ENTREVISTADO: Carlos Souza
Prefeito de Torres
A FOLHA – Estamos iniciando o último ano da legislatura em que o senhor foi eleito prefeito. Me Parece que houve certa prioridade para investimentos financeiros na infraestrutura para atrair turistas para Torres se comparada as outras pastas da administração, como Saúde, Educação, Segurança, Meio Ambiente. Você Confirmaria isso?
CARLOS – Não. Foi dado prioridade a todas as áreas da administração. Na Saúde, ampliamos em muito a disponibilidade de exames. Criamos a Clínica de Especialidades, aumentamos o número de médicos, melhoramos a infraestrutura em quase todas as unidades, entre outras iniciativas. Na Educação, implantamos o sistema “Aprende Brasil” em parceria com a Editora Positivo, colando todo o material escolar do primeiro ao nono ano à disposição de nossos alunos gratuitamente. Nos últimos três anos a oferta de vagas nas Escolas de Educação Infantil foi de 723 muito superior as vagas apresentadas em comparação às gestões anteriores. Diversas melhorias, ampliações e novos equipamentos entregamos às escolas. Na área de Segurança, que é sempre uma preocupação do gestor, mas que é obrigação do Estado, também tivemos avanços, dentro dos limites do município. Aderimos ao sistema SIM com intuito de estruturar a Central de Monitoramento. Criação do GGI-M (Gabinete de Gestão Integrada Municipal) que busca integrar os órgãos de segurança local, discutindo e formando estratégias de atuação. Quanto à Secretaria do Meio Ambiente e Urbanismo, foram muitos ajustes, em especial a reestruturação da mesma, com chamamento de novos servidores, visando dar maior celeridade aos processos. Por fim, os investimentos na infraestrutura turística, se deu por razões óbvias, uma cidade que tem por vocação o turismo, o bem receber passa ser fundamental. E neste contexto o melhoramento da cidade em seus equipamentos é de grande importância. Também contribui para investimentos nesta área, além da visão de governo, os recursos que foram disponibilizados nas áreas de turismo pelo governo federal. Não poderia deixar de buscar esses recursos para investimentos nesta área.
A FOLHA – Quais as ações/investimentos nesta área (Infraestrutura do Turismo) que o senhor destacaria como concretizadas (por plano e ação) nestes seus três anos na gestão?
CARLOS – Os investimento se dividem em várias áreas. Como compromisso de governo o Parque do Balonismo, Morro do Farol, canteiros centrais. Ainda teremos as passarelas na Praia Grande, a recuperação dos Molhes a primeira etapa, em breve a revitalização. O Pacote de Obras Transforma Torres, de infraestrutura urbana e turística presente no site da Prefeitura demonstra os investimentos realizados e a realizar.
A FOLHA – Quais as próximas prioridades que o senhor elencaria para serem tratadas neste último ano de governo?
CARLOS – : Temos o Projeto Orla e o da Beira do Rio, ainda dentro da visão de infraestrutura turística. Continuaremos trabalhando em vários projetos direcionados aos bairros, realizando pavimentações, drenagens, esgoto, praças e limpezas. Tivemos que arrumar a “casa” para receber bem o turista, pois assim fortalecemos o comércio local, gerando emprego e renda.
A FOLHA – A busca de mais turistas (locais e internacionais) faz parte do plano de cidades turísticas de veraneio como Torres. Quais foram as ações de seu governo nesta área?
CARLOS – Como se destaca, “faz parte do plano de cidade turística como Torres”, os investimentos em infraestrutura turistica devem ser uma das prioridades de qualquer governo em Torres. Não temos como atrair turistas ou manter nossos veranistas se não ofertarmos a cada temporada de veraão uma nova cidade, um novo atrativo ou motivo para estarem aqui. Por isso acreditamos que uma cidade limpa, organizada com novos produtos são a base do turismo. Claro que outros tantos fatores são influenciadores. O Projeto Geoparque, que estava parado há dez anos, por exemplo, apresentou a cidade de Torres e Região de uma forma diferente potencializando o turismo. Projeto que hoje aguarda a chancela da UNESCO. Feiras e eventos também foram usados para divulgar a cidade. O balonismo foi transformado, e com isto impulsionamos ainda mais o turismo.
A FOLHA – Poucas foram as reclamações da população (e da oposição) ao seu governo. Mas as que vieram se concentraram principalmente no setor de Saúde Pública e na falta de investimentos na urbanidade dos bairros. Isto pode ser considerado o ônus da escolha de prioridades no Turismo? Quanto foi diminuído em investimentos nestas duas áreas: Saúde Pública e Infraestrutura das periferias?
CARLOS – Os investimentos efetuados foram através de recursos extraorçamentários. Emendas parlamentares, convênios e outros. Desta forma não diminuímos os investimentos nas áreas da Saúde, ao contrário, colocamos mais do que os 15% obrigatórios. Tão pouco deixamos de investir nos bairros. Tivemos obras efetuadas que há muito não acontecia. No entanto concordo que muito ainda deve ser feito. O investimento na infraestrutura turística foi uma das opções do governo que em nosso entendimento é necessário. O turismo é o maior gerador de emprego e renda em nossa cidade. Vejamos que a maioria das pessoas trabalham direta ou indiretamente ligadas ao turismo. A cozinheira, o pedreiro, pintor, o lavador de carro, o corretor de imóveis, o atendente, enfim, notemos que todos nós dependemos do turismo. Imaginemos que nossa cidade não consiga atrair ou manter-se atraente para os turistas, e tivéssemos uma temporada ruim, o reflexo seria imediato. Portanto, cuidar dos nossos bairros é importante e estamos tentando equilibrar, e estaremos investindo neste olhar também.
A FOLHA – Quais os desafios de gestão na Saúde Pública, já que as responsabilidades são divididas entre os governos municipal, estadual e federal?
CARLOS – A Saúde é sempre um grande desafio a qualquer gestor municipal. Embora muitas das atribuições e responsabilidades sejam do Estado e da União, estes por absoluta falta de gestão dos seus recursos, jogam para os município o compromisso. Pois a vida das pessoas acontece aqui. Por exemplo, o atendimento de especialista é obrigação do Estado, no entanto não o faz, por isso implantamos a Clinica de Especialidades, que no ano de 2019 efetuou quase quatro mil consultas, que deveriam ser atendidas pelo Estado, em Porto Alegre. Assim como a União deveria fornecer os exames, mas o município continua comprando e fornecendo às pessoas. A culpa não é do município, mas o problema sim, pois as pessoas vivem e moram aqui. Lamentamos a omissão do sistema. Procuramos disponibilizar o maior número de serviços e exames por entendermos a importância da VIDA. Mas quando o município paga a conta pelo Estado e União, deixa muitas vezes de prestar os seus serviços com excelência.
A FOLHA – Como implementar ações progressistas na saúde sem correr o risco de a cidade de Torres se tornar um polo de atendimento desta melhoria – consequentemente deslocando muitas pessoas de outras cidades ou estados para serem atendidas aqui?
CARLOS – Penso que o município deve sempre investir em Saúde, e buscar sim a excelência. Quando o Estado e a União falham, não temos como evitar este risco. Os grandes centros hoje já sofrem esse fenômeno da migração em busca de Saúde. Torres por exemplo, até 2018 transportava trinta pessoas por dia a Porto Alegre para consultas diversas, agora são 60. Quando o sistema falha, o risco é inevitável.
A FOLHA – Quais as ações na educação que foram implementadas em sua gestão para fazer com que a comunidade entenda mais a importância do Turismo para o desenvolvimento local?
CARLOS – Entendo que os torrenses já reconhecem o turismo como uma das maiores fontes de recursos da cidade. O investimento na infraestrutura turística que a gestão vem fazendo, já era um desejo antigo de todos. O Parque de Balonismo recebe investimento que eram esperados por todos, assim como em diversos pontos e locais turísticos. O Plano Municipal de Turismo que está em desenvolvimento, demonstra a importância do segmento. O torrenses sabem que o turismo é sua maior fonte de riqueza.
A FOLHA – Quais as principais dificuldades de gerenciar uma prefeitura no meio das leis da administração pública se comparada com gerenciar empresas do setor privado?
CARLOS – A maior dificuldade é sem duvida a burocracia. Os entraves legais e jurídicos impedem que as coisas acontecem com mais velocidade e agilidade, que a comunidade espera e deseja para a solução de seus problemas. Esta dificuldade em decidir, que fica presa ao sistema, realmente causa muita angústia e exige do gestor uma habilidade extrema. A máquina emperra. Por outro lado, afrouxar o controle, é expor os recursos públicos. Por isso o grande desafio é entender o sistema e se adaptar a ele.
A FOLHA – O senhor vai se candidatar a reeleição neste ano? Se sim, tens como adiantar alguma coligação ou forma de buscar este feito?
CARLOS – Sim. Serei candidato à reeleição. Tenho o apoio do partido Progressista. Quanto as coligações, estamos aberto a elas, desde que estejam alinhadas com a posição do governo que é a entrega dos melhores resultados possíveis para a comunidade. Acredito que a reeleição passa exatamente por aí, “entrega de resultados a cidade”. Fizemos muitas ações, mas temos a clareza que a muito a ser feito. Mas para quem assumiu a gestão com um déficit bastante alto, mesmo assim conseguiu equilibrar as contas e ainda fazer investimentos, acredito que estamos no caminho certo.