Como matéria curricular, tema transversal ou aula de campo, o ensino de Turismo ganha cada vez mais espaço nas escolas de DESTINOS turísticos, inclusive no Brasil. As cidades (estados ou países) estão mais preocupados em preparar os moradores para receber bem os visitantes e criam iniciativas para sensibilizar estudantes sobre a importância do setor para a economia local.
Conforme exemplifica o Ministério do Turismo do Brasil em matéria publicada em seu site, a cidade de Salto (SP), por exemplo, aposta no turismo como tema das aulas de campo sobre ciências humanas e naturais. Somente em 2018, mais de 700 crianças do 5º ano do Ensino Fundamental já visitaram atrativos locais para aprender geografia, história, meio ambiente e a importância da atividade turística para o município.
O diretor do Departamento de Turismo de Salto, José Roberto Orlandini, classifica o município como ‘uma grande sala de aula a céu aberto’. “São locais e paisagens diferenciadas que possibilitam diversas abordagens educativas e lúdicas em lugares aprazíveis tanto para o lazer dos visitantes quanto para a educação dos moradores”, destaca.
Inspiração em Gramado; crescendo em Santa Catarina
O secretário de Educação da mesma cidade de Salto (SP) ressaltou que a educação para o turismo no município é abordada como tema transversal de outras disciplinas, mas a inspiração foi a cidade de Gramado (RS). No município da Serra Gaúcha, pioneiro do Brasil na preparação dos moradores para receber bem os turistas, a disciplina sobre turismo já faz parte da grade curricular do ensino fundamental. Em Gramado, desde cedo, as crianças aprendem sobre a importância do turismo para a região de colonização europeia. O resultado desse trabalho, juntamente com a vizinha cidade de Canela, tem sido fluxo constante de visitantes e o dinamismo da economia local.
O Turismo também virou matéria nas escolas do ensino fundamental da Costa Verde e Mar, de Santa Catarina. A experiência começou em Porto Belo há 19 anos e agora será replicada para turmas do 5º ano do Ensino Fundamental de outros 10 municípios. Os professores da rede pública de ensino estão diretamente envolvidos na iniciativa. Até o fim do ano, eles realizam reuniões de trabalho para debater e construir a ementa da disciplina que começará a ser lecionada para 8 mil alunos no próximo ano letivo. Ao todo, serão contemplados: Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Bombinhas, Camboriú, Ilhota, Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha e Porto Belo.
O turismo corresponde a 13% do PIB de Santa Catarina e somente na próxima temporada de verão o fluxo de turistas na região da Costa Verde e Mar deve alcançar os 3 milhões de visitantes em busca de praias, atrativos de lazer, belezas naturais, gastronomia típica, parques temáticos, manifestações culturais variadas e compras.
Em Torres matéria é dada de forma transversal com reforços pontuais
Cânions e Guarita (em Torres) se interligam em roteiro turístico-geológico-cultural estudado em sala de aula
Em Torres o trabalho nas escolas não é, ainda, disciplina fixa – mas não deixa de ser tratada. Conforme o Secretário de Turismo do município, Alexandre Porcat, a matéria é trabalhada de forma transversal em todas as disciplinas do ensino municipal, mas no formato educacional, sob direção da pasta de Educação da municipalidade. Ou seja: não existe um foco nos diferenciais turísticos locais trabalhados de forma dinâmica pela economia e poder público, mas os atributos e locais turísticos da cidade são conhecidos nas cadeiras e colocados no contexto educacional como uma espécie de contexto ambiental e social.
Alexandre cita também um bom exemplo: O projeto Geoparque Cânions do Sul, realizado em parceria com o Estado de Santa Catarina, que vai ser uma espécie de roteiro turístico geológico que liga as formações da Guarita, em Torres, com as pedras espalhados pelo pé da serra e Cânions da serra gaúcha e catarinense (como Itaimbézinho). Como o roteiro é Turístico, geológico, geográfico e Cultural, a UNESCO (sigla de United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization – tradução: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) exige que o tema seja colocado de forma afirmativa, dentro das salas de aula das crianças e adolescentes. E Torres já está fazendo isto de forma transversal, nas cadeiras do ensino municipal. “Trata-se de uma parte da avaliação da UNESCO sobre a inserção das comunidades no Projeto Geoparque Caminho dos Canions do Sul”, afirma Poscart.
A UNESCO é idealizadora do projeto e coordenadora de sua aplicação, justamente porque o roteiro ficará como parte dos locais turísticos reconhecidos pela entidade internacional.