Os rios sempre voltam ao seu leito e quando se encontram tomam o nome daquele que tem o talvegue mais profundo.
Na quarta-feira (17), o país viveu um momento particular entre seu passado e o futuro. O discurso messiânico de confronto de Deltan Dallagnol, que teve seu mandato de deputado federal cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral, com as instituições, ressoando um passado que nos levou à polarização, atravessou o renascimento do consenso que aprovava por 367 votos, no Plenário da CÂMARA DOS DEPUTADOS, a urgência do novo marco fiscal para o país. O tom ressentido e histriônico de Deltan, misturando a Bíblia com a Constituição, reverberou o discurso de ódio que quase nos levou a um golpe de Estado na transição de Bolsonaro para Lula III. Nunca se deve esquecer que ele e seu parceiro na Lavajato, Sergio Moro, corpos estranhos no Parlamento, tudo fizeram para apoiar a alternativa Bolsonaro entre 2018 e 2022, cujo balanço deixou 700 mil mortos na pandemia, a destruição sem precedentes da Amazônia e a marginalização do Brasil do concerto internacional. Deltan está só e deixa como rastro, a prova inequívoca de que é um homem dominado por emoções que lhe tolhem a capacidade de usar a razão com mais imaginação e temperança. Um ideólogo. Pior: Fanático e autocentrado. Enquanto isso, o Plenário da Câmara apontava para a tentativa de substituir o Teto de Gastos, aprovado à socapa pelo Presidente Temer, por uma alternativa mais flexível e capaz de articular a complexa trama do equilíbrio fiscal com as tarefas de recuperação da economia, do emprego e da renda dos brasileiros. Ali, futuro, com um mínimo de consenso entre os Poderes Executivo e Legislativo, com o Judiciário como árbitro, responsável em última instância pelo protagonismo dos interlocutores.
Os 122 votos contra o Arcabouço Fiscal ecoaram no Plenário o discurso de Deltan, ambos carregados de adjetivos que, em nome da liberdade e da democracia, não fizeram, senão feri-la no 8 de janeiro. Sempre quiseram o retorno saudosista do Brasil ao regime de exceção. Levaram, aliás, de roldão, naquela barbárie, com o apoio de maus agentes de segurança, uma multidão de incautos brasileiros ao pior atentado às instituições desde o regime militar, para o qual, a propósito, clamavam por retorno. Lembremo-nos da faixa levantada na ocasião: INTERVENÇÃO MILITAR. Hoje, centenas deles estão presos e quase um milhar já indiciados como réus por crime contra o patrimônio público e atentado à democracia. Houve, ontem, dia 17 de maio do ano da graça de 2023, portanto, em Brasília, no prédio do Congresso Nacional um confronto importante entre os que insistem e impulsionar o ódio, levando país à polaridade política e os que querem superar este impasse e retomar a reconstrução do país com o fortalecimento de um centro democrático. Não se trata, na verdade, de direita contra esquerda, a não ser no sentido simbólico que esta caracterização toma ao longo da História entre os que reagem ao seu curso, até com virulência emocional, factual e armada, tornando-se reacionários, e os que a promovem amparados no diálogo com a Nação. Venceram os últimos.
Os rios, enfim, voltam ao seu curso depois da tempestade. O Brasil caminha para a paz e prosperidade e temos a satisfação de ouvir de um Comandante do Exército Brasileiro, instado por pares da Reserva a intervir em favor de um tenente coronel preso, que dita prisão obedeceu às exigências da Lei e que esta Força de Estado atua de acordo com a Constituição e obediência à Justiça. Volto a ter orgulho de ter frequentado a Escola de Cadetes de Porto Alegre onde fiz amigos, muitos oficiais, à vida. Amém!