Uma singela homenagem as mulheres

O Dia Internacional das Mulheres é celebrado, anualmente, no dia 8 de março. Destacando esta importante data, faço aqui minha homenagem às mulheres no seu dia, na sua semana, no seu tempo, enfim, chegado. Para tanto, trago um texto da poeta e cronista portuguesa Ângela Caboz (por Paulo Timm)

8 de março de 2024

O Dia Internacional das Mulheres é celebrado, anualmente, no dia 8 de março. Destacando esta importante data, faço aqui minha homenagem às mulheres no seu dia, na sua semana, no seu tempo, enfim, chegado. Para tanto, trago um texto da poeta e cronista portuguesa Ângela Caboz

 

PEDAÇOS DE MIM

Por Ângela Caboz

 

O medo tentou raptar-me.

Levou-me por caminhos incertos. Mostrou-me os espinhos e escondeu

as rosas. Quis-me fazer acreditar que a Primavera não iria voltar e que eu

estava definitivamente condenada a sofrer.

O medo convidou-me para conhecer o lado oposto da vida. Roubou-me

o sol e disse-me que na escuridão tudo era mais perfeito.

Atordoada segui-lhe os passos sem compreender que não estava a

caminhar. Com ele só poderia retroceder ao que não queria voltar a viver. Ele

queria impor as suas regras e mudar quem eu sempre fui por vontade própria.

Apagou-me o sorriso dos lábios. Riscou a palavra felicidade do meu

dicionário.

Aceitei ser refém dessa sombra para que ninguém visse o tormento que

me perseguia. Não queria que vissem a cor da minha mágoa, nem sentissem o

cheiro do meu sofrimento.

Fiz essa viagem ao fundo do abismo. Quis acreditar que o mundo era

um inferno em chamas e que sofrer era a forma certa para viver. Quis

perder-me no meio da escuridão para não ver o que está à minha volta.

Só que a meio do caminho senti o cheiro do amor. Vislumbrei as pétalas

de uma rosa por entre os raios do sol que não obedeceu às ordens do medo e

continuava ali a iluminar os meus dias naquela floresta negra onde andava

perdida.

Chamei pelo amor, indiferente ao olhar ameaçador do medo que me

queria calar a todo o custo. Chamei por mim e pedi de volta todos os meus

sonhos sem querer saber se o medo iria ou não aceitar esta minha decisão. A

vida era minha e ele era apenas um intruso que estava a virar do avesso a

minha realidade.

O medo quis raptar-me, mas o amor ensinou-lhe que num coração com

sentimentos quem manda é ele. Expulsou o medo da minha vida e comecei a

viver de braço dado com a alegria que o amor me mostrava, desenhando linhas

por onde deveria caminhar se quisesse continuar a sorrir.

O medo retirou-se contrariado, mas ninguém lhe deu grande

importância. O foco era viver e sentir a vida a cada momento e essa é uma

dança que o medo não sabe dançar




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