OPINIÃO – Entre acontecimentos, política e intolerância Religiosa

Três queixas de intolerância religiosa por dia foram registradas  em 2022.Em 2 anos: crimes em razão da religião cresceram 45% no Brasil

25 de fevereiro de 2023

 Muitos assuntos dominaram a semana. No fim de semana, caiu a ponte pênsil sobre o Rio Mampituba. Uma vítima fatal. Cerca de 60 foliões com uma história para contar para os netos. Provável causa, já acusada pela Política Técnica do Rio Grande do Sul: os cabos de aço estavam corroídos. Mais dia, menos dia vinham abaixo. Espera-se do Ministério Público as devidas providências.

A incúria das autoridades municipais também foi a causa das muitas mortes no litoral paulistas. Ministério Público já vinha ajuizando ações que determinavam ações de Administrações Municipais da região, jamais tomadas. Consta, nas análises de vários jornalistas nacionais que um dos problemas nas cidades balneário da costa brasileira, sobretudo ao longo da devastada Serra do Mar é o domínio da Política local por especuladores imobiliários. Só veem diante si prédios monumentais dedicados aos segmentos privilegiados da sociedade. Aos pobres, as encostas, os mangues, a periferia, como está aqui ao lado, em Capão, denominada Faixa de Gaza.

Mas o perigo também cercou há um ano a pacata população de um belo país, a Ucrânia. De uma hora para outra seu país foi transformado em marisco, entre o Mar Oceano sobre o qual singra o Ocidente há 500 anos, hoje sob hegemonia americana, e o Rochedo, representado por um conjunto da países orientais empenhados em deslocar o eixo da economia mundial para a Rota da Seda, onde pontifica a potência chinesa, articulada à Rússia, ao Irã e Síria, e também vários países asiáticos, africanos e latino-americanos. Pobre povo ucraniano, condenado ao exílio, à exposição a mísseis ultrassônicos russos, a frente de batalha na qual calcula-se que podem ter morrido mais de 50mil. Mundo torpe esse que vivemos. Uma ponte que cai aqui, uma encosta que vem abaixo acolá, uma guerra que eclode lá longe, mas que pode se transformar no estopim do holocausto nuclear.

Por aqui, no Brasil, vamos vivendo uma certa estabilização de moderado otimismo em todos os campos. O que mais exulta é a cultura, certa de que sob o governo Lula merecerá redobradas atenção. Marcados pelo governo anterior como vagabundos, comunistas e outras acusações, sob o signo de serem produtores e seguidores de um certo “marxismo cultural”, revivem o eldorado de novos tempos. O segmento social até dois salários-mínimos, principal apoiador de Lula, também está contente com as primeiras medidas que apontam para uma certa recuperação do mínimo e para a isenção de Imposto de Renda nesta faixa. A retomado do Minha Casa, Minha Vida é também para eles, um alento.

Mas há outros problemas se acumulando no horizonte. Um deles é o crescimento das confissões neopentecostais intoxicadas, via agenda de costumes, com a extrema direita e seus métodos. Calcula-se que em meados da próxima década haverá mais evangélicos do que católicos no Brasil. Continuarão eles com as mesmas convicções e métodos, dentre eles a extensão da violência contra os cultos afros. Três queixas de intolerância religiosa por dia foram registradas  em 2022.Em 2 anos: crimes em razão da religião cresceram 45% no Brasil e Pesquisa revela que terreiros registram até 5 ataques nos últimos 2 anos. Entrevistas do babalorixá Adailtom Moreira e da Pesquisadora Magali à Natuza Néri, da Globonews, destacam um cenário preocupante sobre este assunto.

– Magali descreve como se construiu o “casamento entre grupos religiosos e grupos políticos” no Brasil, uma relação que se fortaleceu a partir de 2010 e culminou na eleição de Bolsonaro em 2018 e no combate ao que supostamente seria uma “cristofobia”;

– Ela explica o processo histórico no qual a “demonização” das religiões não cristãs se soma à intolerância racial para consolidar o que hoje se chama de “racismo religioso”;

– Adailton relata o crescimento dos ataques contra religiões de matriz africana nos últimos 4 anos e cobra do Estado a responsabilidade para proteger a liberdade religiosa;

– Ele conta como o racismo religioso e a violência “afetam profundamente” a todos que professam crenças de matrizes africanas: “Crianças não podem se manifestar, e isso é negar sua identidade e a sua cultura”.

Foi-se mal. Ficaram suas pegadas…




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