UM PLANO DE TURISMO À LONGO PRAZO PARA TORRES

"Sem desrespeitar o trabalho feito pela consultoria contratada pela prefeitura para fazer o Plano Municipal de Turismo, mas mesmo nas atuais circunstâncias o plano deveria ser definido para um prazo mais longo, deveria ser projetado para um futuro a longo prazo, mesmo que tenha que ser ajustado de tempos em tempos" (por Roni Dalpiaz).

11 de dezembro de 2020

 

Como já disse em várias colunas anteriores, muitos são os caminhos para o turismo em Torres mas temos que escolher um e nos posicionarmos. Não adianta “atirar” para todos os lados, tentando encampar vários e vários segmentos e sem agradar nenhum. Temos que definir o que queremos e aí nos posicionarmos e nos prepararmos para isto.

Sem desrespeitar o trabalho feito pela consultoria contratada pela prefeitura para fazer o Plano Municipal de Turismo, mas mesmo nas atuais circunstâncias o plano deveria ser definido para um prazo mais longo, deveria ser projetado para um futuro a longo prazo, mesmo que tenha que ser ajustado de tempos em tempos.

Mas vamos a elas, as estratégias propostas!

A primeira já é uma das mais buscadas ao longo dos anos, o Reposicionamento Mercadológico. Com o passar dos anos aquela visão de praia das “elites”, charmosa e seletiva, se desmanchou. Ela não mais existe. Torres, como um barco sem rumo, ficou à deriva. Sem grande parte da elite gaúcha que migrou para os condomínios fechados de Atlântida e arredores, e sem o grande fluxo de argentinos que minguou ano após ano, Torres se viu à frente de um dilema que até hoje não solucionou. Qual caminho a seguir? Buscar novamente a elite perdida, tornar-se mais popular e aceitar todos os públicos, ou escolher um meio termo?

Além disso, há outra preocupação que sempre passou pela cabeça dos vários prefeitos que administraram a cidade: o que fazer nos meses de baixa temporada? Esta preocupação foi sendo trabalhada e ainda não se conseguiu nada muito efetivo para solucioná-la.

De acordo com o plano, o reposicionamento abrangerá mais do que escolher um caminho, ele deverá escolher uma mudança de perfil (ou assumir o perfil existente) que envolva o bem-estar e a qualidade de vida.

Tudo certo, mas quando se trabalha com este tipo de escolha tem que se olhar para o que existe e ver o que será necessário para esta adaptação de perfil. Será que o público que já existe e frequenta a cidade se adaptaria a esta mudança de status? Se este perfil não mais nos interessa, e queremos mudar, como serão preparados os atrativos para este novo perfil? Tem como fazer estas mudanças? Não seria melhor conhecer primeiro o perfil dos que já frequentam e aí mudar ou adaptar a cidade a este público? Ah, seria mas queremos outro público também. Então teremos que ver se estes dois ou mais perfis são compatíveis (entre si), a assim fazer as mudanças. Se eles não forem compatíveis não dará certo.

O que vi nestas estratégias são apenas ações a curto prazo para sanar muitos dos problemas estruturais pré-existentes. Ótimo, elas devem ser feitas, mas não é um planejamento estratégico direcionado aos objetivos específicos claros.

Por exemplo, fazendo o referido reposicionamento mercadológico, sustentado basicamente pelo bem-estar e qualidade de vida como fatores de atratividade para Torres, estaremos trocando o foco em nossas belezas naturais únicas (ou pelo menos ímpares), por algo que se pode encontrar em milhares de lugares do mundo. E claro, priorizando a qualidade sobre a quantidade, um preceito seletivo e sobre diversos aspectos questionável, pois envolverá lá na frente o aumento do “ticket médio”, a grosso modo, aumento dos preços, um antigo subterfúgio utilizado para a seleção de público, por sinal o que faz muito bem a cidade de Gramado há alguns anos.

Com todo o respeito, este plano é muito fraco de conteúdo, de novidades e de soluções (criativas). Nota-se a falta de conhecimento de tudo o que foi feito durante os vários anos que Torres interagiu com esta força econômica e social chamada Turismo. Muitas das propostas já foram até implementadas acertadamente ou com falhas estruturais. Certamente não sou eu quem vai dar ou ditar o caminho que a cidade deva seguir, mas existem vários elementos neste plano que devem (deveriam) ser implementados, uma vez que já existiram e/ou foram deixados de lado por um ou por outro prefeito.

Não devia mas vou listar pelo menos algumas das “novidades” propostas no plano que já foram implementadas e/ou abandonadas:

 

-Identidade visual: esta é uma das primeiras coisas que cada prefeito entrante faz. Cria a sua identidade vinculada ao novo rumo que a cidade irá tomar, de acordo com a nova administração. Não estou dizendo que isto não é bom, a minha questão é: se escolheu uma em uma administração, na próxima ela deverá ser a mesma e não modificada, pois corre-se o risco de nunca ter uma identidade fixada.

 

-Integração regional: integrar o litoral com a serra… lembram do Caminho dos Vales e das Águas? Era isso, foi abandonado. Agora existe um outro programa, ótima estratégia, mas ela já existe até mesmo neste governo.

 

-Turismo de natureza: também já explorado por várias administrações com alguns acertos e muitos erros.

 

– Educação para o turismo: já existiu uma disciplina obrigatória nas escolas sobre Turismo mas foi retirada da grade das escolas municipais por falta de professores (??).

 

Enfim, muito do que se vê neste plano são realmente tentativas de soluções para problemas que existem há tempos, e que são inerentes a uma cidade turística como: problemas relacionados com desenvolvimento sustentável, educação para o turismo, sinalização turística, infraestrutura turística, conservação viária e sanitária, integração da cadeia produtiva e o trade turístico, comunicação turística, integração entre as secretarias municipais, diversificação de ofertas turísticas, entre outras.

Tudo isso está relacionado, é claro, com o Plano Municipal de Turismo, mas é também inerente a gestão municipal, e um plano deve estar entrelaçado com o outro. Porém o de turismo poderia ser melhor direcionado, sendo assim, aderente a qualquer novo administrador (prefeito) que assumir o município. Sendo, desta forma, um plano realmente de longo prazo.

 

Fonte: Câmara Municipal de Vereadores de Torres (camaratorres.rs.gov.br), Projeto de Lei  Nº 0057/2020.




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