Nos Estados Unidos, há uma tradição já ritual no discurso presidencial sobre o Estado da Nação, feito no início de cada ano. Nele, o Presidente apresenta a situação geral do país e suas ideias e projetos para melhorá-lo. No Reino Unidos há algo semelhante quando um emissário de Sua Mejesitade bate à porta do Poder Legislativo em sinal de respeito ao Poder que condensa, com maior legitimidade, o princípio da representação da cidadania na consecução do Pacto No Brasil, temos algo parecido, mas pouco solene e de baixo impacto, com as Mensagens Presidenciais levadas ao Legislativo no início de cada legislatura. Lembro disso a propósito da Assembleia Geral das Nações Unidas realizada anualmente, sempre aberta por um representante do Brasil, normalmente o Presidente, neste ano, com discurso eleitoral de Jair Bolsonaro. Mas vale ressaltar o forte discurso do Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres neste ano, uma espécie de Mensagem sobre o Estado do globo terrestre. Coincidiu com pronunciamento do Presidente da Rússia, no qual este eleva o tom, convoca 300 mil reservistas e ameaça fazer uso de armas nucleares na defesa de sua Nação, supostamente ameaçada pelo apoio do Ocidente à Ucrânia. Guterres adverte com severidade para os perigos contemporâneos: o mundo está em uma situação de perigo e paralisado pelas divisões geopolíticas. Com efeito, o teatro de operações da Guerra parece cada vez menos importante para o Presidente Putin, que se regozija de ter instaurado, com o conflito, uma mudança na ordem internacional. Henri Kissinger, em seu último livro confirma isso: Considera um erro a guerra que acelerou o distanciamento da China do Ocidente. Hoje ela é considerada sua inimiga sistêmica. Para Guterres, enfim, a falta de consenso global está debilitando o trabalho do Conselho de Segurança, a lei internacional, a cooperação global e a fé das pessoas nas instituições. Pedindo por coalizão, ele apresentou três prioridades para os debates: a instauração e manutenção da paz, a ação climática e a participação feminina nos lugares de liderança e a atenção aos mais vulneráveis, incluindo migrantes e refugiados.
“O secretário-geral da ONU citou as diversas situações de conflito e as catástrofes climáticas que aconteceram no último ano. Sobre a questão do clima, ele pediu que os países tenham metas mais ambiciosas, especialmente as nações mais desenvolvidas, do G20, responsáveis por grande parte das emissões de gases de efeito estufa.
Às vésperas da COP27, que acontece no Egito este ano, ele destacou três soluções que os Estados deveriam focar: investimento em energia renovável, adaptação aos choques climáticos e a resposta às perdas e danos causados pelos desastres. (…)O chefe da ONU também falou sobre a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como um caminho de resgate para superar os principais desafios.
Guterres lembrou que mesmo metas fundamentais, como acabar com a fome e garantir o acesso à educação, foram revertidas nos últimos anos, bem como os avanços na igualdade de gênero.
Por isso, o secretário-geral das Nações Unidas também pediu um estímulo para que os ODS sejam atingidos. Ele aponta quatro componentes do estímulo: a participação de bancos de desenvolvimento multilateral no financiamento dos objetivos, alívio às dívidas, aumento da liquidez e o empoderamento de fundos especializados.