O 32º Festival de Balonismo que aconteceu por mais de 10 dias aqui em Torres deixou a cidade com aspecto de temporada de Veraneio, mesmo sendo no meio do outono. Foram hotéis lotados, residências alugadas, restaurantes com clientela e comércio sendo visitado como em poucas edições ocorreram. E por o dobro de dias. Parabéns a nós!
Na política de Torres, no entanto, opiniões diversas dividiram vereadores. Alguns poucos elogiaram o evento como um todo; a maioria elogiou o Festival, mas alertando que mudanças deveriam ser feitas na próxima edição em relação à cobrança de ingresso (não cobrança) e sobre a participação maior dos comerciantes de gastronomia de Torres dentro do elenco de operadores dentro do parque, para estes um problema da edição que, ao contrário, optou por contratação de comerciantes de fora da cidade, por opção ( de custo ou de qualidade) da empresa que foi terceirizada para operar a edição no lugar da prefeitura pela primeira vez (terceirização). Inclusive, estes mesmos vereadores (na maioria da base aliada do governo Carlos) disserem que estas mudanças estariam sendo assumidas pelo próprio secretário de Turismo Fernando Nery, como avaliações de pontos que deveriam ser repensados para a edição de 2023.
O que a coluna lembra – após 16 anos de acompanhamento dos festivais em Torres – é que, sistematicamente, ano após ano, a oposição dos políticos na cidade critica os CUSTOS da prefeitura para realizar os festivais. O discurso sempre foi de a municipalidade gastar muito em promoção de gastos para oferecer conforto e segurança no parque, além de gastar em contratação dos caros shows e de contratação de serviços para operar a realização. Até o Ministério Público da Comarca certa vez oficiou a prefeitura sobre o que conceituou de “excessos em gastos com entretenimento” que estariam sendo optados no lugar das necessidades básicas da comunidade no sistema de Saúde e infraestrutura demandados, por exemplo.
BALONISMO E COFRES PÚBLICOS II
A terceirização da realização do evento como foi feito neste ano pela prefeitura de Torres é o caminho mais saudável para avançar no sentido de DIMINUIR os gastos dos cofres públicos locais na promoção do Festival de Balonismo. Com o tempo, as edições poderão ser totalmente financiadas por uma empresa terceira, que trocará o gasto necessário na promoção do Balonismo por vendas de cotas de patrocínio, de cotas de comerciantes que pagam para estar dentro do parque e de cobrança de ingresso para a entrada e para shows. Assim, teríamos o ideal: a realização do Balonismo com competência e sucesso, mas sem ter de desembolsar milhões de reais todos os anos do orçamento.
Trata-se da saudável auto sustentabilidade, o que sugere que vários outros eventos para promover o TURISMO em Torres poderão ser criados, desde que a prefeitura crie (quase como protocolo dentro da secretaria de Turismo) a busca anual da sustentabilidade destes outros atratores, isto para saudavelmente fazer com que turistas do RS e do Brasil (e até do mundo) venham a Torres na baixa temporada (e na alta também) para aumentar o dinheiro de fora que passa a circular dentro da cidade além de aumentar os empregos temporários na baixa estação, uma das demandas da sociedade de qualquer local turístico, mas sazonal, como é a cidade de Torres.
BALONISMO E COFRES PÚBLICOS III
Os eventos de TURISMO são para FOMENTAR A ECONOMIA de Torres e não para gerar entretenimento para a comunidade. O entretenimento para as famílias locais pode estar dentro dos objetivos secundários, mas nunca dentro do foco principal.
Justamente por isso, o discurso dos críticos deveria levar em conta esta premissa ao invés de sempre criticar por criticar como tem sido em todas as edições do Balonismo. A oposição ao governo critica a prefeitura quando o evento tem pouco movimento, criticando os organizadores sobre vários aspectos. E se o Festival dá certo, a oposição critica os valores gastos pela prefeitura envolvendo várias analogias, em alguns casos sugerindo inclusive a possibilidade de ter havido improbidade no uso dos recursos dos cofres públicos. Isto ocorre sempre.
Se o governo é de um partido, os opositores se comportam assim, criticando sempre, escolhendo o lado somente depois de ver os resultados: ou seja, definem se criticam por excessos de gastos ou se criticam pela falta de público, um protocolo simples de fazer oposição por oposição. E vice versa se o governo está na mão dos oponentes da política. Até analogia de comparar gastos em gás para os balões com a falta de gás de cozinha nas famílias pobres da comunidade é feita para contextualizar criticas por críticas…
O ideal é que vereadores e partidos se posicionem. Se acharem que é saudável gastar dinheiro público em eventos em troca de movimento de Turismo; ou se acharem que o certo é a prefeitura trabalhar para fazer os eventos buscando terceirizar os custos, como iniciou a ser feito com a terceirização do Balonismo neste ano de 2022.
BALONISMO E COFRES PÚBLICOS IV
Como diz um ditado dos apoiadores do Liberalismo (como eu): “não existe almoço grátis”. Isto quer dizer que de qualquer serviço oferecido para a população de forma gratuita por governos deverá ser pago por alguma área deste mesmo governo, como é paga por qualquer ente, se público ou se privado.
No caso do Balonismo de 2022, os valores cobrados em ingressos dos visitantes do Parque para o caixa da empresa terceirizada foi abatido do custo que a prefeitura teve de pagar para a mesma terceirizada, porque “não existe almoço grátis” como me referi anteriormente.
Se no ano que vem a prefeitura decidir que irá contratar a empresa operadora sob a exigência que não se cobre ingresso para entrar no parque, ela terá duas reações imediatas do mercado: 1 – ou aumenta o custo aos cofres públicos; 2- ou vai cobrar esta receita prevista de outra atividade do festival, como, por exemplo, dos Shows. E aí a comunidade vai mais uma vez reclamar que os shows estão sendo caros, como já aconteceu em outras edições, ou não?
Alternativa também é de a prefeitura buscar patrocinadores institucionais para o Balonismo, como em edições anteriores foi feito junto a Estatais gaúchas como Corsan. Mas a moda agora é justamente o contrário: estatais estão sendo saudavelmente criticadas por patrocinar eventos mesmo quando dão prejuízo. Mesmo assim, acho eu humildemente que as prefeituras não foram formatadas para fazerem contratos comerciais de patrocínio. E as leis de improbidade administrativa burocratizam e até inviabilizam muitas parcerias neste sentido.
Portanto, a terceirização do evento como um todo é o caminho mais saudável. Quem paga o almoço – que nunca é grátis – deve ser buscado entre entes privados. A prefeitura troca o custo pela possibilidade de lucro de quem contrata a terceirização.