Com a preocupação de oferecer à comunidade a oportunidade de refletir sobre a situação dos ecossistemas de Torres, a Associação Ambientalista Onda Verde lançou este ano uma programação denominada “Encontros com Torres”. O eixo escolhido para este primeiro ciclo de encontros é a água, tendo como tema, os corpos d’água do município. O segundo encontro do ciclo, cujo tema foi o Riacho, que liga a Lagoa do Violão ao rio Mampituba, aconteceu no final de julho no Clube Capesca, com uma reunião aberta à comunidade. Dias depois, foi realizado um passeio de reconhecimento das margens do riacho, que liga a Lagoa do Violão ao rio Mampituba.
É uma preocupação da Onda Verde, que este corpo d’água não seja mais visto como um “valão”, ou seja, um mero lugar de despejo de esgoto e resíduos, pois ele sempre desempenhou um importante papel de sangradouro dos banhados e da Lagoa do Violão. No entanto, para propiciar o crescimento da cidade, na década de 1960 o sangradouro foi retificado, ganhando então o apelido de “valão”. Esta designação acabou por se consolidar, demonstrando um entendimento equivocado dos serviços ecológicos do riacho. Em virtude disso, com o tempo, a poluição cloacal caseira e os descartes, se tornaram frequentes, gerando uma espécie de zona morta, para a qual a cidade não dirige mais seu olhar.
O passeio organizado pela Onda Verde abrangeu o único trecho do riacho que ainda não foi compactado, que é a área onde o mesmo deságua no Mampituba. Ali, a despeito da água contaminada pelo esgoto caseiro e dos descartes de lixo, é fácil deduzir que com um pouco de bons cuidados, Torres poderia dispor ali, de uma área de visitação muito aprazível. Neste trecho, o riacho ainda guarda as características do seu traçado original, representando muito bem a fisionomia da região em sua interação com o rio Mampituba.
Grandes árvores ladeiam o riacho, oferecendo uma imagem agradável, que não deveria ser desprezada. Junte-se a isso a fauna que ainda se apresenta na área, como por exemplo aves como socós, garças e outras, e as muitas capivaras, que já se tornaram uma atração especial, pois nos dias de sol aparecem em grupos para descansar nas margens. Além disso, a vitalidade do riacho como corredor ecológico para tartarugas, mamíferos e outras espécies relevantes, deveria ser seriamente considerada, lembrando que a presença da fauna da região, é um importante fator de atração turística, representando uma concreta possibilidade de amenização do ambiente urbano.
Durante este segundo encontro, foi levantado um assunto que motivou uma certa preocupação, que é a notícia de um projeto para retenção das margens finais do riacho. Pouco se conhece deste projeto e a preocupação da Onda Verde, é que o mesmo venha a representar uma desfiguração das características originais da paisagem, ainda presentes.
Os Encontros com Torres terão sequência em setembro, quando o tema será o rio Mampituba, observando-se a mesma dinâmica, de um reunião inicial no Clube Capesca, seguida de um passeio com a comunidade interessada. (Foto e texto: Jorge Herrmann)