A ideia de um porto no litoral norte vem de longe. Já se falava nisso nos primeiros anos da República. Há pouco, novas invectivas vem sendo retomadas. Devido ao rechaço de parte da comunidade torrense ao empreendimento, seus idealizadores contrataram um Projeto para instalá-lo em Arroio do Sal. Este projeto, entretanto, vem sendo severamente criticado por várias instituições e profissionais da área oceanográfica e ambiental, além de economistas, reunidos no Movimento Contra o Porto.
Este Movimento já entregou suas ponderações à autoridades federais, e as vem entregando, também, ao conhecimento público através de encontros na INTERNET, levados a efeito todas as segundas feiras, 14 horas, sob o patrocínio da Rádio Cultural FM de Torres, à qual se associaram o portal BRASIL PROGRESSISTA TV e REDE ESTAÇÃO DEMOCRACIA – RED – ,de ´Porto Alegre. Nestas oportunidades, os deputados Haley (estadual) e Alexandre Lindenmeier , ambos do PT, têm trazido também seu vivo protesto à construção do dito terminal marítimo privado.
Muitas são as razões do MOVIMENTO CONTRA O PORTO. A principal delas, tem sido explicitada pelo Economista Carlos Paiva, o qual demonstra, à saciedade, a inconveniência de construir, aqui no litoral, um porto que retirará carga do Porto de Rio Grande, nada trazendo de benefício à economia estadual. Ressalta Paiva ser natural que os empresários da serra procurem um escoamento de seu excedente mais rápido e mais barato, mas destaca que seria muito melhor se cerrassem fileiras para que o fizessem através da complementação do trecho sul da Ferrovia Norte Sul, levando seus produtos para Rio Grande. Esta via já está planejada e faz parte do plano de interligação ferroviária norte-sul do país. Bastaria que se retomasse o projeto a partir de Rio Grande, interligando todo o Estado ao resto do país.
Há razões também de ordem geológica. O litoral no Rio Grande do Sul é extremamente vulnerável e não recomenda-se uma atividade portuária intensa, que exigiria áreas de retroporto, porto seco, instalações complementares e vias de acesso. Quanto a isso, aliás, é inconcebível que milhares de caminhões desçam a Rota do Sul, concebida para automóveis e, mesmo assim, já comprometida. Levamos anos para completar o traçado desta Rota que atravessa três áreas de proteção ambiental. Dificilmente conseguiríamos que fosse duplicada. Por isso, a propósito, caíram de paraquedas outros projetos inconcebíveis (penso eu) de fazer uma ferrovia serra-litoral.
Há várias razões ambientais, também, que condenam o Porto, todas alibadas no requerimento do Movimento Contra o Porto levado ao IBAMA, que, na verdade, até hoje, não autorizou sua construção. Nosso vasto e aberto litoral, pouco profundo, curso de várias espécies marinhas, inclusive rota de baleias, poderá ser seriamente ameaçado.
Não menos importantes são as razões que procuram evidenciar o Litoral Norte como uma janela de oportunidades para o Rio Grande do Sul, sendo a única região no Estado a aumentar consideravelmente sua população. Penso que tratam-se de pessoas, em grande parte, que já veraneiam por aqui desde meados do século passado e que, agora, diante dos graves problemas das grandes aglomerações, já aposentados, procuram aqui o refúgio tranquilo para seus outonos, com invernos, até menos rigorosos…Colocar no meio deste verdadeiro paraíso um porto, com toda a movimentação que isso implica, poderá comprometer definitivamente nossa tranquilidade.
Um último argumento, enfim: O EFEITO GUAYAQUIL.
No tranquilo Equador, na costa do Pacífico, o narcotráfico encontrou, há algum tempo um ponto de reaglutinação para suas exportações de drogas. Invadiu a cidade e a tornou virtualmente inabitável, pela violência, a tal ponto que comprometeu a estabilidade política do país. Imaginem, aqui, neste seguro ponto, distante da Capitania dos Portos e da Polícia Federal, se houverem por bem – e por mal – descobrir que poderão transformar Arroio do Sal num porto de exportação de drogas pelo Atlântico, num momento e que as autoridades os estão cercando cada vez mais em Santos?
Por tudo isso PORTO NO LITORAL NORTE NÃÃÃÃOOOOO!
