PLANO DE TURISMO EM TORRES (Parte 2) – O que temos de bom (e de não tão bom)

"Pois bem, uma má avaliação da situação também leva a uma boa solução para o problema errado" (por Roni Dalpiaz).

5 de dezembro de 2020

Pois bem, uma má avaliação da situação também leva a uma boa solução para o problema errado.

A empresa contratada para fazer o Plano Municipal de Turismo encontrou, em sua análise, alguns pontos discrepantes da realidade torrense. Ou melhor, ela recebeu informações não muito condizentes com a realidade local. Exemplificando: na sua análise, a empresa chegou à conclusão que a rede hoteleira de Torres é a mais qualificada e diversificada do litoral do RS. Com base em que se chegou a esta conclusão? Na opinião dos hoteleiros? Na opinião dos hóspedes? Ou em ambos? Ou em outra? Não vi em lugar nenhum do plano esta pesquisa (ou a citação dela).

Enfim, não acho que uma afirmação do tipo “a mais qualificada” seja realmente algo que se possa dizer em um trabalho deste nível. Temos que ter uma quantificação, ou seja, o quanto ela é qualificada para identificarmos a necessidade ou não de qualificação ou, até, uma reciclagem. Assim como afirmações do tipo “mais diversificada”, seguem o mesmo raciocínio. Se quisermos melhorar alguma coisa temos que conhecê-la melhor, e não é dessa forma superficial que faremos isso.

Não vou elencar todos os pontos fortes (ou o que Torres tem de bom, de acordo com a empresa) mas vou destacar um que achei muito interessante e até gostaria de saber mais sobre ele. O item “h”, simplesmente escrito assim: Produção científica. Não entendi. Existe produção científica em Torres relevante? Na área pesquisada? Ou em outras áreas?

Bem, não vou adiante nesta parte.

Vi outras afirmações que não condizem com a realidade, mas não sei como foram obtidas e não vou contestá-las.

Como era uma análise SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, traduzindo do inglês), foram também analisadas as Fraquezas (Pontos fortes ou o que não funciona bem), dos quais destaco positivamente alguns dos itens separados em três grupos.

O primeiro grupo está relacionado a mobilidade urbana, e englobou diversos itens como: “Muitos carros, poucos estacionamentos, falta de orientação ao visitante /Única via de entrada na cidade; Ruas esburacadas; Alagamentos em alguns pontos da cidade. Todos, me parece, não são novidades para quem vive aqui na cidade”.

O segundo grupo, está relacionado ao turismo propriamente dito: “Falta de dados sistematizados sobre o turismo local; Pouca divulgação / divulgação ineficaz do município; Recursos para setor de turismo (poucos e mal distribuídos); Venda individualizada (empreendimentos) / falta de produto e agente vendedor /falta de roteiros estruturados para ampliar permanência do turista; Falta de definição de identidade; Aspectos políticos sobrepondo aspectos técnicos; Falta de política pública de desenvolvimento e promoção do turismo; Baixa integração da cadeia produtiva do turismo e desta com a cadeia produtiva associada ao turismo; Capacitação / qualificação de pessoal em várias atividades e setores. Aqui encontramos um contrassenso ou uma distorção entre Ponto forte e ponto fraco, como por exemplo a falta de capacitação ou qualificação em conflito com a qualificação já atribuída como um ponto forte”.

O terceiro grupo, está relacionado a preparação para o turismo: “Poluição visual (fachadas, placas, outdoors); Falta de fiscalização de excursões (presença de guia não exigida); Sinalização turística deficitária; Turismo não planejado / turismo de massa; Desconhecimento da população sobre formação histórica e cultural; Falta de programação vinculada aos atrativos turísticos”.

Desta análise do que tema “O que Torres tem de bom” e “do que não funciona muito bem em Torres” chega-se à conclusão de que a primeira foi superestimada e a segunda estava bem próxima da realidade.

Ao meu ver nenhuma novidade, nem para mim, nem para a maioria dos torrenses envolvidos diariamente com turismo e com as atividades correlatas. O grande mérito deste trabalho é realmente o de mostrar a realidade que a maioria das pessoas veem e registrá-la de uma forma que ela possa ser enfrentada e transformada.

Na próxima semana, vou me focar nas estratégias recomendadas e nos planos de ação propostos.

(continua na próxima semana)

 

Fonte: Câmara Municipal de Vereadores de Torres (camaratorres.rs.gov.br)

Projeto de Lei  Nº 0057/2020.




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