunicação do país, autoridades e lideranças nacionais, emitiu esta nota de pesar.

 

 

NOTA DE PESAR – Ricardo Boechat

Escrito por Tainá Farfan

 

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) lamenta, com profundo pesar, a morte do jornalista Ricardo Boechat, ocorrida nesta segunda-feira (11), em São Paulo (SP).

Dono de um estilo inconfundível, Boechat honrou a profissão de jornalista, exercida com ética e compromisso com a verdade dos fatos.

Sempre preocupado em levar informação e opinião à sociedade, missão que cumpriu com maestria, Boechat deixa uma lacuna no jornalismo brasileiro.

Sua habilidade em se comunicar com o público é um legado que fica para a história da comunicação do país.

Neste momento de luto para a radiodifusão brasileira, a ABERT presta solidariedade aos familiares, companheiros da BAND, amigos e colegas de trabalho.

 

Paulo Tonet Camargo – Presidente

  




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