O município do Passo de Torres está localizado no Extremo Sul Catarinense, na divisa dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Estima-se que sua população atual compreende cerca de 13 mil habitantes (Censo IBGE 2022), distribuídos em uma área de 95.114 km². Sua economia desenvolve-se com a agricultura, a pesca, o comércio, o artesanato, o turismo e a prestação de serviços. Era distrito do município de São João do Sul e sua emancipação político-administrativa foi efetivada pela lei estadual n° 8350 de 26 de setembro de 1991. O município integra a AMESC – Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense. (IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na divisão territorial durante os séculos XVIII e XIX a primeira grande propriedade foi a Sesmaria dos Rodrigues sob a tutela dos donatários Manoel e Luciano Rodrigues e se prolongava da foz do Mampituba até as proximidades de Sombrio/SC. Na passagem de Sebastião Caboto (1527 e 1530), que estava reconhecendo a costa litorânea meridional do Brasil à serviço da corte espanhola ,batizou a área de Rio cerrado (fechado) e Rio baxo, devido a rasa foz do rio, que de acordo com os ventos deslocava seu percurso. De acordo com as frotas que passavam pela costa atlântica fazendo seu reconhecimento, ia- se alterando o nome. Como, por exemplo, Rio Martim Afonso de Souza, associado à frota desse capitão, que teria passado entre os anos de 1531-32. Ficou conhecido com seu nome português até aproximadamente 1600 e constava em cerca de 25 obras cartográficas. O município de Passo de Torres/SC consolidou-se paralelamente ao município vizinho de Torres/RS. Viajantes e naturalistas que adentravam a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul por via terrestre, obrigatoriamente passavam pelo sítio das Torres. Ao longo do tempo, o sítio das Torres foi conhecido por ser um “lugar de passagens”, um elo entre as Províncias de Santa Catarina e São Pedro do Rio Grande do Sul. Documentos e mapas históricos assinalavam “O Passo (passagem) de Torres” ou a “Passárgada”. Nesta região fronteiriça, foram instalados a Guarda e Registro e o Forte São Diogo das Torres em meados do século XVIII com o objetivo de fiscalização e salvaguarda militar. Na região litorânea viveram diversos povos indígenas e quilombolas, os viajantes, tropeiros e contingentes militares promoviam o fluxo itinerante, assim como o povoamento colonial com as famílias açorianas, alemãs e italianas. Todos aqueles que queriam prosseguir sua viagem em direção ao sul ou ao norte, desfrutavam da paisagem frondosa dos rochedos torrenses.
No município do Passo de Torres encontramos diversos sítios arqueológicos denotando o longo processo de ocupação do território. O patrimônio natural atribui-se as dunas e restingas, o oceano Atlântico, os remanescentes de Mata Atlântica e o conjunto de APA’s (Área de Preservação Permanente) como as margens do “Braço Morto” e Rio Mampituba e da Lagoa do Sombrio compreendendo o Morro dos Macacos. No que tange o patrimônio imaterial há diversas expressões e saberes fazeres tradicionais oriundos da cultura popular. A cultura pesqueira predomina nas expressões artísticas locais. Folguedos e Celebrações como a procissão para Nossa Senhora dos Navegantes, o Boi de Mamão, as Cavalgadas e o Terno de Reis. Elementos marcantes como a culinária litorânea com receitas típicas das famílias de pescadores. O patrimônio edificado, os bens materiais e lugares de memória são compostos por monumentos, casarios históricos, os Molhes do Mampituba, a Ponte Pênsil e templos religiosos como a Igreja Matriz São Pedro. Considerando o desenvolvimento regional, o município do Passo de Torres celebra seu aniversário de emancipação com a obrigação de valorizar suas raízes históricas e a cultura popular que moldou este imaculado pedacinho do Brasil dando um passo fundamental para o futuro.