OPINIÃO – Relação entre situação e oposição em Torres

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

26 de maio de 2021
Por Fausto Júnior

Parece que o trabalho de comunicação entre a Câmara Municipal e a prefeitura de Torres está surtindo efeito. Talvez pelo fato de que  os temas estejam sendo muito bem debatidos – tanto por causa da boa escolha da presidência em colocá-los em pauta quanto pela propagação dos debates por conta da mídia (em especial pelo Jornal A FOLHA) – a relação entre a oposição e a base aliada está de certa forma harmônica.

Por exemplo, o vereador Carlos Jacques (PP) comemora a possibilidade da reforma do regimento Interno da Câmara Municipal, da qual é presidente da comissão especial que a executa. Ele diz que isso vai melhorar os trâmites da Casa Legislativa e deverá também abrir ainda mais os debates através do maior protagonismo das comissões temáticas da Casa Legislativa. Ou seja, os debates poderão iniciar antes de chegarem ao plenário, para votação, o que abre sobremaneira as possibilidades de posicionamentos mais amplos assim como a possibilidade de propagação de saudáveis embates entre ideias, âmago da democracia, para depois ai sim serem votados.

 

Relação entre situação e oposição em Torres II

 

Não sei se a atitude vem diretamente do Secretário de Obras da prefeitura ou se vem de um comando de articulação dentro do governo Carlos, mas tem uma atitude que está visivelmente sendo feita e… dando certo.

Quase todos os vereadores têm elogiado o trabalho do secretário Maurinho (Obras e Trânsito), sejam vereadores da situação e da oposição.  E quase todos os vereadores pararam de reclamar pela falta de trabalho em obras de reparos e manutenção na cidade, o que sugere uma questão simples e que deve ser fruto de uma decisão estratégica e simples: o secretário de obras (ou o governo Carlos) resolveu (ou resolveram) atender as demandas dos vereadores como prioridade, o que acaba alcançando em princípio duas realizações:

1ª , a de atender pedidos de moradores de uma forma apartidária, porque as solicitações vêm de vários vereadores e de vários partidos.

2ª, atendendo os vereadores sem os deixar “a ver navios”, evitando que os políticos resolvam ficar brabos com a administração, consequentemente criando fatos de oposição ao governo que está no poder.

Deu certo. Gol!

 

Relação entre situação e oposição em Torres III

 

O vereador Gimi (PP) inclusive utilizou parte de seu pronunciamento, na sessão da Câmara passada, para comentar que seria uma verdade que, quando o Poder Executivo vai bem, o Poder Legislativo acaba também indo bem, mesmo quando há divergências entre seus pensamentos e outros pensamentos de colegas e do próprio poder executivo. Ele ilustrou a constatação de várias leis de autoria da prefeitura de Torres e que foram aprovadas na Câmara praticamente sem oposição, exemplificando o PL que institui um novo Refis (programa de financiamento de dívidas de munícipes para com a prefeitura), como projetos de legalização fundiária, dentre outros.

Penso ser mais uma mostra do bom funcionamento da relação institucional entre a Câmara Municipal (situação e oposição) e a prefeitura de Torres, onde o debate saudável e a comunicação propagada de forma pública das ideias dos vereadores pode ser um diferencial que efetivamente funciona.

 

BUSCANDO MERCADO

 

Em sua participação de tribuna na Câmara de Torres, o vereador Dilson Boaventura (MDB) Informou sobre sua participação, junto com seu colega de partido Igor Beretta, em uma “Live” (reunião eletrônica) com o Presidente da Assembléia Legislativa do RS, deputado Gabriel Sousa, sobre alternativas para o funcionamento efetivo do aeroporto regional de Torres. O vereador Dilson lembrou que em breve teremos o porto de Arroio do Sal e que o aeroporto deve entrar como protagonista no pacote de desenvolvimento, o que concordo.

Na prática, qualquer aeroporto só vai funcionar se tiver avião comercial pousando e decolando. E só tem jeito de ter avião comercial decolando e pousando em um aeroporto quando há passageiros para fazer com que os voos existam. E os passageiros só compram bilhetes de voos para decolarem e pousarem em aeroportos se o destino onde pousam tenha atratores, turísticos ou de trabalho. E os lugares só têm atratores turísticos e de trabalho se a sociedade (pública e privada) criar estes atratores nas cidades ou regiões, para depois comunicarem isto aos seus clientes (turistas de passeio ou turistas de eventos e reuniões profissionais).

A espécie de cabotagem (troca de transporte) que pode ser necessária com a chegada do porto em Arroio do Sal também pode ser um mercado para o aeroporto. Talvez tenhamos que inclusive aumentar a pista para que aviões “mais carregados” (mais pesados) possam pousar no terminal local com cargas para serem colocadas em navios nos portos, assim como possam receber cargas que vêm do mundo e descarregarão no porto de Arroio do Sal, as quais precisarão ser levadas pelo Brasil em várias cidades e, consequentemente, podem utilizar o transporte aéreo para agilizar a logística de entrega da mercadoria.

Mas o mercado de executivos e operários que trabalham no porto e que vêm de vários lugares do Brasil e do mundo acaba sendo o maior mercado adicional para viabilizar o aeroporto de Torres. Junto com o mercado de turismo, o terminal pode enfim ser viabilizado, após 22 anos de inauguração praticamente sem operação comercial.

 

Defesa da importância do servidor público

 

O vereador Moisés Trisch (PT) em seu espaço na sessão da Câmara, mais uma vez mostrou que seu mandato (como seu partido) defende em especial o trabalho do servidor público e, consequentemente, defende a empresa pública. Para ele, a ideia de municipalização da água & esgoto sugerida pelo vereador Gimi (matéria em A FOLHA nesta edição) é boa. Mas, mesmo assim, o vereador Moises insiste pensa que não deveria haver a privatização da Corsan, para ele uma ação que não deveria ocorrer. As duas ideias em princípio são de empresas ou entidades públicas (municipalização da água ou continuidade da Corsan – que é estatal), a menos que haja a municipalização para depois haver a privatização. E se for público será com servidores públicos, estáveis e regidos por lei especial.

 

 “Conscientização” funciona mais que “obrigação”

 

O gabinete da vereadora torrense Carla Daitx (PP) está providenciando a edição de uma espécie de cartilha de conscientização das famílias para que haja o combate à violência doméstica contra crianças, principalmente a violência sexual. Em parceria com outras entidades (inclusive o Conselho Tutelar) a vereadora coordenou o trabalho dentro de uma comissão temática da Câmara para elaborar a campanha. E a casa legislativa inclusive deverá custear a produção do material e sua propagação, pelo que entendi.

Conscientização é muito mais importante do que proibição. Pessoas informadas tem muito mais chance de tomar caminhos mais civilizados do que pessoas obrigadas a tomar este caminho, além de o poder público não ter de ter custo para a fiscalização nos casos de legislação proibitiva. Parabéns pela atitude.

 

 




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