Foi divulgada na semana passada uma pesquisa eleitoral feita em Torres, onde o resultado aponta uma vantagem importante da chapa de reeleição do atual prefeito Carlos Souza perante os outros candidatos. Mas desta vez os dados divulgados foram questionados porque: 1 – só teve UMA pesquisa; 2 – porque existem as redes sociais; explico:
1 – Em eleições anteriores em Torres, era normal as pesquisas serem feitas pelos partidos que concorriam com chance no pleito. Geralmente as agremiações divulgavam uma versão, quando outros concorrentes divulgavam outra versão – COM CONSIDERÁVEL DIFERENÇA nos percentuais de intenção de votos. E a questão ficava polarizada, com argumentos de ambos os lados. E o resultado era que as pesquisas ficavam como MAIS uma proposta eleitoral, como mais uma “malandragem” dos partidos (na avaliação de alguns eleitores). Infelizmente, promessas não cumpridas existem muito no Brasil… e infelizmente o resultado da pesquisa que estava errada era sabido somente depois do pleito.
2 – Também nas eleições anteriores, as redes sociais não estavam tão ativas. Os jornais – formadores de opinião – imprimem fatos e opinião jornalística. Mas imprimem, colocam a cara à tapa, pois as publicações têm dono (com endereço, CPF, CNPJ, etc). Mas nas redes sociais pessoas dizem o que querem – ofendem, criticam tudo e todos… e nada acontece. Porque os ofendidos geralmente não buscam reparação na justiça. E aí vira moda falar o que quer. Ou não?
Portanto, penso que estamos diante de uma NOVIDADE em Torres. A Rádio Maristela resolveu anunciar que bancou uma pesquisa para que a comunidade tenha uma divulgação que não seja carimbada por partidos políticos. Ainda assim, as pessoas têm todo o direito de questionar o resultado, como acontece em qualquer pesquisa em toda a nação. Geralmente quem está na frente diz que a pesquisa é séria e quem está perdendo diz que é manipulada… uma história mais antiga que rascunho do 1º Testamento. E o resultado final sempre será comparado com a pesquisa, quando ai, sim, um FATO – as urnas – dirão se houve erro ou não da pesquisa.
Antigamente, como as pesquisas eram contratadas pelos partidos políticos, os erros eram dos partidos políticos que a contrataram. Desta vez, como a pesquisa é contratada pela Rádio Maristela, os erros ou os acertos serão debitados ou creditados à empresa contratante do trabalho – e ao Instituto que realizou a parte técnica da pesquisa.
PESQUISAS E RESULTADO ELEITORAL II
Já na eleição do ano de 2018, que elegeu presidente, governadores, as Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional, os institutos de pesquisa erraram feio. Em alguns casos quase invertendo situações. Pra mim, isto é fruto também da entrada das redes sociais na vida das pessoas. Talvez pelo fato de cada vez mais as pessoas utilizarem este instrumento no seu dia-a-dia, a metodologia de medição de intenção de voto deva ter outras abordagens. Talvez o erro grande entre projeções das pesquisas e resultado mostrados na eleição de 2018 tenha sido um sinal de que as pesquisas deveriam ter novas formas de questionar a população sobre intenção de voto, agora nas eleições municipais. E talvez isto deva ser feito, inclusive, através das próprias redes sociais. Talvez…
Por isso e muito mais, o resultado da pesquisa feita em Torres pode não ser o espelho da realidade eleitoral. Pode ser que os números sejam diferentes, pode ser que as diferenças sejam menores (ou maiores). Mas pesquisas geralmente não erram tão feio. Se o trabalho é sério, geralmente o resultado de uma pesquisa projeta pelo menos uma forte tendência da realidade. Principalmente quando não são assinadas por partidos.
PESQUISAS E RESULTADO ELEITORAL III
Outro dado importante da pesquisa contratada pela rádio torrense mostra que a 2ª colocação está nos INDECISOS. São em torno de 20% da amostra, quando o líder tem 45%. Isto quer dizer que se um dos candidato que está abaixo na pesquisa de intenção conseguir conquistar os indecisos (pelo menos a maioria deles), o páreo fica parelho de novo.
E o fato de 20% de uma amostra ainda não saber em quem votar também mostra que até as pessoas que disseram estar seguras de seus votos podem não estar tão seguras assim. Se 20% não está seguro, os outros 80% podem também ter duvidas ainda, embora tenham dito que estão. Isto quer dizer que o pleito ainda não está em sua fase estruturada, somente está desenhando a estrutura provável.
Resumindo, as candidaturas ainda têm muita coisa a fazer. As semanas de trabalho após o dia da pesquisa (que foi feita no dia 19 de outubro) podem mudar muita coisa. Tem MUITA gente que ainda não está decidida. Mas existe uma forte tendência de ser, sim, verdade que em torno de 45% dos entrevistados estarem sinalizando que vão votar no líder da pesquisa.
PESQUISAS E RESULTADO ELEITORAL IV
Na última eleição municipal em Torres, a maioria dos votos no pleito ficou principalmente entre DUAS chapas. Desta vez são cinco chapas, o que divide os polos de oposição e situação. De certa forma a pesquisa sinaliza que 45% dos entrevistados estão querendo reeleger o prefeito; que em torno de 30% estão querendo eleger outra chapa e que em torno de 20% estão indecisos. Ou seja. A oposição está dividida.
Como a pesquisa foi feita no dia 19 de outubro e o pleito acontece dia 15 de novembro, as pessoas podem não ter ainda recebido bem as mensagens das outras quatro candidaturas que teoricamente são versões de oposição ao que está acontecendo.
Mas pelo mesmo motivo, o da pesquisa ter sido feita na metade do período eleitoral (em média), boa parte das pessoas já podem estar, sim, seguras de suas decisões, mesmo que os dados indiquem que 20% dos ouvidos ainda não estão seguras, pelos dados mostrados pela própria pesquisa.
PESQUISAS E RESULTADO ELEITORAL V
Os 20% dos indecisos estão sendo o termômetro. Se estes receberem um recado dos oposicionistas de que a cidade deve MUDAR, penso que o trabalho do candidato que está em segundo deveria ser levar para sua chapa estes indecisos, assim como conseguir que muitos que estão em outras chapas de oposição flutuem para o voto útil (votar no candidato que tem mais chances de enfrentar o líder).
Agora, se o recado mandado pelos oposicionistas for de somente propor planos, sem falar em mudança, sem criticar o que está ESTABELECIDO, penso que ganha fácil a situação, porque os indecisos irão neste caso se dividir na mesma proporção que os decididos, deixando o cenário parecido do que colocado pelos números da pesquisa, somente diminuindo ou terminando com os 20% dos que ainda não sabem para onde vão.
PESQUISAS E RESULTADO ELEITORAL V
Particularmente acho que as pesquisas deveriam ser livres, sem esta burocrática lei de ter registro em cartório, assinatura de matemático e metodologia. Desta forma, JORNAIS, RÁDIOS, sindicatos e outras entidades que possuem vínculo com segmentos sociais iriam ter suas pesquisas feitas sem ter de pagar muito ou se submeterem a burocracias da lei. E isto seria uma forma de CONQUISTAR seus leitores, ouvintes, pessoas em geral.
Não imagino que um meio de comunicação tenha interesse em fazer uma pesquisa direcionada e correr o risco de passar por tendencioso: é sua imagem que está em cheque! Não imagino que um segmento social ou empresarial que queira fazer uma pesquisa para ajudar as pessoas queira vincular seu nome em um trabalho que seja desmentido pelas urnas de forma contundente… seria uma forma de trabalhar contra sua própria marca.
Mas atualmente uma pesquisa de opinião registrada não baixa de R$ 10 mil. E empresas pequenas como jornais do interior não conseguem pagar estes valores, além de correrem o risco de errarem e serem taxados de mentirosos. Mas se as pesquisas pudessem ser feitas pelas redes sociais e fossem permitidas pela legislação, como as enquetes, por exemplo, os meios de comunicação poderiam utilizar seus leitores, ouvintes, telespectadores para fazer uma pesquisa. E com o tempo estes conquistariam credibilidade da população, positiva ou negativa. Mas isto (ainda) não pode.