OPINIÃO – VOLTA ÀS AULAS ABRANGE TRÊS DEMANDAS, SE NÃO VEJAMOS

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

6 de maio de 2021
Por Fausto Júnior

As aulas vão voltar a acontecer na maioria dos casos pelo sistema híbrido, onde os pais que decidem se seus filhos vão ou não comparecer às aulas. Foi uma mudança que aconteceu depois de mais de um ano de interrupção total de aulas presenciais, em minha opinião de forma responsável.  E o recuo pode ser perigoso.

Quando se interrompe de forma compulsória atividades econômicas, as autoridades estão ameaçando muita empresa de quebrar e muito trabalhador de perder o emprego.  Recuperar isto adiante às vezes é impossível, principalmente para empresas que perdem a sustentabilidade e morrem endividadas. Isto sugere que pode ter sido um erro interromper atividades econômicas.

Mas quando o poder público interrompe as aulas promovidas por todo o poder público, as autoridades estão interrompendo uma atividade  própria e coletiva, paga e usufruída de forma igualitária, por todos que pagam impostos ou que usam o sistema público para o aprendizado, se quiserem. Não há interferência individual, o que há é interferência de ambiente.

Por isso que acho que as aulas no sistema público deveriam somente voltar a ter a versão presencial quando a circulação do vírus da Covid-19 cair a níveis de pouca chance de haver focos epidêmicos.  É que a interrupção é para todos, além de haver a possibilidade de haver a continuidade do ensino de forma remota, como aconteceu em 2020.

As famílias que querem a volta das creches porque não têm onde colocar os filhos quando os familiares estão trabalhando fora,  têm outro problema, que não é o problema de estudo. As famílias que lembram que os filhos precisam voltar à escola porque as crianças utilizam o sistema de ensino para se alimentar durante o dia, também têm outro problema.  E , ambos, têm que ser resolvidos pelos governos que oferecem as merendas e que oferecem as creches. Mas não está certo misturar tudo num mesmo local para sugerir a volta às aulas.

Pode-se ter soluções pontuais para as três situações.  Solução para a necessidade de creche, solução para a necessidade de alimento para crianças de famílias com baixo poder aquisitivo e solução para crianças que querem ter aulas e aprender.

Correr risco de contaminação e colocar professores e servidores de escolas públicas em risco por misturar tudo e voltar às aulas, não me parece a melhor solução.

 

INTERVENÇÃO DO ESTADO “A MAIS” NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE ACABA TENDO CUSTOS

 

 

Sou da teoria que toda a atividade produtiva que o poder público esteja envolvido acaba ficando mais cara para as pessoas ou sendo inviabilizada. É o caso do sistema de transporte público.

Aqui em Torres e em outros lugares, fica recorrente uma questão que demonstra isto. Por um lado, os usuários acham a passagem cara demais. Por outro lado, o valor da receita recebida pelas concessionárias, não chega sequer para pagar os custos e a manutenção da frota e da atividade. Tem muita passagem grátis, tem muita isenção e etc… Decisões políticas feitas num ambiente que deveria ser livre.

Ora. O transporte Coletivo é uma troca entre o usuário e a empresa que vende o transporte. Por que então que o sistema precisa ser “concedido” pelo Estado (no caso as prefeituras)? Se não houvesse a intervenção do Estado que se coloca no meio da relação, o sistema provavelmente seria mais eficiente, como ficou o sistema de taxis após a entrada do transporte por aplicativo tipo Uber.  O usuário pegaria o ônibus se quisesse e o empresário colocaria a linha se quisesse. Pessoas poderiam criar uma espécie de van para fazer linhas alternativas e o passageiro poderia ter mais alternativas, como aconteceu com os aplicativos.

Portanto, se houvesse e liberdade de empresas ou pessoas colocarem mais alternativas de transporte à disposição simplesmente pela lei entre a oferta e procura ao invés de haver uma licitação onde as linhas e territórios, os usuários provavelmente teriam mais qualidade e variedade de transporte e menor preço, menor preço justamente pela influencia da concorrência, como acontece com o pão na padaria, por exemplo.

Esta quebra de paradigma poderia por um lado regular a questão do transporte público e, por outro, criar mais uma alternativa de sustento para pessoas ou empresários que quiserem fornecer transporte público em linhas fixas para atender o usuário.

Diferenciais poderiam surgir, como ônibus (ou lotação) para atender clientes mais exigentes, oferecendo climatização, serviço de bordo, música, internet, filmes e etc. Por outro lado poderiam ter opções de baixo custo, com pouco serviço e tarifas baixíssimas. Os usuários que escolheriam sua locomoção, conforme seu gosto e seu poder aquisitivo, como é feito em tudo num sistema livre.

Para as pessoas que acham que o sistema público deveria fornecer locomoção, estas seriam dadas individualmente, em tickets comprados das empresas privadas. Mas não haveria interferência no negócio, na ponta.

O Estado já retira impostos da atividade de transporte. Não é saudável que ainda se intrometa no conteúdo, principalmente quando se trata de um serviço de relação de consumo como qualquer outro. Tá na hora de retirar o transporte público na lista de setores onde o poder público precisa dar concessão. Não há mais cabimento que isto ocorra neste setor como não tem cabimento que isto ocorra com concessão de rádios abertas (por antena) TV aberta, e etc.

 

 

 

 

 




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