OPINIÃO – CORPORATIVISMO GANHA ELEIÇÃO

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

Escultura "A Justiça" em frente ao STF, Praça dos Três Poderes, Brasilia, DF, Brasil.
9 de outubro de 2022
Por Fausto Júnior

Pelo desenho que foi registrado no 1º turno da eleição para Presidente, o páreo do 2º turno parece sinalizar que será apertado –  com diferenças pequenas para mais ou para menos de ambos os lados.

As forças de ambas as campanhas, de Bolsonaro e de Lula, mostram que a opinião está formada na metade do eleitorado, mas que na outra metade ainda está pendente. Minha opinião é de que cada lado tem cerca de 30% de eleitores fiel, os outros 60% têm tendências para um ou para outro, são votantes não tão decididos que devem migrar para um ou para outro lado – além dos votantes em branco no 1º turno, ou que anularam voto ou que simplesmente não compareceram no pleito, mas que podem voltar atrás e comparecer.

A situação ECONÔMICA das famílias brasileiras piorou desde 2014, com uma crise maior em 2015, e passou a se recuperar aos poucos a partir de 2016. A Pandemia e agora a Guerra na Europa ‘ajudaram a piorar’ ainda o processo de recuperação, mesmo este continuando a acontecer. E agora os dois lados da campanha culpam o outro pelo problema, não tendo como provar com dados qual é o verdadeiro culpado de lado algum. Por isso a eleição irá ser apertada.  E consequentemente, o pós-eleição será uma continuidade da polarização, justamente pelo fato do pleito ser apertado. Guerras de versões continuarão sendo protagonistas na mídia, o que é bom para o entendimento político da população, embora seja chato e às vezes violento.

 

NO RS, EDUARDO LEITE FICA EM UMA ENRASCADA

 

Quase que o candidato do PT Edgar Pretto ultrapassa o ex-governador Eduardo Leite no 1º Turno da eleição, consequentemente indo para o 2º turno em seu lugar. As pesquisas (que MUITAS VEZES erram – mas são as únicas que temos) davam inclusive a primeira colocação de Leite nas medições, acima do candidato Onix Lorenzoni, que acabou ficando acima do tucano com o mesmo percentual que estava abaixo…. parece que foi um estagiário novato que fez a tabulação da pesquisa (errada).

Agora o ex-governador Eduardo Leite tem um impasse: colocou-se ao lado de Bolsonaro na eleição de 2018, mesmo dizendo que discordava de algumas posturas de seu candidato à época, e agora a lógica indica que ele deva apoiar o PT de Lula (e seu passado policial) se o PSDB do RS quiser ser pragmático na busca da vitória no segundo turno.

Leite leva o MDB gaúcho como vice na chapa –  através do ex-presidente da Assembleia Legislativa gaúcha Gabriel Souza (que não renovou seu mandato na AL para ocupar esta chapa).  MDB que é um arquirrival do PT no Estado, tanto ideologicamente quanto por conta de embates pretéritos.

Por um lado acho que o fato de a metade do MDB no Brasil (Nordeste) apoiar Lula, o dado pode ser uma justificativa para a campanha de Eduardo Leite apoiar o PT para a presidência neste 2º turno. Por outro lado, o histórico do MDB gaúcho de ir contra o PT pode pesar para a decisão contrária.  No entanto, acho que a campanha de Eduardo Leite vai liberar o voto quando chegar à conclusão que a esquerda vai ir com ele de qualquer forma, porque a candidatura de Onix é o oposto: de direita mais radical (pelo menos no discurso do PT).

Mas se Onix Lorenzoni sinalizar para criticar a falta de recuperação salarial do funcionalismo público dos setores da Educação e da Segurança Pública do RS, os esquerdistas podem derrapar para Onix por conta da repugnância que estes têm pela política de congelamento salarial de alguns setores optada pelo governo Leite – inclusive com campanhas na mídia com este teor. E esta estratégia recebe apoio de sindicatos como o Cpergs, por exemplo, além das corporações de segurança civil: BM e Polícia. O Corporativismo estatal pode passar para a Direita neste caso.

 

CORPORATIVISMO GANHA ELEIÇÃO

 

Estamos assistindo – nas eleições em todo o Brasil de uma forma clara – o verdadeiro impacto do excesso de tamanho do Estado brasileiro como um todo na decisão política chamada de “democrática”. Não é porque o presidente Bolsonaro fala de forma arrogante (às vezes parecendo violenta) que sua oposição o demoniza; não é porque o governo teria sido omisso na pandemia, mesmo quando os números do Brasil de vacinação não confirmem esta afirmação da campanha concorrente do presidente atual. Creio que o que pega desde sempre para os rebeldes é a atitude de governos conservadores em desmontar castelos formados pelo corporativismo estatal. É o caminho da privatização, da diminuição de ministérios, na diminuição de repartições públicas em geral e, enfim, a DIMUINUIÇÃO NA DEPENDÊNCIA DO ESTADO DO POVO, que penso implementada por este governo atual do Brasil.

 

CORPORATIVISMO GANHA ELEIÇÃO II

 

Um sindicato onde existem centenas de empregados contratados por apadrinhamento e que ganham salários de marajás não vai apoiar um governo que retira a obrigatoriedade do pagamento de taxas sindicais pelos profissionais ligados aos mesmos sindicatos, ou vai gostar? Um artista que montava produções milionárias e viabilizava as mesmas através da falta de limite da Lei Ruanet e que atualmente não consegue sustentar seus luxos como antes, para continuarem comprando mansões, apartamentos em Paris, etc., não vai apoiar um governo que retirou esta mamata da lei, limitando em R$ 1 milhão os projetos subsidiados. Nem uma empresa que fazia malabarismos contábeis pouco republicanos para abater 100% de sua aplicação na lei (quando a regra é de metade e metade) gosta da brincadeirinha de perder a chance de colocar sua marca em produções superfaturadas sem pagar nada como fez o atual governo no Brasil, pois tudo é somente desviado do IR para a Lei Ruanet, ou seja: propaganda grátis. Ou gostou?

Os funcionários das secretarias de fazenda em todo o Brasil não vão apoiar um governo que quer retirar a maioria dos impostos de sua grade fiscal para desburocratizar o sistema além de baratear com o tempo o peso dos tributos nas pessoas jurídicas nacionais.   Onde vão trabalhar os milhares de fiscais tributários que recebem em muitos casos salários que passam dos R$ 40 mil/mês, no sistema nacional e nos sistemas estaduais? Estes servidores não vão apoiar um governo que sinaliza esta realidade de cortes de tributos e a consequente corte de funções no Estado, ou vão?

Uma TV que recebe verbas faraônicas de governos grandes não vai querer trocar este governo por outro que paga pouco ou quase nada de verbas de mídia. Tem casos de risco de falência por conta destas mudanças abruptas.

 

CORPORATIVISMO GANHA ELEIÇÃO III

 

São legítimas e demandam respeito de todos às opções ideológicas plurais de todos os lados: De comunistas radicais, passando por socialistas democráticos, por liberais conservadores e liberais radicais. O certo seria as pessoas defenderem com unhas e dentes suas visões de mundo, como defender o Estado grande, burocrático, pagador de salários altos e acima da média salarial da nação, como acontece no Brasil. Mas parece que quem defende isto não tem coragem de dizer. Os corporativistas estatais (que já trabalham para o sistema em qualquer poder – executivo, legislativo e judiciário) preferem se aliar a campanhas que prometem (em off) NÃO DESMONTAR OS CASTELOS existentes, mas que nas campanhas e nos programas de governo não dizem isto. Preferem gerar medo nos eleitores sobre perdas que estes podem ter com tal governo opositor, preferem apoiar programas de repasses diretos de dinheiro à cidadãos como uma espécie de compra de voto legalizada, preferem desqualificar as pessoas que formam o governo que quer desmontar os castelos, demonizar os feitos da concorrência e etc.

 

CORPORATIVISMO GANHA ELEIÇÃO IV

 

O eleitor desavisado (que é maioria da população, na minha opinião) fica perdido e com razão. Estas jogadas de retóricas e discursos pesados não permitem que os verdadeiros donos do futuro de sua nação – os eleitores – saibam bem o que fazer. A influencia do corporativismo Estatal no processo, em ambos os lados das campanhas acaba confundindo a tudo e a todos. E o que está no fundo influenciando são os altos salários e verbas de representação do poder legislativo; os altos salários e verbas de representações do poder judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, Defensorias Públicas, os altos salários de alguns setores do funcionalismo público que percebem mensalmente subsídios muito maiores do que colegas de nação que fazem a mesma coisa na iniciativa privada, além de setores, também do funcionalismo público, que temem saírem do mapa das funções em futuras modificações orgânicas de governos que querem diminuir o tamanho do Estado da vida das pessoas, o chamado no mundo de ESTABLISHMENT.

 




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