TURISMO NÃO É BEM ESTAR SOCIAL

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

7 de dezembro de 2019
Por Fausto Júnior

Muita gente DE TORRES está “reclamando” da escolha dos shows que animarão o próximo Réveillon da cidade. Dizem de tudo: “muito fracos”, “ruins”, “desconhecidos” e até ironizam em alguns casos, afirmando que “preferem ficar assistindo o Netflix”. Opiniões são opiniões, mas como toda, tem gente que concorda e tem gente que discorda.

O que deveria ficar claro para os moradores de Torres é que, em princípio, o Réveillon é um PRODUTO DE TURISMO, portanto construído para integrar uma programação de pessoas que querem PASSAR UNS DIAS na cidade, ou que possuem imóveis de veraneio por aqui e passam parte dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro morando neles (em férias ou fora delas). Mas pessoas que são oriundas de outras cidades, por isto são TURISTAS. E que junto com o mar, dos atrativos naturais, dos atrativos gastronômicos e etc., eles também curtem o Réveillon, alguns participando ativamente das festividades que podemos chamar de “públicas”, promovidas com sucesso anualmente pela Prefeitura de Torres já há quase 40 anos e outros não.

O produto de Turismo é feito para agradar o TURISTA. Portanto, não seria responsável os gestores da municipalidade priorizarem o GOSTO DOS MORADORES FIXOS ao invés de decidirem em prol do que querem os Turistas (como um todo nas visitas – turismo). O evento do Ano Novo possui os fogos de artifício como tema central. O resto são atividades que contribuem para que alguns turistas fiquem na beira da praia depois do show pirotécnico curtindo a noite, com amigos ou com as famílias, assim como há de se lembrar de que têm, também, pessoas vão para outras atividades depois dos fogos e não lhes interessa o show da noite.

Torrenses devem entender que é saudável participar das atividades do réveillon juntos com os visitantes.  Mas devem entender que o formato do evento não é feito para moradores, é feito principalmente para turistas, turistas estes que sustentam o dia a dia das vidas da maioria da população local, quando consomem em hotéis, alugam apartamentos e casas, consomem em mercados, em lojas e geram emprego & renda para os torrenses, de forma direta ou indireta.

Os shows GRATUITOS em Torres não são escolhidos, em princípio, para agradar moradores locais e de cidades vizinhas, que, como moradores, vêm ver a apresentação e vão dormir em casa, em suas cidades que orbitam Torres. Os shows fazem parte dos ritos de recepção do DESTINO TURÍSTICO TORRES a parte dos Turistas.

TURISMO NÃO É BEM ESTAR SOCIAL II 

A decoração de Natal na cidade está um show. E esta, sim, pode ser considerada, ainda, uma atividade para moradores de Torres e visitantes sistêmicos da cidade (moradores de outras cidades satélites), além de ser turística “embrionária”. A decoração inicia em novembro e vai até o Natal, período que ainda não é considerado de veraneio. E a prefeitura gasta nele recursos que poderia gastar no Turismo tradicional – Réveillon), mas gasta principalmente para levantar a autoestima dos moradores e fomentar o movimento do comércio pelo clima de camaradagem e sentimentos de humanismo que a data remete (com ou sem requintes religiosos), além de criar um NOVO evento de fomento ao Turismo.

O Natal de Torres é uma atividade de BEM ESTAR SOCIAL da comunidade, de fomento a compradores do comércio local de cidades vizinhas e pode se transformar com o tempo em mais um evento grande e aberto local, como é atualmente o Balonismo e o Réveillon.

A prefeitura gastou R$ 250 mil para decorar e realizar os eventos natalinos em Torres, um investimento comunitário e de aposta num novo calendário turísticos, mas de estímulo dos torrenses, sim. E este dinheiro poderia ser utilizado para trazer um show nacional CARO na virada, um gasto que duraria uma hora e ponto final: Vupt!

Particularmente, acho que o investimento na decoração de Natal foi mais eficaz, já que os shows de virada não tem efetividade no fomento do objetivo do evento réveillon em Torres: a vinda de Turistas e veranistas no veraneio.  E o Natal pode crescer e emendar com o réveillon, abrindo mais um espaço para que os torrenses obtenham renda e emprego por conta dos já citados reflexos do Turismo, nossa vocação.

Exemplos do turismo da cidade de Gramado para Torres?

Assisti na quarta-feira, na Ulbra, no Fórum de Turismo de Torres, palestras ministradas por profissionais de alto calibre do trade gaúcho do setor.  As palestras do evento realizado pela Prefeitura de Torres e pelo Conselho Municipal de Turismo falaram, em todas elas, da falta de planejamento dos gestores da cidade de Gramado e as ruis consequências atuais.

A falta de água em picos de movimento, o engarrafamentos engessados dentro da cidade, que chegam a fazer com que se demore 45 minutos para percorrer dois Km, engarrafamentos e outros incômodos nas estradas dos acessos da cidade, todos elas ainda simples (uma via) e etc., parece que são os ônus que os bônus do aumento exponencial do Turismo por lá causaram por falta de planejamento urbano dos gestores do sistema público de Gramado.  E agora?

Os palestrantes chagaram a falar que muita gente que vai a Gramado sai de lá com tal má impressão destes problemas, que fica traumatizada e acaba não voltando pelo trauma: um processo que pode ser uma bola de neve no conceito negativo do Turismo local e que acende uma luz vermelha.

Cabe a nós, torrenses, aprendendo com isto, voltar a pensar no nosso planejamento urbano para receber turistas. Temos que retomar os projetos da Entrada da Zona Sul (Estrada do Mar – que pode emendar com BR 101); Entrada Norte (Via São João pelo bairro Salinas) e alternativas. E isto deve constar no projeto do Plano Diretor como fomento ao crescimento sustentável.

Rever processo de Mobilidade Urbana (mãos das vias, estacionamento, Sinaleiras em esquinas, rotatórias); rever limpeza nas praias (máquinas especiais); rever recolhimento de lixo em dias extremos e criar novas formas de recolher os resíduos dos moradores e turistas; e sempre estar revendo a capacidade de abastecimento de água e de luz, além da URGENTE melhoria na captação e tratamento de esgoto sanitário.

Não podemos correr o risco de deixar a cidade fedorenta por falta de planejamento. O Turista não volta se isto acontecer de forma aguda, causa da falta de planejamento.

Olho no lance”!

 

SEGMENTAÇÃO

Secretário de Turismo da cidade de  Canela  está revolucionando

 

No mesmo Fórum de Turismo de Torres, os palestrantes apresentaram provas de que as teorias que valorizam a segmentação de mercado já são científicas (acontecem na prática), mas também apresentaram casos de sucesso que utilizam vantagens comparativas agressivas, que fazem com que haja divisão de consumidores também em destinos turísticos.

O secretário de Turismo da prefeitura de Canela Ângelo Sanches Thurler, por exemplo, citou um entre várias ações “vencedoras” que ele implementou no município para conquistar turistas para si, para que Canela não continuasse como uma espécie de segunda opção ao turismo de Gramado (cidade vizinha).

Como a cidade vizinha cobra ingresso para todos os acontecimentos oferecidos para o turista, Canela passou a dizer de forma agressiva que OS EVENTOS NA CIDADE SÃO GRATUÍTOS. E levou muita gente para lá, gente que queria ficar mais na serra hospedada, mas que não queria (ou não tinha) dinheiro para pagar pelas atividades do dia-a-dia, incluindo shows noturnos. Gol!

Isto é chamada em Marketing uma “Estratégia de Baixo custo”, que conquista gente por valorizar esta vantagem comparativa, assim outros valorizam pagar, mas acham que terão mais qualidade no serviço “comprado” do que recebido gratuitamente. Segmentação de mercado tem gente para os dois lados. E Canela aumentou seu movimento de forma SIGNIFICATIVA, quando Gramado deve ter ficado mais com as pessoas que valorizam seu diferencial, mesmo que pagando para isto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Veja Também





Links Patrocinados