Diretoria do Projeto Social Curtume vai à Câmara pedir pela continuidade das ações da entidade

Entidade entrou na justiça questionando desapropriação de prédio que ocupa - e conseguiu aprovação judicial. Atualmente projeto acolhe crianças no mesmo lugar onde já funcionou uma creche municipal

Familiares de jovens que participam do projeto Creche do Curtume ficaram na parre de fora da Câmara, mas mobilizados, empunhando cartazes com palavras de ordem e apoio
31 de janeiro de 2021

 

Na sessão da Câmara dos Vereadores de Torres realizada na segunda-feira (25 de janeiro), participaram da Tribuna Popular diretores do CCAS (Centro de Cultura e Assistência Social) Projeto Social Curtume – antiga Creche do Curtume. O dirigente da entidade, o ex-vereador torrense Carlinhos Magnus e a secretária Maria Leni Schardosim ocuparam o espaço na Casa Legislativa torrense para informar (e lamentar) o recebimento de um ofício, oriundo da prefeitura Municipal de Torres, que informara a desapropriação do prédio e do terreno onde funciona a entidade.

Carlinhos lembrou que o projeto Creche do Curtume possui mais de 40 anos de atuação em Torres. Ele inclusive salientou que existem muitos torrenses considerados pessoas de destaque na sociedade que iniciaram seus estudos e sua preparação para a vida lá, na antiga Creche do Curtume. E informou que o projeto social “não está à venda”, quando lamentou a postura da desapropriação.

 

40 anos de fundação

 

A seguir a professora Maria Leni utilizou o microfone da tribuna para fazer um histórico da Entidade, fundada em 1978. Trata-se de uma idealização de casais que participavam nos Cursilhos da Igreja Católica São Domingos, que tiveram a ideia de fundar a creche, no Bairro Curtume (atualmente chamado de bairro Jardim Eldorado). Maria Leni lembrou que a creche foi construída custeada por doações da sociedade e foi operada como Creche em parceria com a prefeitura durante muitos anos, formato que foi encerrado por lei no ano de 2002 – quando as prefeituras dos municípios foram obrigadas a gerenciar as então creches (que passaram a ser chamadas de Escolas de Ensino Infantil – EMEIs)

Em 2014, a entidade CCAS passou a operar com acolhimento e ensino a jovens, quando iniciaram as atividades do PROJETO SOCIAL CURTUME, com oficinas que são ministradas até hoje em dia. A entidade atua com um projeto de atendimento a crianças de vários bairros de Torres, oferecendo oficinas de artes, futebol, capoeira, basquete, horta, violão, xadrez, brinquedoteca, Bombeiro-Mirim dentre outras, com objetivo de ajudar na socialização de jovens na comunidade.

Em 2016 a entidade encerrou suas atividades como escola, dando seguimento com o Projeto Social, atendendo atualmente a mais de 60 jovens e crianças em situação de vulnerabilidade.

 

Desapropriação foi judicializada e aceita pela justiça

 

Ainda na tribuna da Câmara, Maria Leni Schardosim, após lembrar várias formas da sociedade angariar fundos para o Projeto Creche do Curtume (como, por exemplo, o tradicional Jantar à Luz de Velas, realizado anualmente em Torres), informou que a entidade entrou na justiça questionando a desapropriação. O judiciário acatou o embargo (portanto a questão ainda será decidida na justiça). A seguir Maria Leni leu uma nota oficial do Centro de Cultura e Assistência Social – Projeto Social Curtume, uma espécie de carta aberta à comunidade como segue abaixo:

 

 

PREFEITURA RESPONDE

 

O Jornal A FOLHA entrou em contato com a Secretária de Educação Sílvia Pereira pedindo uma nota com a versão do Governo Carlos Souza sobre o assunto. Segue a nota:

 

“Importante fazer este esclarecimento publico sobre a desapropriação da área onde hoje funciona a Escola Municipal de Educação Infantil Sadi Pipet de Oliveira.

O espaço que então era alugado pela prefeitura, pelo valor de R$10.000,00 (dez mil reais) por mês, se tratando de uma escola municipal, importante salientar que ela era inteiramente custeada pelo município, que viu a necessidade de ampliação, reformas e melhorias no prédio, ações que só podem ser realizadas em prédios próprios, com o objetivo  qualificar e receber ainda mais alunos. Foi quando a administração pública iniciou o processo de avaliação e desapropriação da área, que pertencia ao Centro de Cultura e Assistência Social (entidade não governamental) que desempenha um importante papel social na nossa cidade, e que tem seu reconhecimento enaltecido pela administração pública.

Por reconhecer o trabalho realizado por esta entidade, além do valor revertido à associação a título de indenização no montante de R$1.479.000 (um milhão, quatrocentos e setenta e nove mil) já depositados e à disposição da entidade, o Município de Torres fez questão de manter uma área remanescente em nome da entidade, justamente com o propósito de fazer a manutenção de suas atividades e assim continuar desempenhando este importante papel para a sociedade Torrense. Reiteramos nossa admiração pelas ações da entidade que tem seu foco no amparo social e reafirmamos nosso compromisso em seguir fazendo o melhor para que todos possam ter direito a uma educação de qualidade, com a convicção de que esta foi a melhor decisão para a sociedade Torrense, para educação e também para entidade que hoje tem recursos e espaço para consolidar sua importante atividade social”.


Publicado em: Política






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