Em Torres, hotelaria opera com metade da capacidade na alta temporada

Verão 2021 já está sendo considerado o pior em 30 anos. Pandemia causou insegurança para viagens, mesmo que hotéis preconizem estar oferecendo segurança sanitária para os hospedes

26 de janeiro de 2021

A combinação da Pandemia de Covid 19 e crise econômica na Argentina são os ingredientes negativos que, combinados, fazem com que o movimento na economia de Torres desabe nesta temporada de veraneio 2020/2021. Nota-se que todos os segmentos do Turismo – locomotiva da produção de Torres, Arroio do Sal e outras cidades do litoral – estão operando muito abaixo do movimento tradicionalmente estampado em outros veraneios, como destacam vários empresários do setor. E as consequências podem ser várias, tanto para o verão quanto para a baixa temporada, que geralmente sobrevive das “gorduras acumuladas” nos meses de maior movimento, acumuladas tanto por empresários quanto pelos moradores (que se empregam junto ao setor de turismo ou vivem de vendas nos verões).

A FOLHA conversou com alguns empresários e diretores de hotéis localizados na cidade de Torres, especificamente, mas cujas análises devem refletir o setor em outras cidades do Litoral Norte gaúcho catarinense (pois as causas são macroeconômicas). E a constatação é que o veraneio 2021 será o pior dos últimos anos.

 

Temporada de finais de semana

 

Ivone Ferraz é dirigente de dois hotéis em Torres: o Guarita Park Hotel (mais voltado para a classe A/B) E o Hotel São Paulo (voltado para o turismo de classe média). Conforme informa a empresária, na média os hotéis que dirige estão operando com a lotação de apenas 30% no meio da semana (entre segunda e quinta) e de 70% nos finais de semana.

“Se a vacina funcionar e se o setor receber apoio de mídia, chamando para que as pessoas viagem (como uma forma segura de descansar, por exemplo), talvez possamos recuperar um pouco do que está sendo perdido”, afirma Ivone.  “Precisamos de mídia positiva, já que as informações negativas sobre a pandemia estão dominando (os meios de comunicação em geral), são massificadas”, reclama. Para a empresária, a saída é as pessoas receberem feedbacks positivos sobre a estada em praias, para que se sintam seguras e decidam viajar, acreditando que a hotelaria está preparada para proteger os hóspedes.

 

A necessidade de se adaptar

 

Danilo Raupp, diretor e proprietário do hotel A Furninha, lamenta que, desde o Natal até a metade do mês de janeiro, o faturamento do hotel tenha ficado 30% menor do que no mesmo período do ano anterior. Em janeiro, Danilo confirma que a taxa de ocupação em seu hotel está, na média, em 50%. Confirma também que o período mais difícil está sendo os meios de semana – de segunda a quinta-feira. E que nos finais de semana está conseguindo alcançar os 75% (máximo permitido pelo decreto estadual em bandeira vermelha do distanciamento controlado – na qual encontra-se o litoral Norte).

Danilo salienta que outras ações tiveram de ser feitas para que o hotel se adaptasse aos tempos de pandemia. “O restaurante teve que se reinventar, teve de abandonar uma tradição de mais de quarenta anos: o Buffet livre. Passamos a servir o Buffet à quilo, para podermos nos adaptar ao movimento e a crise sanitária”, explica o hoteleiro.

Valdinei Silveira, operador da Pousada da Prainha, diz que a taxa de ocupação de seu estabelecimento também está em 30% da capacidade no meio de semana, e entre 50% a 60% nos finais de semana. Ele lembra que, sequer no réveillon, muitos hotéis de Torres alcançaram lotação total neste ano. O empresário – que trabalha junto ao segmento turístico na cidade também -informa que, conforme tabulação de hoteleiros locais, esta temporada está sendo a pior dos últimos trinta anos.

“O Pessoal teve que baixar a diária para tentar minimizar o problema. Baixou mais de 40%. (o preço das diárias). E a tendência é de que os hoteleiros acharão difícil manter abertos os estabelecimentos no inverno, pois não terão recursos acumulados do verão para manter os custos fixos necessários (para que os hotéis ou pousadas permaneçam abertos fora da temporada)”, afirma Valdinei.

Para o mesmo hoteleiro da Pousada da Prainha, a causa é a Pandemia -suas restrições legais e o medo das pessoas de viajar. Mas a grande ausência dos argentinos no veraneio também colaborou. Conforme informa, para todo o trade de turismo da região, a presença dos hermanos sempre é um bom aporte de faturamento, tanto nos hotéis quanto nos estabelecimentos similares. E lembrou que, no ano passado, a crise econômica da Argentina já tinha diminuído a entrada de turistas daquele país no Brasil (e no RS). Mas que neste ano, eles praticamente sumiram.

 

 Falta dos ‘hermanos’ e preços de inverno

 

Segundo Euclides Rodrigues – o Kidinho – dono da pousada Dom Kido, o maior agravante deste ano, além das questões macroeconômicas causadas pela pandemia de Covid 19, é a falta dos Argentinos e Uruguaios. Ele lembra que em geral estes turistas estrangeiros ocupam 30% das vagas nos hotéis, e por períodos mais longos, justamente o contrario do que está acontecendo em 2021. “Temos um verão de final de semana, pois no final de semana temos um movimento razoável embora ainda longe do movimento de outros anos sem pandemia”, afirma Kidinho. A ocupação média para ele deve estar também em torno de 50% se comparado ao ano passado.

Para o empresário – que participa da diretoria da Associação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Torres (AHRBST) – outro problema que está agravando mais ainda o setor de hospedagem é a necessidade de baixar os preços das diárias. “As tarifas do meio da semana estão em média com seus valores quase iguais aos cobrados no inverno”, alerta Kidinho. Ele segue informando que, mesmo nos finais de semana, as tarifas estão 30% abaixo para se adequarem à falta de demanda da temporada.

O empresário reclama que a hotelaria enfrenta estas mazelas na temporada após sair de um inverno onde as leis para enfrentar o Novo Coronavírus praticamente fecharam os estabelecimentos, o que piora a saúde financeira do setor ainda mais.

 


Publicado em: Economia






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