Desde o ano passado, a sociedade vem se mobilizando contra a liberação da caça de animais silvestres no Brasil. E, apesar da forte oposição social, o Governo Federal vem anunciando a sua simpatia pela prática, dando força para que os quatro Projetos de Leis em curso no Congresso Nacional sejam aprovados.
Ongs de proteção aos animais do Brasil formaram a rede Todos Contra a Caça (www.todoscontracaca.com.br), lançando documentos como manifestos, abaixo-assinados, ofícios para os deputados e enquetes nas redes sociais. O mais recente documento, o manifesto “Sociedade reage: não à liberação da caça no Brasil” já conta com 600 adesões de coletivos, ongs, artistas, pesquisadores, entre outros, e o abaixo-assinado “Reaja! Diga não à liberação da caça no Brasil” já tem 161 mil assinaturas.
No site da Câmara dos Deputados, em enquete sobre a opinião dos cidadãos acerca do PL 6.268/2016 de autoria do ex-deputado e não reeleito Valdir Colatto (MDB/SC) dos 3.294 participantes, 3. 245 escolheram a opção “Discordo totalmente”.
Como comentei, além deste PL, há mais três tramitando: PL 7.136/2010 de autoria do atual Ministro da Casa Civil, o ex-deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM/RS), PL 436/2014 de autoria do deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB/SC) e o PL 1.019/2019 de autoria do deputado federal Alexandre Leite (DEM/SP).
Em síntese, esses PL’s fazem previsão da criação de reservas de caça (safári), legalização da caça de esporte, biocídio de animais silvestres que ameacem as atividades agropecuárias, à integridade e diversidade biológica dos ecossistemas, retira o porte de arma dos agentes de fiscalização do IBAMA e do ICMBio, e, ainda, prevê a “eutanásia” de animais levados para os centros de triagem da fauna silvestre (locais que devem reabilitar os animais apreendidos para soltura na natureza).
Em realidade, estes Projetos de lei representam uma aberração socioambiental em termos de manejo da fauna, liberação do uso de armas, extinção de espécies e destruição de valores éticos de respeito à vida de seres vulneráveis e sencientes, os animais. Demonstram o despreparo do Governo Federal em traçar políticas públicas de conservação e preservação do meio ambiente, flora e fauna, para as presentes e futuras gerações.
Enquanto o nosso país, que abriga a maior diversidade biológica do Planeta, se mostra ao mundo de forma vergonhosa no cuidado desse patrimônio, a Organização das Nações Unidas (ONU) lança um relatório de 1.500 páginas, realizado por 145 pesquisadores de 50 países que revisaram 15 mil artigos científicos sobre a situação da fauna e da flora no Planeta, onde concluem que as ações humanas estão levando à extinção em torno de 1 milhão de espécies de animais e plantas, em uma velocidade jamais vista no Planeta. Sem animais e sem plantas não sobreviveremos! Cada um deles desempenha uma função ecológica que mantém em equilíbrio os ecossistemas. Ar, água, solo, florestas, oceanos tudo está interligado, como um organismo vivo. Cada espécie que entra em extinção significa uma perda global. Me causa perplexidade o retrocesso ambiental patrocinado pelo Governo Federal. Perplexidade compartilhada por muitas pessoas conscientes das consequências nefastas da “nova” política ambiental no Brasil. No dia 08 de maio, os ex-Ministros de Estado do Meio Ambiente, após reunião fechada para analisar a situação, lançaram um Comunicado para a sociedade e Governo, onde destaco “A governança socioambiental no Brasil está sendo desmontada, em afronta à Constituição.”
Quem pagará a conta desse desgoverno, seremos nós, nossos filhos e netos! Enquanto isso no twitter…
****Acesse nosso site: https://www.atpacoracaoanimal.org ****