Dentre vários assuntos que foram debatidos na primeira reunião de 2019 do Conselho Municipal de Saúde em Torres, realizada na noite de terça-feira (dia 8 de janeiro), a pouca utilização, por parte da população torrense, dos atendimentos médicos em bairros foi apontada como um dos desafios a serem solucionados no sistema público de saúde em Torres. Isto não quer dizer que são necessários mais unidades de saúde: Estampa, ao contrário, a cultura da população em buscar atendimento no Posto Central 24h – Pronto Atendimento (PA) ao invés de ir as unidades do Estratégia Saúde da Família (ESF) em suas localidades de moradia ou nas proximidades.
500 atendimentos no PA só no dia 1º do ano
O debate surgiu após uma avaliação feita pela secretária de Saúde de Torres, Suzana Machado, sobre o movimento no sistema público durante o feriadão do Réveillon. Conforme a secretária, foram mais de 500 atendimentos no PA somente no 1º dia do ano – a maioria destes causados por excessos na alimentação, consumo de bebidas alcoólicas e demandas causadas por utilização da beira de praia. E no debate, conselheiro manifestaram-se citando casos de demoras no atendimento do PA no período, quando o diagnóstico feito pelo sistema da secretaria dá conta que a maioria das reclamações são de torrenses. E que esta maioria de reclamação de torrenses sobre o atendimento no Pronto Atendimento poderia ser bem diminuída se os usuários procurassem os postos de Saúde de seus bairros – as chamadas ESF’s – principalmente em casos de sintomas leves ou de males mais comuns, que geralmente são resolvidos com simples exames e seguidos de indicação de medicamentos.
Problema já ocorreu na época da troca do sistema do hospital para o PA
Na mesma reunião do Conselho de Saúde, conselheiros e membros da secretaria de Saúde de Torres lembraram que o mesmo problema ocorreu em 2015 – quando houve a troca do Pronto Atendimento do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes (HNSN) para uma unidade da prefeitura, realizado. À época, as pessoas insistiam em ir ao HNSN, achando que lá é que o atendimento teria uma resolução final, quando não eram atendidos. Agora a situação se repete – mas aparentemente por razão diferente.
Os gestores de Saúde acham, inclusive, que os próprios usuários seriam mais bem atendidos caso optassem por consultar o médico e os profissionais das unidades do ESF’s (Estratégia de Saúde da Família). É que os casos podem ser resolvidos no bairro, próximo às casas dos moradores. Os casos simples – como dor de barriga, febre, pequenos acidentes e etc – são geralmente resolvidos no local do bairro, além de serem MUITO mais rápidos. Já quando estes pequenos casos são levados ao Pronto Atendimento, eles podem tirar a presteza necessária de casos mais sérios, além de acabarem tendo atendimento demorado também, justamente pela escolha errada dos pacientes para os casos simples.
Campanha de esclarecimento
Os conselheiros também concordam que uma espécie de campanha sistêmica para motivar os torrenses em usarem os postos de bairro deve ser providenciada. Esta campanha deve ser também didática, explicando os casos a serem atendidos nos PSF, atendidos no PA e os atendidos no Hospital (neste último caso, só os urgentes, com perigo de vida ou oriundos de acidentes graves).
Morte do menino Cauã também foi debatida na reunião do Conselho
Na mesma reunião do Conselho de Saúde, a representante do Hospital de Torres, a pedido do vice-presidente do Conselho de Saúde de Torres, narrou o caso da triste morte do menino Cauã Santos, de 12 anos, ocorrido no começo do ano. Ela faleceu no HNSN na semana passada por conta de complicações em sua segunda hospitalização, decorrente de uma tuberculose.
Conforme a representante do Hospital no Conselho, o menino veio á óbito após ter saído da primeira hospitalização (em outubro) com prescrição expressa de manter o tratamento à tuberculose. Mas conforme informaram os familiares de Cauã para os médicos do HNSN, eles resolveram consultar um médico particular sobre seu caso. E este médico particular teria dito para o jovem abandonar o tratamento, por pensar que ele não estava com Tuberculose. Mas a doença voltou aguda, muito mais forte que na primeira vez, o que levou Cauã a ser hospitalizado novamente no final do ano. Mas o menino não resistiu e veio a falecer.
Em outubro, um médico do HNSN havia sido acusado de negligência na primeira internação do jovem de Torres, quando teria dito aos familiares que Cauã não estaria com Tuberculose (apesar deste ser o quadro clínico dele). O mesmo erro foi cometido agora por um médico particular, pouco antes da segunda internação (e posterior morte de Kauã). O caso chegou a ser levado ao Ministério Público pela família do jovem.