OPINIÃO – NEM-NEM? 11,5 milhões de jovens brasileiros a caminho da perdição

O número de jovens entre 15 e 29 anos, no Brasil, que não trabalham nem estudam é preocupante: 11,5 milhões....Estes jovens, em princípio, deveriam estar nas escolas, preparando-se para uma inserção digna na sociedade política e na economia.

FOTO meramente ilustrativa (Crédito: Galeria de Fora do Eixo / Creative Commons)
23 de junho de 2023

O número de jovens entre 15 e 29 anos, no Brasil, que não trabalham nem estudam é preocupante: 11,5 milhões. O alarme veio de uma matéria em O ESTADO DE SÃO PAULO de 10 de junho passado – https://www.estadao.com.br/economia/celso-ming/geracao-nem-nem-e-o-futuro-perdido/ – merecedora, aliás, de aplausos. Pouco se lê na Mídia sobre estes jovens. Pergunte-se, a propósito, a qualquer Prefeito de uma cidade qualquer, se sabe o número de jovens em sua cidade nesta condição “nem-nem” e a maior parte deles nem sabe do que se trata: “Nem-nem… O que é isso…?” Façam o teste…

Estes jovens, em princípio, deveriam estar na Escola, preparando-se para uma inserção digna na sociedade política e na economia. Antigamente dizia-se que eles eram o futuro do Brasil. O futuro chegou e muitos deles ficaram para trás. Oriundos de famílias mais pobres, acabam abandonando os estudos quando chegam à adolescência em busca de auxílio à casa. No fim, nem estudam, nem trabalham.

Em países como Coreia do Sul o índice desta faixa etária na Escola é superior a 90%. No Brasil, dificilmente passa de 15%. Calculando-se, por alto, a participação deste segmento na população brasileira, na ordem de 20%, teríamos em torno de 44 milhões deles como integrantes na População Economicamente Ativa, mas praticamente fora da Força de Trabalho efetiva, de 105 milhões de brasileiros. Isso porque nem estão ocupados, nem procuram mais trabalho, cansados de bater com suas caras nas portas de possíveis empregadores.  A questão é que estes jovens acabam ficando de fora das Políticas Públicas de apoio às famílias carentes, como o Bolsa Família, pois são adultos e tomam decisões por conta própria. Governos de Estado e Prefeituras deveriam velar por eles, identificando-os, acompanhando-os em seus primeiros passos no mundo, formulando Políticas específicas para eles, como orientação especial para os diversos aspectos da vida. Administrações Municipais, entretanto, não se sentem comprometidas com esta Agenda. Custam a compreender que tanto a realidade estrutural no país, com 120 milhões ganhando até um salário-mínimo, sendo que, destes, 50 milhões vivam com meio mínimo e 20 milhões com menos de dois dólares por dia, como as mudanças tecnológicas e da comunicação social estão a exigir novas missões no campo do Emprego e da Renda. Suas Secretarias de Ação Social se limitam, mais das vezes, à gestão de programas federais como distribuição de cestas e promoção de ajuda emergencial, não raros “sopões”. A realidade, porém, exige mais. Exige conhecimento da realidade social de cada municipalidade, acompanhando de perto as populações vulneráveis como moradores de rua, jovens NEM-NEM, idosos, nutrizes e gestantes, populações indígenas e moradores de quilombos etc. … Um caminho difícil, mas cada vez mais indispensável.

Um filme colombiano – país que inaugurou a criação de Bibliotecas Parque como espaços de convivência juvenil com acesso à cultura e Internet no combate às drogas e delinquência juvenil, dirigido por Laura Mora Ortega (Matar Jesus): “Os Reis do Mundo”, em cartaz na Netflix. Conta a saga de cinco adolescentes moradores de rua em Medellín, uma das maiores cidades da Colômbia e mostra as dificuldades enfrentadas pelos meninos analfabetos, sobrevivendo como podem na marginalidade. A trama mostra o dilema que lhe ocorre quando um deles recebe um documento do governo sobre uma herança deixada por sua avó. Este fato se converte numa idealização na esperança de mudarem de vida, lembrando Belchior (1946-2017), em “Apenas um Rapaz Latino-Americano”




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