De 2 a 8 de maio, Porto Alegre realizou, em formato virtual, a primeira Semana da Compostagem. Em Torres, onde 60 mil habitantes produzem diariamente em torno de 40 mil quilos de resíduos orgânicos, Luana González Bassa faz, com a ajuda de minhocas, um trabalho de formiguinha para reduzir esse montante e também a quantidade de sacolas plásticas usadas para acondicionar os resíduos.
Além de manter, com a ajuda do enteado de 10 anos, e do noivo, duas composteiras em casa, a museóloga multiplica a ideia presenteando pessoas queridas com terra, minhocas californianas e composteiras. “É como se fosse um eletrodoméstico dentro de casa, é como ter uma sanduicheira, um liquidificador: tu dás uma composteira”. Luana garante que o processo é higiênico, não atrai insetos, não dá cheiro e gera uma terra cheirosa e fértil. Mesmo o chorume – o líquido que sobra e vai para a base da composteira -, é, segundo Luana, quase incolor, que misturado com água pode regar as plantas.
Ela acredita que se todo mundo fizesse isso diminuiria muito a quantidade de lixo em aterros e aumentaria muito a produção de hortinhas em casa. “É uma ideia muito simples, muito fácil, basta ter persistência e observação do que está acontecendo ali na composteira, o que é que está precisando”.
Processo fundamental para o meio ambiente
Para a associada da Ecotorres Iara Aragonez, o mais importante da destinação correta dos resíduos é não envia-los para os aterros sanitários ou lixões. “Do ponto de vista ambiental é fundamental”. Outro aspecto destacado por Iara e é que, com a compostagem, parece que a cozinha fica mais limpa: “não tem aquele resíduo ali naquele lixo que tu vais botar fora”. No entanto, sua própria composteira, feita durante uma oficina em 2019, promovida pela Ecotorres, Centro Ecológico, Onda Verde e Cineclube Torres, não funcionou. “Estou muito incomodada com isso porque fiz por anos a fio em Porto Alegre e aqui eu parei”.
Iara reconhece que, em Torres, abriu mão do trabalho das minhocas e por isso o processo não aconteceu. Pretende desta vez comprar uma composteira, talvez do tipo que o estudante de Agronomia na Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) Gabriel Meirelles, fez há algum tempo atrás, inspirado nas práticas que ele vê com mais frequência na Capital catarinense.
Em Florianópolis
“Em Florianópolis tem bastante gente trabalhando com isso e vários pátios de compostagem, tanto da prefeitura quanto particulares. Diversos restaurantes e instituições já destinam seu resíduo orgânico para pequenas empresas, pátios de compostagem que tratam esse resíduo e isso gera empregos e matéria-prima pra hortas comunitárias da agricultura urbana”. Meirelles ressalta que a redução do gasto público com o deslocamento do lixo é um dos grandes benefícios da compostagem. Outra vantagem é sobre as mudanças climáticas. Nos lixões, a decomposição dos resíduos gera um dos gases de efeito estufa, o metano. “Na compostagem, o resíduo vai se decompor da forma certa, vai gerar gás carbônico, mas o impacto é muito menor”.
Em Torres
De acordo com o diretor de Economia Solidária da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Smaurb), Gabriel Bueno, a compostagem é um dos assuntos que periodicamente a pasta retoma.”Estamos ainda em tratativas, averiguando as possibilidades”.