OPINIÃO – TERCEIRIZAÇÃO DE PARQUES AMBIENTAIS

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

20 de maio de 2021
Por Fausto Júnior

Está em pauta na sociedade de Torres a questão do novo Plano de Uso Público do Parque Itapeva. Ambientalistas e servidores públicos do parque preferem que o Plano se mantenha como está, talvez porque restringe a presença de pessoas na reserva ambiental localizada no meio da borda litorânea do município de Torres. Por outro lado, algumas pessoas e entidades ligadas ao turismo e ao desenvolvimento urbano da cidade preferem que novas atividades envolvendo pessoas (mas sem deixar de pensar na preservação) aconteçam dentro do PEVA, assim como esperam que burocracias criadas pelos gestores do parque não travem o trabalho de desenvolvimento local.

Paralelamente a isto, o setor público brasileiro se coloca cada vez mais limitado em investir recursos (sejam humanos ou materiais) para melhoria dos parques de preservação ambiental. E aí que entra a ideia de terceirização destes lugares, que serve para fazer as duas coisas ao mesmo tempo: preservar um ecossistema (para que ele não entre em colapso de sustentação botânica e zoológica) e ao mesmo tempo permita que pessoas usufruam do ecossistema preservado com atividades esportivas, de lazer e contemplação nos espaços.

 

TERCEIRIZAÇÃO DE PARQUES AMBIENTAIS II

 

Há um “cabo de guerra” com forças puxando em ambos os lados quando há debates sobre o Parque Itapeva em Torres. Acho eu que pode ser um exemplo didático para que a sociedade resolva terceirizar a administração de parques públicos. Há radicais de um lado que parecem quere evitar o ser humano até de poder apreciar algumas áreas, pessoas que parecem pensar no ser humano como uma “praga” contra a natureza original, natureza que deve ser cuidado por servidores públicos. Alguns atacam pessoalmente  pessoas que pensam diferente de sua ideologia, talvez para tentar manter seu poder sobre os rumos de parques ambientais (como o Parque Itapeva).

Aí radicais de outro lado respondem, sugerindo problemas que podem ser ocasionados pelo parque ambiental –  e exagerando sobre estes problemas, as vezes até desmerecendo necessárias medidas preservacionista a serem implementadas, levantando supostas manipulações por parte dos administradores da ideia oposta (como já se ventilou quanto aos planos do PEVA)… o que é uma ofensa também, mesmo que disfarçada.

E aí que entra o bom senso da sociedade de terminar com esta espécie de ‘guerra ideológica. E a forma mais saudável,penso eu, seria a terceirização das atividades. Faz-se um contrato onde regras de preservação ambiental e limites de impactos pelo uso das áreas preservadas constem, mas que ao mesmo tempo haja regras que permitam que os operadores do parque possuam possibilidade de viabilidade para unir preservação de um ecossistema com utilização humana dos espaços e desenvolvimento urbano. Isto já está ocorrendo com alguns parques nacionais localizados, por exemplo, na serra gaúcha e, pelo que se projeta, poderá acabar ocorrendo também aqui no Parque Itapeva (por conta da falta de recursos do Estado do RS e por conta da falta de mais utilização do PEVA na atividade de turismo e de desenvolvimento municipal).  Uma coisa sustenta a outra…

 

TERCEIRIZAÇÃO DE PARQUES AMBIENTAIS III

 

Em minha modesta opinião, esta mistura de consciência ambiental e consumo poderia fazer parte das atividades de manejo do Parque Itapeva. Por que não projetar atividade de campismo onde os hóspedes do camping teriam, além do lazer de descanso e utilização do ambiente (de oceano-praia-dunas-florestas no lindo local do parque), poderiam também exercitar o consumo consciente, com regras ambientalmente sustentáveis (de manejo de lixo, de uso consciente da cozinha, de banheiros, de emissão de ruídos)… enfim, uma experiência de vivência junto à natureza respeitando as regras para não depreciar o ambiente? Poderia ser uma hospedagem educativa ao mesmo tempo, onde o diferencial competitivo do camping seria este: ensinar as pessoas (famílias) a conviverem em harmonia com a natureza respeitando regras de sustentabilidade na relação consumo & preservação. Talvez uma nova forma de Turismo: Turismo de preservação.

Atividades de pesca sustentáveis poderiam entrar no Plano de Uso, quando os visitantes do parque poderiam participar de pescarias (dentro das regras do sistema nacional e estadual de extrativismo). A pesca e a observação também poderiam entrar ao se incluir passeios pela Lagoa da Itapeva para os visitantes do PEVA, em mais uma forma de lazer, preservação e conhecimento da região com educação ambiental.

Atividades de trilhas poderiam ser ampliadas. Trilhas por cima de árvores, trilhas mais íngremes e rusticas também poderiam ser feitas com veículos de observação, colocando-as junto das já existentes trilhas guiadas feitas a pé, pelo chão.

Um restaurante com um museu de espécies do ecossistema local poderia ser incluído no parque, onde pessoas e famílias iriam almoçar e conhecer mais de perto o ecossistema do Peva.

 

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL MUNICIPAL – NÓS TAMBÉM SOMOS O AMBIENTE!

 

E no final o Município de Torres (que é turístico por natureza e vocação) poderia ter mais diferencial para receber novos visitantes e para gerar emprego e renda para a população. Isto não deixa de ser uma forma de sustentabilidade ambiental. Um ambiente urbano também tem fatores que devem ser “preservados” para que o meio ambiente humano não entre em colapso.

Assim como um alimento de um animal que vive no Parque Itapeva não pode ser eliminado, sob pena de o ecossistema colapsar e entrar em auto destruição; assim como o excesso de pessoas utilizando e desmatando um local preservado pode acabar com um sistema de vegetais uma modificação de um sistema ecológico organizado, as cidades também sofrem de “falta de autosustentabilidade”.

Se Torres matar as formas de atrair turistas para seu ambiente de sobrevivência, ela (Torres) poderá ser engolida por concorrentes de turismo (cidades com a mesma vocação). E se turistas param de vir a Torres, emprego e renda começam a sumir, e ai começa um processo de autoflagelo. Cidades também são ambientes. Nós somos parte do ambiente!

 

 

 

 

 

 




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