O governador do Estado (e sua equipe) editou mais uma versão do decreto de sanidade para evitar a Covid-19. E dentre as medidas está a restrição à utilização da beira de praia, onde as pessoas só podem “circular” no local. Não podem estacionar em guarda-sóis, cadeiras, barracas e outras formas de “ficar” na praia.
As medidas estão programadas para valerem até o dia 15 de dezembro, mas podem ser prorrogadas. Dependem do movimento da contaminação e das hospitalizações pelo Covid19, o que pode incluir a temporada do entorno do réveillon, o período mais movimentado nos veraneios do sul do Brasil.
Ora. “Ficar na praia” é o prato principal do cardápio das férias de verão em locais litorâneos. Retirar esta possibilidade é como dizer para uma churrascaria que não pode haver consumo de carne, ou dizer para uma casa de sushi que não pode comer peixe cru.
Tirar a possibilidade dos visitantes de Torres de ficaram na praia com suas famílias, seus parceiros (as) se trata de retirar a maior motivação do veranismo praiano, em qualquer lugar do mundo. O aluguel de casas, a estadia em hotel, o consumo de sorvete ou cerveja, o consumo de lazer noturno, o consumo de alimentação, dentre outros são atores secundário que giram em torno do protagonista: a estada na BEIRA DA PRAIA. E lugares de turismo de verão geralmente sobrevivem do movimento deste turismo.
É de se sugerir para o governo estadual que se retire URGENTEMENTE esta restrição na beira da praia. Pode-se editar uma espécie de Plano de Uso Público nos lugares, onde as pessoas devem se comportar com as etiquetas de distanciamento social com mais rigidez. Principalmente que haja a proibição de agrupamentos em torno de churrascos, festas, roda de música, jogos esportivos de grupo e etc. Que os grupos sejam somente de pessoas que já convivam dentro de suas casas ou famílias e que haja conscientização para que estes grupos não se misturem. E que as prefeituras e a BM, juntas, fiscalizem e orientem as pessoas para que obedeçam as regras, naturalmente respeitando os outros que têm medo.
Pessoas estão cancelando hospedagens
O empresário de hotelaria em Torres, Danilo Raupp, me informou e pediu que isto fosse difundido, que muitas pessoas estão cancelando reservas em seu hotel após o anúncio do governo sobre o novo pacote de restrições, que incluem a limitação na faixa de areia, na praia. Danilo me disse que as pessoas entenderam mal, que muitas acham que não podem sequer ir à praia e tomar banho de mar. Os hotéis tentam reverter a situação, dizendo aos que querem cancelar as reservas que a proibição é só para casos de “ficar fixos”, mas a maioria não entende e acaba cancelando.
Este fato mais uma vez sinaliza que o governo estadual é irresponsável ao editar esta medida em pleno início de temporada. Isto pode estar gerando altos prejuízos aos negócios que giram em torno do turismo. Mas a medida pode também estar dizendo para as pessoas não tirarem férias, não descansarem, não saírem de suas casas fixas, o que também é uma coisa não muito saudável, principalmente porque aumenta o sentimento de prisão, já instalado na consciência das pessoas desde março.
Não sou médico, muito menos infectologista. Mas me parece que o descanso e o lazer fazem parte da receita para prevenção das doenças. Parece que estamos evitando que haja a prevenção individual contra a contaminação do próprio vírus, o que gera pelo menos espaço para reflexão das autoridades médicas. Será que a estada na praia arejada, pegando sol, se banhando ao mar e descansando a cabeça não é mais preventivo que ficar em casa, fechado, sem sol, sem arejamento?
Com a palavra os médicos.
Falta de coerência ou não?
As medidas de contenção ao covi-19 são tomadas por governadores de Estado, por decisão do Supremo Tribunal Federal, que orientou o governo federal de não praticar ingerências nas decisões estaduais. Consequentemente, os governadores dos Estados Federativos utilizam suas assessorias especializadas para tomarem as medidas decretadas. Mas quem tem que responder o porquê de não ter sido transferida a eleição municipal são os governadores? Ou é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)? Não se sabe… E provavelmente iriam colocar a culpa em Deus…
Trata-se de uma incoerência enorme haver a proibição de pessoas estarem em praças e na praia e nas ruas em grupos, quando foi permitido e até incentivado que os políticos e os partidos percorressem ruas, praças e casas em grupos, cumprimentando-se, durante 45 dias, pelo menos. E o que estava em jogo são cargos de poder com remunerações importantes, no mínimo muito maiores que a remuneração de cargos similares da iniciativa privada. Não é coisa de amadores.
Portanto não é coerente a mesma autoridade que permitiu a eleição, proibir a estada fixa na praia. As mesmas pessoas foram abordadas por grupos de políticos pelas ruas, pelas praças e até dentro de ambientes fechados no período eleitoral. Isto é coerente?
As pessoas ligadas diretamente ao processo eleitoral podem estar sendo mais afetadas pela Covid 19 porque relaxaram. Estavam trabalhando, não foram privadas de trabalhar e acabaram sendo contaminadas e contaminando mais. Por que o Presidente do TSE não transferiu a eleição? Por que pelo menos o presidente do TSE não retirou a obrigatoriedade de votar no pleito? Trata-se de alta incoerência, não acham?
Com a palavra os cientistas.