OPINIÃO – O que disseram as urnas?

Encerrado o segundo turno das eleições municipais, abundam as análises sobre seu recado. A tarefa é controvertida e sujeita, naturalmente, aos interesses e visões dos que a analisam.

2 de novembro de 2024

Encerrado o segundo turno das eleições municipais, abundam as análises sobre seu recado. A tarefa é controvertida e sujeita, naturalmente, aos interesses e visões dos que a analisam. Para uns, Bolsonaro foi o grande derrotado. Para outros, Lula. Para a grande maioria, ambos perderam, e enaltecem a vitória do “Centro” neste processo, o que é matematicamente comprovado pelo número de Prefeituras conquistadas pelo PSD, MDB e União Brasil.

Mas isso não nos dá o balanço político do processo. Os partidos ditos de centro – ou centrão -, enfim, dão continuidade ao que o MDB vem cumprindo desde a redemocratização: articular interesses patrimonialistas e oferecer-se como alternativa intermediária no processo político. Como este processo abriu as comportas da reorganização partidária, a disputa política regional encarregou-se de fragmentar a “invencível” baleia herdada da luta contra o regime militar. O MDB foi pulverizado e se perfila ao lado de suas criaturas, somadas às disputadas na velha ARENA/PDS/PFL etc. como mais uma das forças de centro. O mais importante de tudo isso, porém, nestas eleições é que o grande vencedor do pleito foram as EMENDAS PARLAMENTARES que solidificaram um Pacto entre Parlamentares Federais e Prefeitos, cujo resultado será a eternização de seus mandatos, com prejuízo da renovação do Congresso e das próprias lideranças municipais. Não por acaso, mais de 80% dos Prefeitos se reelegeram. De resto, independentemente de quem Lula tenha apoiado mais firmemente, sua POLÍTICA DE FRENTE DEMOCRÁTICA para enfrentar a extrema direita foi vencedora, o que não quer dizer que ele venha a ser apoiado pelos partidos vencedores de centro. Mas se isso é ruim ou arriscado para o PT, para a “esquerda” e , talvez, para o próprio Lula, não é necessariamente ruim para a vida política do país. A Argentina jamais conseguiu isso e acabou nas mãos do Milei…Afinal, não há Política sem risco.

O fascismo ainda espreita, mostrou suas garras em várias capitais, mas foi derrotado, sendo de se registrar a vitória da esquerda, com o PT, em Fortaleza, a capital onde mais se confrontou Lula x Bolsonaro, Democracia x Fascismo. Registre-se, também, duas tendências, à “direita”: (1) abertura da disputa à extrema, vide Marçal em S.Paulo, e (2) tentativa de “normalização” rumo ao centro direita, vide Governador Tarcísio, SP.  Mas, enfim,  não era isso que os democratas queriam…? Agora é curar as feridas, tocar pra frente e ver o que se pode esperar desta difícil segunda metade de mandato de Lula.




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