OPINIÃO – Frustrada tentativa de golpe na Bolívia

"A Bolívia revive um pesadelo recorrente. A tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo, naufragou. (...) Mas o ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos"

Presidente e ministros agradecem apoio popular (FOTO em: Ministerio de la Presidencia de Bolivia)
28 de junho de 2024

A Bolívia revive um pesadelo recorrente. Tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo, naufragou. O Presidente Luis Arce não se intimidou diante da soldadesca. Chamou o povo para as ruas e desceu as escadarias para enfrentar os golpistas.  Passou uma descompostura no Chefe do Exército, Juan Zúñiga, na frente dos assessores, dos soldados rasos e oficiais seguidores e o prendeu em praça pública. A União Europeia, a Organização dos Estados Americanos e o governo brasileiro repudiaram imediatamente a tentativa de golpe militar. Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O mesmo Lula já  confirmou viagem à Bolívia e apoio a Arce após a tentativa de golpe.

O Presidente Biden, depois de algum tempo, tempo a condenou. Tendo percebido, aliás, sinais de sabotagem dos Estados Unidos à sua gestão, sobretudo diante da questão do lítio, abundante no país, Arce convocou representante da Casa Branca em La Paz dias antes da tentativa de golpe. Convocando a encarregada de negócios americana, Debra Havia, para uma reunião a portas fechadas. Parece que resultou.

Milei, Presidente Argentino, calou-se. No fundo, torceu pelo sucesso do golpe. No Brasil, o deputado federal Ricardo Salles, bolsonarista de carteirinha, ‘ex-Sinistro’ do Meio Ambiente notabilizado pelo estímulo ao estouro da boiada na Amazônia, até regozijou-se com  o golpe. Agora, certamente, terá que se explicar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados…

Afinal, as tropas recuaram, o que sinalizou o fracasso do movimento antidemocrático.

A Bolívia conheceu inúmeros golpes na sua vida republicana. Ganhou alguma tranquilidade e prosperidade depois da vitória de um líder indígena: Evo Morales. Justifica-se: Grande parte da população boliviana é indígena ou mantém estreitos laços com as comunidades indígenas. Nada mais justo do que um de seus líderes governe o país. Quando saiu do Governo, acossado pela direita, houve nova tentativa de golpe, felizmente contigo. Agora, tendo a frente do Governo um de seus seguidores, o golpismo ressurge no país Andino.

Um dos problemas da Bolívia é sua divisão entre o altiplano, majoritariamente indígena e a planície que se estende em torno de Santa Cruz de la Sierra, vizinha ao Brasil, mais ocidentalizada. Por várias vezes, esta região já tentou se separar do altiplano, sem êxito, mas continua sempre em ferrenha oposição à La Paz.

O ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos. O ex-Chanceler Celso Amorim alerta: – “Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outras”.A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado”.  Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia”.

Aqui, a lembrança do velho ditado: Quem vê as barbas do vizinho arder, põe as suas de molho… O nazi-fascismo não morreu com Hitler, em 1945. Virou um fantasma com novas roupagens sempre à espreita do ressurgimento. Mas como dizia a velha UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL – UDN, numa época em que abrigava um direita esclarecida e que  se pretendia defensora da democracia: “ O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Ó tempos!




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