A Operação Lava Jato, iniciada por uma investigação policial banal num Lava Jato no Paraná, em 2014, prometia a redenção política no país, com denúncias e prisões de grandes empresários, políticos e gestores públicos corruptos, acabou mal. A Operação propriamente dita foi cancelada pelo Procurador Geral da República no Governo passado e agora vive seu segundo fim, com o afastamento de dois desembargadores do TRF4, de Porto Alegre, juízes federais – suspenso pelo Conselho Nacional de Justiça – e julgamento pelo mesmo Conselho do ex Juiz Sérgio Moro, eleito senador em 2022 no bojo da popularidade que granjeou no comando da Operação.
A Lava Jato evidenciou, claro, inúmeros malfeitos na Administração Federal, trazendo como principal consequência política a prisão de Lula e seu afastamento do pleito de 2018, que acabou trazendo à tona um inédito surto de extrema direita no país, animado por um deputado federal, até então pouco notado no vasto mundo do Centrão que predomina na Câmara dos Deputados, hoje aninhado no PL e proibido de se candidatar. O próprio Juiz Moro e seu principal apoio no Ministério Público, Deltan Dallagnoll acompanharam e se beneficiaram deste processo saltando do anonimato para a eleição como Senador e Deputado Federal, respectivamente. Acabaram-se banhando-se no rio da Política que tanto criminalizaram.
No curso dos acontecimentos, porém, foram se constatando vícios processuais na Lava Jato, conhecidos como Vaza Jato, acarretando anulação de muitas de suas decisões. Lula, inclusive, teve sentença anulada, voltou à vida pública e se reelegeu Presidente pela terceira vez. Agora, além destes vícios, como por exemplo o conluio do Juiz Moro com Procuradores, emergem denúncias de má conduta administrativa de juízes, tanto no comando da Operação, como no Tribunal Regional Federal. Tudo muito grave, mas que demonstra um amadurecimento institucional do país na tentativa de evitar manipulação político-ideológica pela Justiça. A gravação e reprodução nestes dias de uma audiência de Lula quando inquirido pela Juíza Hardt, demonstra, à exaustão, o estilo arrogante e autoritário da Juíza, visivelmente condicionado por preconceitos diante do acusado.
O caso da Lava Jato, enfim, nos conduz à conclusão de que Política se faz pela Política, pelos Políticos e obedecendo aos ritos da Lei. Espada e Toga já fizeram época em nossa país como condutores de nossos destinos. Agora vivemos um outro momento republicano, em que aos sobressaltos de salvadores da Pátria sobrepõem-se as Instituições de Estado. Verdade também, que as situações extraordinárias vividas pela transição exigiram protagonistas e medidas igualmente extraordinárias, as quais, asseguraram, felizmente a salvaguarda da Lei. Espera-se, com o tempo, que a vida pública volta o operar pelo seu curso normal… Nosso sistema político, viciado pelo colonialismo, pelo “bico de pena”, pelo CORONELISMO, ENXADA E VOTO, hoje urbano, necessita, sim, de reformas profundas, mas espera-se que elas sobrevenham não de golpes à democracia, mas pelo seu aperfeiçoamento. Tudo começa pela base, ou seja, pela eleição de vereadores e prefeitos nos mais distantes rincões do país comprometidos com o interesse público.
Estamos, aliás, às vésperas de eleições municipais. Tempo de reflexão para a escolha do que pode ser melhor, não só para nossa cidade, mas para a formação de lideranças que poderão, amanhã, dirigir o Estado e o País. A lua, enfim, veste o mar; o mar recobre nossas costas e recebe dos rios que para ele correm as preciosas águas que nos mantêm vivos. São as urnas que irrigam a democracia. Delas dependemos para mantermos a liberdade. Assim seja!