Na sessão da Câmara dos Vereadores de Torres realizada na segunda-feira (25 de janeiro), participaram da Tribuna Popular diretores do CCAS (Centro de Cultura e Assistência Social) Projeto Social Curtume – antiga Creche do Curtume. O dirigente da entidade, o ex-vereador torrense Carlinhos Magnus e a secretária Maria Leni Schardosim ocuparam o espaço na Casa Legislativa torrense para informar (e lamentar) o recebimento de um ofício, oriundo da prefeitura Municipal de Torres, que informara a desapropriação do prédio e do terreno onde funciona a entidade.
Carlinhos lembrou que o projeto Creche do Curtume possui mais de 40 anos de atuação em Torres. Ele inclusive salientou que existem muitos torrenses considerados pessoas de destaque na sociedade que iniciaram seus estudos e sua preparação para a vida lá, na antiga Creche do Curtume. E informou que o projeto social “não está à venda”, quando lamentou a postura da desapropriação.
40 anos de fundação
A seguir a professora Maria Leni utilizou o microfone da tribuna para fazer um histórico da Entidade, fundada em 1978. Trata-se de uma idealização de casais que participavam nos Cursilhos da Igreja Católica São Domingos, que tiveram a ideia de fundar a creche, no Bairro Curtume (atualmente chamado de bairro Jardim Eldorado). Maria Leni lembrou que a creche foi construída custeada por doações da sociedade e foi operada como Creche em parceria com a prefeitura durante muitos anos, formato que foi encerrado por lei no ano de 2002 – quando as prefeituras dos municípios foram obrigadas a gerenciar as então creches (que passaram a ser chamadas de Escolas de Ensino Infantil – EMEIs)
Em 2014, a entidade CCAS passou a operar com acolhimento e ensino a jovens, quando iniciaram as atividades do PROJETO SOCIAL CURTUME, com oficinas que são ministradas até hoje em dia. A entidade atua com um projeto de atendimento a crianças de vários bairros de Torres, oferecendo oficinas de artes, futebol, capoeira, basquete, horta, violão, xadrez, brinquedoteca, Bombeiro-Mirim dentre outras, com objetivo de ajudar na socialização de jovens na comunidade.
Em 2016 a entidade encerrou suas atividades como escola, dando seguimento com o Projeto Social, atendendo atualmente a mais de 60 jovens e crianças em situação de vulnerabilidade.
Desapropriação foi judicializada e aceita pela justiça
Ainda na tribuna da Câmara, Maria Leni Schardosim, após lembrar várias formas da sociedade angariar fundos para o Projeto Creche do Curtume (como, por exemplo, o tradicional Jantar à Luz de Velas, realizado anualmente em Torres), informou que a entidade entrou na justiça questionando a desapropriação. O judiciário acatou o embargo (portanto a questão ainda será decidida na justiça). A seguir Maria Leni leu uma nota oficial do Centro de Cultura e Assistência Social – Projeto Social Curtume, uma espécie de carta aberta à comunidade como segue abaixo:
PREFEITURA RESPONDE
O Jornal A FOLHA entrou em contato com a Secretária de Educação Sílvia Pereira pedindo uma nota com a versão do Governo Carlos Souza sobre o assunto. Segue a nota:
“Importante fazer este esclarecimento publico sobre a desapropriação da área onde hoje funciona a Escola Municipal de Educação Infantil Sadi Pipet de Oliveira.
O espaço que então era alugado pela prefeitura, pelo valor de R$10.000,00 (dez mil reais) por mês, se tratando de uma escola municipal, importante salientar que ela era inteiramente custeada pelo município, que viu a necessidade de ampliação, reformas e melhorias no prédio, ações que só podem ser realizadas em prédios próprios, com o objetivo qualificar e receber ainda mais alunos. Foi quando a administração pública iniciou o processo de avaliação e desapropriação da área, que pertencia ao Centro de Cultura e Assistência Social (entidade não governamental) que desempenha um importante papel social na nossa cidade, e que tem seu reconhecimento enaltecido pela administração pública.
Por reconhecer o trabalho realizado por esta entidade, além do valor revertido à associação a título de indenização no montante de R$1.479.000 (um milhão, quatrocentos e setenta e nove mil) já depositados e à disposição da entidade, o Município de Torres fez questão de manter uma área remanescente em nome da entidade, justamente com o propósito de fazer a manutenção de suas atividades e assim continuar desempenhando este importante papel para a sociedade Torrense. Reiteramos nossa admiração pelas ações da entidade que tem seu foco no amparo social e reafirmamos nosso compromisso em seguir fazendo o melhor para que todos possam ter direito a uma educação de qualidade, com a convicção de que esta foi a melhor decisão para a sociedade Torrense, para educação e também para entidade que hoje tem recursos e espaço para consolidar sua importante atividade social”.