Mulheres negras, indígenas, urbanas, rurais, idosas, LGBT, estiveram contempladas no encontro “Por direitos, respeito e vida digna”, organizado pelo Coletivo de Mulheres de Torres e Marcha Mundial das Mulheres, no final do dia 8 de março. Depois da abertura feita por Débora Fernandes, diversas mulheres se revezaram ao microfone, levando música e breves falas sobre temas como a justa divisão do trabalho doméstico, tipos de violência contra a mulher, a mulher negra e a violência contra a mulher idosa.
Sobre a violência contra as mulheres, a advogada Patrícia Simão enumerou os cinco tipos de violência doméstica previstos na Lei Maria da Penha: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual que pode fazer vítimas além da relação “marido e mulher ou casal lésbico. “Pode ser vitima de violência doméstica a empregada ou diarista da família, uma avó, uma tia, qualquer possível vitima que esteja inserida no ambiente doméstico”. Patrícia Simão destacou a importância da sociedade continuar falando sobre os direitos que mulheres têm, porque há mecanismos legais para ajudá-las a se libertar de relacionamentos abusivos.
Outro tema relacionado à qualidade da vida foi a justa divisão do trabalho doméstico, tema que faz parte de uma campanha iniciada há alguns anos por uma rede feminista do nordeste do Brasil. Na fala de Ana Meirelles, do Centro Ecológico, toda mundo ganha quando as tarefas são igualitariamente realizadas pela família. “Compartilhar as tarefas domésticas é importantíssimo pra nossas vidas. E as mulheres, tendo essa parceria dentro de casa, elas se sentem melhor, mais felizes, a vida pode ser um pouco mais leve”. De acordo com a experiência da agrônoma junto a mulheres rurais, a justa divisão do trabalho doméstico possibilita às mulheres uma participação ativa em sindicatos, grupos, associações, cooperativas e outros espaços da sociedade civil.
Tipos de violência
Para Patrícia Simão, apesar de geralmente ser simplificada, só para violência física, existem outras formas muito mais sutis, outras mais visíveis, além da violência física, que é mais evidente:
Psicológica – vai aumentando, normalmente tentando diminuir a mulher, afastar ela dos familiares, amigos, tentando dizer que ela não é tão forte, tão corajosa , capaz e bonita como ela imagina que seja. Isso pode ser cometido pelo companheiro, pelo marido, pelo irmão, pelo patrão.
Moral – é aquela onde o agressor vai difamar, mentir a respeito da mulher, e tentar manchar a imagem desta mulher.
Sexual – forçar a mulher a cometer qualquer coisa que ela não queira fazer. Para tudo o ato sexual precisa de consentimento. Tudo que for proposto, se a mulher não aceitar e o outro continuar, é violência. Assim como negar o uso de preservativos, pílula anticoncepcional, tirar o preservativo, tudo isso pode ser violência sexual doméstica. Patrimonial – uma forma é o homem não dizer quanto ele ganha, como gasta o dinheiro dele. Tudo que diz respeito à economia, às finanças do lar e da família e não for compartilhado é violência patrimonial. Obrigar mulher a não trabalhar, deixar sem dinheiro. É muito sutil e também muito óbvia.