Em uma fase de opiniões polarizadas e de início de período pré-eleitoral nos municípios, cabe à coluna ajudar as pessoas a conferirem bem qual é o seu papel na política: se apoiar a política ou se juntar à politicagem; se queremos utilizar a democracia para ajudar à nossas vantagens individuais, ou se queremos utilizar nosso direito ao voto ao escolher candidatos que defendem de forma coerente um caminho ideológico.
A eleição de Lula para a presidência, ocorrida em 2022, pode ser utilizada como marco para nossas avaliações. Avaliações tanto de quem são os partidos políticos que merecem nosso voto e nosso apoio e quem são os candidatos que se enquadram em nossa ideologia. Primeiro porque a maioria das pessoas que votaram em Lula, acho eu que assim o fizeram por não quererem reeleger Bolsonaro. Assim como acho que a maioria das pessoas que votaram em Bolsonaro assim o fizerem também para evitar que Lula e seu partido voltassem ao poder.
O resultado disto é por um lado a decepção da maioria dos eleitores de Bolsonaro, que perdeu a eleição contra Lula. Mas pode estar sendo a decepção também de muitos outros que votaram em Lula só para tirar o cargo de Bolsonaro, mas que colocam no poder um político e um partido que mostram não terem nada a ver com sua ideologia social, de não terem nada a ver com a sua forma de enxergar o trabalho coletivo em nome da sociedade. Estes ( quase todos!) podem estar se dando conta que elegeram a politicagem como prioridade ao invés de escolherem a política, assim como outros que elegeram Bolsonaro em 2018 pelo mesmo motivo também assim se sentiram. . Ou não?
Política é ter ideologia. O resto é politicagem 2
Uma questão básica que está em pauta e pode servir de bengala a nossa avaliação deste tema é a existência ou não das Empresas Públicas, ou melhor, o motivo da existência das Empresas Públicas.
Um governo Liberal como o do ex-presidente Bolsonaro acredita que as empresas públicas não deveriam fazer parte de governo nenhum: somente se estas forem indispensáveis para o funcionamento das coisas, ou seja: se o que as empresas produzem não fosse ofertado no país para consumo, caso estas não fossem publicas. Acredita que a concorrência é a melhor forma de as pessoas em geral terem cada vez mais opções de melhor preço e de melhor qualidade para suas escolhas individuais, assim como a democracia dá opções de caminhos melhores justamente pela concorrência entre candidatos e partidos políticos.
Já um governo de mais tendência Socialista, como o governo atual, acredita, ao contrário, que as empresas públicas são preciosas para uma sociedade. Mesmo que estas não deem lucro (ao contrario a maioria dá grandes prejuízos) defendem que a não existência de princípios capitalistas no sistema produtivo da empresa pública faz com que o produto ou o serviço tenham preços mais justos para o povo. Consequentemente, os socialistas acreditam que ao governo pode usar seu poder para criar barreiras nas empresas que concorrem com as empresas públicas, justamente para que elas (empresa pública) possam manter seus produtos competitivos no mercado, ou seja: acreditam que a interferência estatal é mais importante que a concorrência acreditada pelos liberais. Onde você está?
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Outra questão que define bem as fronteiras ideológicas é a da probidade administrativa, tanto de governos federais, governos estaduais ou governos municipais. Um lado da ideologia, a mais conservadora, chamada de Direita, defende que os governantes têm que ter responsabilidade fiscal com as contas governamentais. Defende que a probidade fiscal deve ter a mesma característica de um comando de uma conta de receita de orçamento de uma família, de uma empresa, de uma entidade: não pode faltar fôlego para pagar as contas assumidas. A direita é a favor da colocação de limites econômicos aos gestores públicos, limites legais sobre eles mesmos… em nome do respeito aos pagadores de impostos ( a sociedade).
Já a Esquerda defende que a prioridade é a execução das coisas que a sociedade apresenta, depois “se olha o que tem que se fazer para pagar a conta”. Isto faz com que aumentem desembolsos em programas sociais, sem diminuir o desembolso em outras áreas do governo que compensem este aumento… E o resultado é, muitas vezes, o déficit. E quando há déficits que engessam as administrações, estas mesmas acabam: ou aumentando impostos ou emitindo moeda ou dívida dos governos sem a contrapartida produtiva. Criam recursos financeiros sem ter trabalho feito para criar àquele dinheiro, o que gera inflação e desvalorização da moeda.
O governo Lula atualmente está claramente de um lado. O governo Bolsonaro, ao contrário estava d’outro. Se você escolheu Lula e prefere a opção de Direita você pode ter caído na politicagem. E se você votou em Bolsonaro e prefere a opção mais de Esquerda, da elasticidade de limites fiscais, você também pode estar se tornando mais politiqueiro do que eleitor político. Ou não?
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Nos municípios esta opção se mostra também de alguma forma. E como estamos prestes a votar para prefeito e vereador, o mais saudável seria pelo menos procurarmos escolher partidos e políticos que estejam do mesmo lado de nossas ideologias (ideias de sociedade). Se acreditarmos que na cidade de Torres a prioridade de Investimentos deve estar na infraestrutura do Turismo e suas inter-relações, porque você acredita que é desta forma que a sociedade local vai aumentar mais a oferta de Emprego & Renda deverias escolher um partido que acredita na mesma “Estrada” a rumar que a sua. Consequentemente escolher nestes partidos as pessoas que você mais vê Coerência entre o seu discurso e esta prática.
Por outro lado, se você acredita que os Investimentos da prefeitura devem ser em melhorias do atendimento e da segurança das Pessoas, nos benefícios sociais ao invés do emprego e da renda das mesmas pessoas da cidade, eventualmente abrindo mão de melhorias da infraestrutura, você também deveria escolher um partido político que assim também acredita, consequentemente também escolhendo nestas agremiações, candidaturas que sejam coerentes com suas práticas de vidas nestas questões.
Resumindo: se você vota em quem promete seguir um caminho saudável, seja ele um caminho socialista ou progressista, mas coerente com sua ideologia, você estará sendo um Eleitor Político. Mas se você escolher seu candidato nas eleições municipais por conta das coisas que ele promete fazer para ajudar diretamente suas Demandas Pessoais, dando em troca o cargo de prefeito ou vereador para ele, você pode estar sendo Politiqueiro. O que, em Minha opinião, não ajuda a melhoria da democracia como forma de civilização.