OPINIÃO – Novos ares no cenário político brasileiro

A passagem do novembro para dezembro sempre traz, no Brasil, novos ares. É o Natal se anunciando, as compras retomando novo ritmo, famílias se reencontrando e, sobretudo, o verão chegando. Tempo de distensão. Sol, mar e muita cerveja gelada.  O ano eleitoral,  fortemente carregado por acirradas disputas, vai cedendo lugar à acomodação do terreno.

Bandeira do Brasil. (Free public domain CC0 image).
2 de dezembro de 2022

A passagem do novembro para dezembro sempre traz, no Brasil, novos ares. É o Natal se anunciando, as compras retomando novo ritmo, famílias se reencontrando e, sobretudo, o verão chegando. Tempo de distensão. Sol, mar e muita cerveja gelada.  O ano eleitoral,  fortemente carregado por acirradas disputas, vai cedendo lugar à acomodação do terreno. Ainda há recalcitrantes à espera de um terceiro turno, mas, aos poucos, vão caindo na real. O Presidente, derrotado, não tem nada mais a fazer senão entregar  a faixa presidencial ao seu sucessor: dia primeiro de janeiro próximo, Lula.

Dia primeiro de janeiro de 2027, qualquer um de nós, vencedor em 2026, talvez até o próprio Bolsonaro, se souber capitalizar a seu favor, impondo-se aos novos astros de sua própria constelação.  O Brasil do ano 2022 se impôs.  Não é, enfim,  nem o Brasil de 1889, nem o de 1964, sujeito a golpes de espada. Em 1977, a propósito, o General Presidente Ernesto Geisel, assim o dispôs… Aliás, o mundo também mudou. No final do século XIX esvaíam-se os  últimos Impérios; em meados do século XX vivíamos a concorrência bélica entre duas potências nucleares; agora a geopolítica acompanha um mundo de competição e concorrência econômica, ainda que à sombra de uma “guerra híbrida”. Mudou o mundo. Mudamos nós. Uma densa sociedade civil organizada e instituições consagradas pela Lei trazem à tona novas exigências e protagonismos para a construção de nossos destinos. Os próprios militares, um pouco arredios aos compassos da Política, ora mais à esquerda, ora à direita, parecem compreender a importância de se recolherem aos quartéis. Já estão muito imbricados na nova trama  que envolve a vida brasileira, longe dos tempos em que ficavam confinados à caserna. Fazem cursos no exterior, têm filhos engenheiros, filhas pesquisadoras, netos que convivem diariamente com o Brasil de todos. Sabem que não há espaço para aventuras.

A diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está  marcada para o dia 12 de dezembro. E a posse, acompanhada de muitos shows,  tomará conta de Brasília neste dia, reinaugurando o curso normal da vida política do país. Diante disso, todos se perguntam: – Como será o Lula III, o terceiro governo do Lula. Uma coisa é certa, não há reedições na História. Tudo flui. São outros tempos lá e cá. Aqui, a principal diferença quanto ao primeiro governo Lula é que, apesar da boa âncora cambial, formada, aliás, nos anos 2000, na ordem de US $ 350 bilhões aplicados em Títulos do Governo dos Estados Unidos, que inexistiam àquela época quando andávamos às votas com o FMI, a economia interna está mais desarranjada, com uma inflação alta, dívida pública do tamanho do PIB, altos níveis de informalidade no mercado de trabalho e 33 milhões de famintos. Esta âncora é uma espécie de Poupança que pode ser acionada, eventualmente, se a crise se agravar, como impulso a um Programa de Investimentos. A situação mais crítica, porém, com raras exceções,  é interna à própria administração federal, um campo entregue a fiéis escudeiros da ideologia extremista de Bolsonaro, pouco afeito às lides burocráticas. Sempre preferiu o palanque eletrônico em busca da reeleição que acabou não conseguindo. Relatos da Equipe de Transição dão conta de verdadeiros descalabros nas áreas de cultura, educação, saúde, meio ambiente  e tecnologia. Nesta semana os grupos temáticos desta Equipe entregaram ontem os primeiros relatórios de trabalho com sugestões para mudanças nas estruturas governamentais. Tudo começa pela PEC que deverá prover o Orçamento de 2023 dos recursos para o funcionamento do país nos marcos do novo Governo.  E prosseguirá com recomposição de vários Ministérios, tanto na área econômica, como nas áreas sociais. Teremos, felizmente, de volta, o Ministério da Previdência onde uma fila de milhões aguarda decisões que afetam suas vidas. Mulheres, negros e indígenas, receberão, também, maiores cuidados. Eu estarei em Brasília no primeiro dia de governo pedindo mudanças no Estatuto do Idoso…

Na consecução deste novo perfil há um grande concurso da sociedade civil, praticamente alijada das decisões bolsonarianas, marcadas pelas preferências pessoais do Presidente. Os diversos Conselhos Nacionais congelados   deverão voltar a funcionar, dentre eles o de Desenvolvimento Econômico. Mais de 80 entidades da sociedade civil, publicaram, aliás,  uma carta intitulada “A Democracia que Queremos” com  demandas como o combate à violência contra mulheres, pessoas negras e LGBTQIA+ e o desarmamento de cidadãos. Outras 35 entidades que compõem a Articulação contra o Ultraconservadorismo na Educação lançaram uma carta com medidas emergenciais e propostas para a área educacional, destinada ao Coordenador do Núcleo de Educação da Equipe de Transição, Henrique Paim. A Confederação Nacional da Indústria está ultimando um documento exigindo a reindustrialização da economia, com base em investimentos em economia verde e alta tecnologia, apontando, talvez para a presença do Brasil na exploração espacial e mudança radical na indústria automobilística com vistas ao carro elétrico.

Agora, é esperar. Quem viver, verá. E votará novamente para Presidente em 2026. Estou pensando em me candidatar….Por que não eu…? Estarei com apenas 82 anos. Um guri.




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