O que há por trás das belas fantasias de carnaval que usam penas de aves?

"Não fazer parte da exploração animal é fácil, basta nos colocarmos no lugar deles e imaginarmos o que sentiríamos" (Renata Fortes)

FOTO: Avestruz explorado para extração de penas
1 de março de 2019
Por Renata Fortes Advogada da ATPA

 

Madrinhas de bateria e foliões encantam com o glamour das fantasias que exibem penas de faisão, avestruz, ganso e pavão na festa mais esperada do Brasil, o carnaval. Por trás de tanta beleza há o lamentável sofrimento das aves para extração de suas penas. De cabeça para baixo os animais se debatem desesperadamente enquanto suas penas são arrancadas. Isso é necessário? Por que não usam penas artificiais?

Por certo, esta prática além de desnecessária é ilegal. A nossa Constituição Federal proíbe atos que submetam os animais à crueldade, no art. 225, VII, e a Lei Federal 9.605/98 considera crime maltratar, abusar, ferir e mutilar animais em seu artigo 32. Após a extração das penas os animais ficam expostos a infecções e queimaduras de sol. O processo é feito com o animal vivo para “melhor qualidade do produto (as penas)” e para que o animal continue “produzindo” penas para serem vendidas. Acredito que a dor seja similar ao se arrancar os cabelos de uma pessoa, inimaginável!

Outra prática que está crescendo é o chamado “Selfies Safáris”, onde animais selvagens são mantidos em cativeiro para que os turistas façam selfies. Em 2018, durante seis meses a ong internacional Word Animal Protection investigou esta prática na Amazônia, e encontrou uma realidade de abuso contra a nossa fauna selvagem. Jacarés com a boca fechada por tiras de borracha, cobras sendo apertadas pelo pescoço, araras sendo provocadas para que gritassem e até um boto-cor-de-rosa cercado de turistas dentro de um tanque.

 

FOTO: Boto-cor-de-rosa cercado de turistas dentro de um tanque.

 

Percebam que não estamos falando de animais domésticos que poderiam suportar melhor o assédio, mas de animais selvagens, de vida livre na natureza que acabam capturados para apenas satisfazerem o desejo momentâneo de uma imagem a ser publicada no facebook ou instagram.

Além da exploração ilegal dos animais, há o risco à saúde deles e dos turistas que mantém contato direto com a fauna silvestre sem que o governo federal tenha o controle das zoonoses (doenças que podem passar do animal ao ser humano e vice-versa).

Não fazer parte da exploração animal é fácil, basta nos colocarmos no lugar deles e imaginarmos o que sentiríamos, já que são sencientes como nós, ou seja, possuem a capacidade de sentir emoções como medo, tristeza, alegria e sensações como frio, fome, dor.

Neste carnaval, se posicione e diga não ao sofrimento animal. A beleza dos animais é deles e não nossa!

 

Coração Animal, facebook/atpa94




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