O aumento de lesões em banhistas causadas por águas-vivas (também conhecidas como mães d’água) traz um alerta para os veranistas gaúchos: em 10 dias, desde o início da Operação Verão Total (em 16 de dezembro) até terça-feira (26), 2.402 pessoas procuraram atendimento nas guaritas com as queimaduras provocadas pelo animal. No mesmo período do ano passado, esses registros somavam 288, cerca de oito vezes menos – segundo levantamento do G1 RS.
Em balanço ainda mais recente, apurado pelo site Litoral na Rede junto ao Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) nesta sexta (29) – já em meio ao pico do movimento, decorrente dos festejos de Ano Novo – já teriam sido registrados quase 5000 casos (número 13 vezes maior do que no mesmo período do ano passado, quando haviam sido registrados 380 casos)
A espécie, que tradicionalmente é encontrada em todo o litoral gaúcho, está aparecendo em maior quantidade neste início de verão, conforme observa o capitão Willen Eccard Silva, guarda-vidas que atua em Capão da Canoa. O motivo está ligado à temperatura da água, mais alta do que nesta mesma época do ano passado. “A temperatura da água facilita a reprodução, por isso nós temos um grande número de águas vivas no nosso litoral esse ano”, diz.
O verão também aumenta a incidência da luz solar no oceano, outro fator que colabora com a reprodução dos animais, de acordo com o biólogo Fabiano Soares. “Junto com as correntes marítimas, [a incidência da luz] eleva a quantidade de fitoplâncton e zooplâncton, que são a base da cadeia alimentar. Com bastante alimento disponível, as águas-vivas da nossa região, que são do grupo dos cnidários, entram em período reprodutivo, o que faz com que sua população aumente”.
Como as águas-vivas se reproduzem?
A espécie se reproduz através do que a biologia chama de alternância de gerações, explica Fabiano. Isso significa que em uma geração a forma reprodutiva é uma – assexuada – na geração seguinte, acontece outro tipo de reprodução – sexuada.
Quando os tentáculos das águas-vivas entram em contato com a pele, disparam microcápsulas chamadas nematocistos que possuem arpões venenosos, explica o biólogo. “Esses arpões penetram nossa pele e injetam as toxinas, o que causa a imediata sensação de dor, queimação e marcas na pele”. Exceto pela queimadura e dor, a água-viva não representa mais perigo para os humanos.
A recomendação é não lavar o ferimento com água corrente, e usar vinagre para acalmar a dor da lesão. As guaritas da Operação Verão estão equipadas com frascos de vinagre. O contato com a própria água do mar é uma ótima forma de ajudar na recuperação do ferimento.
Fabiano observa ainda que, quando a água-viva encalha na praia, normalmente morre desidratada ou por insolação. Porém, em alguns casos, o veneno pode continuar ativo. Por isso, não é recomendado tocar no animal mesmo que já esteja na areia.
Como se proteger das águas-vivas
– Observar a presença dos animais tanto na areia, o que já serve como um sinal de alerta, quanto na beira da praia;
– Sempre que avistar um animal, afastar-se e evitar o contato;
– Em caso de acidentes, lavar com a própria água do mar sem esfregar ou pressionar com as mãos. Isso evita que os arpões adentrem na pele;
– Depois de lavar com água do mar, fazer mais uma limpeza com vinagre;
– Caso necessário, procurar recomendação médica ou farmacêutica para indicar alguma pomada com antialérgico.