REELEIÇÃO É “DAR PASSAGEM”

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

25 de novembro de 2020

Em Torres, em Arroio do Sal, em Três Cachoeiras, em Terra de Areia, em Morrinhos, aqui na região, aconteceram reeleições de prefeitos. Em Torres, desde a permissão da reeleição, somente dois prefeitos conseguiram se reeleger: João Alberto, em 2008 e Carlos Souza, neste pleito de 2020. Cafrune em 2000 não conseguiu se reeleger; Milanez, em 2004, também não; e Nílvia, em 2016, sequer tentou mais um mandato. Antes não era permitida a reeleição para prefeitos. E antes, ainda, a eleição não existia: eram nomeações feitas pelos governadores, na época da ditadura.

No pleito passado, estávamos em um período onde a Câmara Federal já havia votado a proibição da reeleição em todo o território nacional para todas as funções executivas: Prefeito, Governador e Presidente.  Muitos prefeitos se elegeram afirmando que não fariam trabalho visando a reeleição porque esta estava sendo encerrada. Só que o PL ficou no Senado. E até hoje não andou, ou seja: a reeleição ainda é permitida e àqueles que diziam que não queriam a reeleição acabaram “querendo”.

Normal, como sobremesa boa, o poder é uma coisa que , quem gosta, gosta de repetir, principalmente quem se identifica com o trabalho e acredita que será reeleito caso concorra para mais um mandato.

Pra mim, a reeleição é saudável e necessária. A burocracia nas leis constituídas no Brasil chamada de “cidadã” pela Carta Constitucional homologada em 1988 na nação, não permite que em apenas quatro anos um trabalho de base seja totalmente possível de ser apresentado. Se as coisas não fossem tão burocratizadas e intoxicadas de normas, prefeitos conseguiriam fazer muito em quatro anos. Mas, se somente em uma licitação, pela lei nacional, se gasta três meses em media para um processo, aí é difícil.

Enfim, a população educadamente “deu passagem” para mais um mandato de vários prefeitos da região. Dar passagem pelo voto é manter o motorista na direção das decisões que dizem respeito ao uso dor recursos retirados do povo em impostos e colocados na mão dos políticos para que façam o melhor uso possível, neste caso de prefeitos, nas cidades.

MUITOS PARTIDOS FAZEM COM QUE OS PARTIDOS FIQUEM ENFRAQUECIDOS

As pessoas questionam – COM RAZÃO – o fato sistêmico nas eleições de haver candidaturas com mais votos que outras que não entram, assim como, obviamente, terem candidaturas que se elegem mesmo tendo menos votos que outras. O processo já existia quando havia as coligações proporcionais, mas não era tão forte quanto às diferenças que existem atualmente com a exigência de as sigas concorrerem sozinhas para as Câmaras. Explico.

Quando existem poucos blocos concorrendo, podem existir menos diferenças. Elas existem, mas geralmente são um ou dois casos, pois as agremiações estavam juntas, unindo esforços para fazer o maior número de coeficientes eleitorais (mais ou menos o numero de votos válidos divididos pelo número de cadeiras na Câmara).

Mas quando existem vários partidos, como tem acontecido nas últimas eleições, por conta do aumento sistêmico de numero de siglas registradas, podem acontecer VÁRIAS distorções, como aconteceu em Torres, por exemplo. Teve um caso de um partido que teve vários candidatos somando entre 100 e 150 votos, que, somados, conseguiram fazer o coeficiente (+ ou – 1500 votos), o que elegeu um candidato com menos de 300 votos, mas que foi o mais votado dentro da sigla.

Isto tem um lado positivo para a democracia. Fomenta que mais gente entre para colher votos para um plano de trabalho, uma ideia, simplesmente para conseguir eleger pelo menos um representante ou dois. Mas tem um lado ruim: pessoas que tiveram mais de 450 votos e não foram eleitos, justamente porque as sobras de seus partidos (após fazerem os coeficientes) foram menores para eleger estas pessoas do que àquelas do partido que elegeu um com menos de 300.

Em minha humilde opinião, os partidos não deveriam receber nenhum centavo de verbas, nem de fundo partidário, nem de fundo eleitoral. Daí a política se resumiria somente às agremiações que efetivamente tenham um programa factível e que, consequentemente, podem conseguir recursos privados para seus projetos de poder (eleições). Atualmente tem muito partido que só existe para conseguir emprego, dentro do partido para coronéis, o de e fazer coerção com partidos no poder para conseguir outros cargo$.

SEMPRE DUAS FORÇAS

Em Torres, o prefeito Carlos Souza conseguiu se reeleger com 10.528 votos, representando a força quase integral do Partido Progressista em Torres. Em segundo lugar ficou Tubarão, do PDT, com 4.386; e em terceiro Alessandro (MDB) com 4.254, ambos (2º e 3º quase empatados). A eleição do PP foi mais fácil porque, se somada a participação do PDT e do MDB, ainda não haveria sequer ameaça a reeleição do prefeito Carlos, pois seriam 8.640 votos.   Mas a eleição se fosse assim (10.500 de Carlos contra 8.600 do opositor) seria mais parecida com outros pleitos.

Acontece que Alessandro e Tubarão eram do mesmo MDB, que estava unido até o ano de 2015. Só que em 2016, Tubarão e Alessandro queriam, ambos, ser o candidato do partido. E aí foram para a decisão por votos dentro da agremiação. Alessandro venceu por dois votos, praticamente a mesma diferença que obtiveram nas urnas no pleito deste ano: nula, um empate quase matemático.  Por isso, dá para se dizer que Torres apresenta ainda duas forças, geralmente representadas por MDB e por PP. E que a eleição foi ainda mais fácil porque a parte que perdeu foi o PDT, geralmente partido que é o fiel da balança, que decide os pleitos quando apoia uma sigla, sendo ela MDB ou PP. E para lacrar as dúvidas, sabe-se que, mesmo juntando todos os partidos, o prefeito Carlos se reelegeria, pois teve mais de metade dos votos validados.  Foi fácil

DUAS FORTES FORÇAS EM ARROIO DO SAL 

A eleição em Arroio do Sal foi – como se imaginava – bastante competitiva. É que o ex-prefeito Luciano Pinto (Republicanos) resolveu voltar a competir pela cadeira de prefeito da cidade após ter sido eleito e reeleito nos anos de 2008 e 2012. Só que enfrentou um candidato que fez um trabalho profícuo na cidade nos últimos quatro anos, inclusive iniciando o mesmo trabalho ao vencer a eleição em 2016 do ex-vice de Luciano, com a participação ativa do próprio Luciano (no pleito) para conseguir eleger seu sucessor: um ídolo consagrado em oito anos indicando um sucessor.  Mas Bolão (MDB) Conseguiu, totalmente com méritos.

A campanha vencedora de Bolão (MDB) teve mais participação visual na eleição, o que indica que teve mais poder financeiro do que a de Luciano. Mas o ex-prefeito marcou lugar na história das eleições de Arroio do Sal de 2020 porque:

1 – Trocou de partido – do PDT para o Republicanos e continuou representando a segunda grande força em Arroio do Sal, que por sua vez representa a oposição. Teve a candidatura do PTB, por Jerry, mas que não conseguiu levar oposicionistas em número significativo para o seu bloco.

2 – Conseguiu uma bela votação em uma campanha de poucos recursos.

O Pleito foi bonito, mas a população deu passagem para mais um mandato do grupo liderado pelo prefeito Bolão. E Arroio do Sal está iniciando a inédita passagem de dois prefeitos reeleitos seguidos, o que prova que as duas candidaturas foram boas e tiveram sua participação no desenvolvimento de Arroio do Sal, que vai muito bem, diga-se de passagem.

 

 

 

 

 

 

 

 




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