A Natureza é a causadora das chuvas acima das médias que acontecem em qualquer lugar do Planeta Terra. Se elas são influenciadas por alguma ação do homem ou se são eventos cíclicos que acontecem no mundo, como os que já aconteceram em eras passadas com enchentes, cheias, aquecimento e esfriamento globais, a ciência ainda não conseguiu provar com exatidão.
As ações que devem ser feitas em cima dos eventos catastróficos, por outro lado, são muito bem enquadradas em raciocínios lógicos. E os governos municipais, estaduais e o próprio governo federal têm a obrigação de implementar estes projetos mitigatórios, se não destruindo o que foi feito de forma errada, pelo menos evitando que sejam cometidos mais erros.
Evitar urbanização e construções em beira de mananciais, por exemplo, se trata de uma medida inteligente para evitar que as residências sejam alcançadas por inundações. Manter e fiscalizar mais a destruição de matas ciliares dos rios e córregos também ajuda, tanto evitando um pouco enchentes quanto filtrando a poluição das águas que caem nos rios e lagoas.
Deixar que populações carentes se apropriem de áreas de risco para morar, sob a desculpa que se trata de uma necessidade social, portanto, me parece que cada vez mais deve ser considerado pela sociedade como prevaricação. Não dá mais para mantermos este tipo de atividade, principalmente por conta de espertinhos aproveitarem a permissividade que empreenderem em áreas que não poderiam ser utilizadas nem pelo argumento de carência social.
O QUE É DE QUEM NAS INUNDAÇÕES DO RS II
Embora as enchentes aconteçam dentro dos limites de municípios, por óbvio também estão dentro de Estados Federativos, dentro do Brasil, do Planeta Terra e do Universo. Ou não? Dentro do Brasil, mais de 60% da carga tributária fica com a União; menos 30% com os estados e o resto, um pouco mais que 10%, com os municípios. Portanto, seria coerente se o Brasil entrasse com mais de 60% na conta de recuperação do RS por conta das enchentes, principalmente no que se refere as demandas estruturais como estradas, pontes, encanamentos, etc. E embora fisicamente uma ponte que caiu seja em Lajeado, por exemplo, o esforço de recuperação deva ser geral.
O estado do RS recebe a sua parcela de participação dos tributos e deve também aportar este mesmo percentual para este fundo de recuperação ambiental e urbana. E deveria programar esta participação ativa na recuperação, mesmo se tiver de tirar os recursos de outras áreas, transformando futilidades e mordomias de servidores em utilidades urgentes… ou não?
Os municípios entrariam com a sua parte, em torno de 10% dos recursos de recuperação da catástrofe. Certamente gastam mais que isto se olharmos o desânimo das pessoas cujos negócios que foram perdidos pelas enchentes, de falta de motivação de famílias reconstruírem suas moradias no mesmo lugar que antes estavam, e etc. Um custo motivacional que não é medido, geralmente. Mais uma vez as cidades acabam tendo o maior ônus e o menor bônus nestes casos. Ou seja: o serviço público federal esbanjando recursos políticos e corporativos, já os municípios tem de fazer milagres com os farelos dos recursos públicos.
O QUE É DE QUEM NAS INUNDAÇÕES DO RS III
Os servidores públicos federais e estaduais, diretamente envolvidos em atividades de segurança e salvamento, mais uma vez são de ouro nesta época. Sem eles, a situação poderia ficar caótica. Mas eles foram contratados para isto, muitos recebem salários acima da média.
Já os voluntários, estes são patriotas, tribalistas, empáticos e verdadeiros heróis. Trabalham ligados a uma estrutura, obedecendo ordens e fazendo isto sem receber nada em troca, somente a realização, realização que se trata de matéria prima para este tipo de alma… Mas não têm o direito de cobrar da sociedade qualquer coisa, porque fazem isto por ideologia pessoal. Podem, e devem, é reclamar da falta de atendimento público dando suas opiniões. Podem e devem porque eles estão lá, na ponta e vendo na prática as demandas urgentes e respostas das autoridades perante elas.
O QUE É DE QUEM NAS INUNDAÇÕES DO RS IV
Culpados claros por esta fatalidades, causadas pela força de eventos exagerados da natureza, não podemos apontar. Não podemos chamar alguém de preguiçoso por não estar ajudando fisicamente as pessoas (só porque nós de alguma forma estamos fazendo). Portanto, não somos juízes de escolhas de uns, já que temos de ter a empatia de imaginar que nós mesmos temos bloqueios perante algumas atitudes, e que uma delas pode ser perante a falta de coragem de trabalhar em eventos com requintes quase de terror. Alguns não gostariam, por exemplo, de ser criticados por não fazer algo que outros fazem sem problemas. Ou gostaríamos?
Mas existem culpados na base, sim. Estes vão sofrer em sua consciência, porque não há provas de suas atrocidades como, por exemplo, a de vender um terreno em uma área alagável dizendo que não é arriscada; pedir voto para um eleitor em troca da permissão que este construa em uma área proibida e depois ver esta pessoa sofrer com a perda da casa e até de vidas; pedir ajuda sem necessidade, como se flagelado fosse, e tirar ajuda de quem precisa; praticar roubos e outros crimes em meio a uma situação de calamidade; ter salários públicos em níveis ‘de marajá’, ao mesmo tempo que estão vendo falta de dinheiro público para atender flagelados que perdem tudo e até vidas; Gestores públicos que receberam propina para fazer que não veem isto, também sofrerão, mesmo que somente dentro de suas consciências.