OPINIÃO – Tópicos do verão 2023 em Torres

Obras durante o veraneio, aprovação do estacionamento rotativo pago, 'tragédia anunciada' com a queda da Ponte Pênsil.... algumas questões para refletir

Imagem meramente ilustrativa da tentaiiva de implantar o sistema que foi abortada em 2025 em Torres
24 de fevereiro de 2023

OBRAS DURANTE O VERANEIO

 

Antigamente era comum este tipo de coisa.

Hoje não é mais assim, não é?

Antigamente, para mostrar serviço para quem vinha de fora, os prefeitos iniciavam obras pela cidade em plena temporada. E, obviamente, era um caos. Eram ruas sendo asfaltadas, praças sendo criadas ou reformadas, calçadões recauchutados, enfim, obras e obras seja qual fosse o gestor da “hora”.

E não é que a história se repete!

Gestores, em tese, mais modernos e sem o ranço dos antigos, repetem os mesmos métodos eternizados em nosso litoral. Ou seja, iniciam obras em plena temporada. Cercam praças, cavam buracos, interditam locais, tudo em nome da transformação. Mas será que esta transformação não poderia esperar a temporada terminar (pelo menos a alta temporada) e aí sim, deixar os transtornos para os meses de menor fluxo de turistas.

Será mesmo que os turistas, veranistas e “investidores” estão interessados em ver, em plena temporada, que o gestor é capaz? Será que a benfeitoria ou a “transformação” por si só não basta para quem paga o nosso caro IPTU?

Na minha opinião, já basta este tipo de coisa, isso não era oportuno nem no século passado.

 

ESTACIONAMENTO ROTATIVO

 

Mais essa agora.

O Estacionamento rotativo, tentado há alguns anos, agora “colou”.

Estive presente no lançamento do Plano de Mobilidade Urbana que foi realizado na cidade, no ano passado. Neste evento seria a largada para a criação do tal plano. Houve uma outra apresentação com algumas pesquisas realizadas na cidade, mas não houve a conclusão e a apresentação do Plano a ser implementado na cidade.

Para minha surpresa, o Estacionamento Rotativo que deveria estar dentro do Plano de Mobilidade Urbana, estava sendo votado e aprovado antes! Não seria o contrário?

Isso me lembra o trancamento da rua José Bonifácio, na época ao invés de colocar uma sinaleira (muito cara), usaram a forma mais barata e fácil: fecharam a rua. E até hoje está assim. “Técnicos”, sem estudos prévios, condenaram uma parte desta rua comercial muito forte ao quase esquecimento por pura falta de conhecimento técnico. Ou seja, por “resolver” um problema sem conhecer as alternativas ou objetivos deste tipo de decisão, se tomou decisões que se mostraram ruins para a época e para os dias de hoje.

E da mesma forma, este Estacionamento Rotativo, será implantado sem saber se esta é a melhor solução para o que se quer para a cidade hoje e para os próximos anos.  Sem a prévia análise técnica a ser fornecida pelo Plano de Mobilidade Urbana e sem o próprio plano e suas etapas de implantação. Literalmente a “carroça na frente dos bois”.

 

PONTE PÊNSIL

Quando a primeira ponte foi colocada sobre o rio lá pela década de 60 a população dos dois lados era infinitamente menor do que é hoje. A ligação entre as duas localidades era feita por uma antiga balsa ou por pequenas embarcações. Nem preciso dizer que a tal ponte era muito precária, ela era estreita e baixa e tinha capacidade para até três pessoas, por vez! Ela era diferente da atual, fazia um arco e a parte do meio da ponte encostava nas águas do rio, fazendo com que muitas vezes esta área ficasse coberta de água molhando os pés de quem a cruzava. Uma nova ponte era a reivindicação dos moradores do Passo de Torres, que em 1984 foi concretizada.

No dia da inauguração da nova e segura ponte, o impensável aconteceu.

“Na ocasião, o prefeito de Torres junto com secretários e vereadores, vinha de um lado. Do outro, liderando a comitiva catarinense, vinha o chefe do Executivo de São João do Sul, município que na época englobava a cidade de Passo de Torres. O protocolo previa o encontro das duas comitivas, que se cumprimentariam no centro da nova ponte para pedestres e inaugurariam a estrutura. No entanto, a ponte caiu antes disso acontecer. Ninguém morreu nem se feriu com gravidade.”

A placa da época ostentava a capacidade máxima de até 15 pessoas, mas havia muito mais de 15 pessoas em cada comitiva.

Parece que a lição não foi aprendida! Esta semana o excesso de pessoas e a escassez de controle e manutenção, levaram a ponte ao seu limite e ela ruiu novamente. Desta vez foi pior, há um jovem que, infelizmente, faleceu após a queda.

Uma tragédia anunciada por uma quase tragédia na sua inauguração e não houve nenhum aprendizado. Quase quarenta anos depois do primeiro acidente com a ponte, aconteceu a mesma coisa.

Diz uma placa atual, “Capacidade máxima: 20 pessoas”. Essa quantidade de pessoas foi triplicada na sua inauguração, e talvez agora. O péssimo primeiro exemplo, punido com um banho no rio, acabou só com orgulhos, braços e pernas feridos, mas desta vez foi diferente.




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