Na sessão da Câmara de Torres, realizada na segunda-feira, dia 2 de dezembro, aconteceu a eleição da Mesa Diretora que irá coordenar a Casa Legislativa no ano de 2020, quarto ano da atual legislatura (eleita em 2016). Mais uma vez a fidelidade partidária não foi muito bem obedecida nas escolhas dos votos dos edis da casa, numa demonstração da fragilidade principalmente das tradicionais agremiações em Torres: MDB e Progressistas.
Duas chapas foram formadas:
A Chapa 1 – dos vereadores Marcos Klassen (MDB) na presidência, acompanhado pelos colegas Gisa Webber – vice (Progressistas); Carlos Tubarão (MDB) – secretário; Dê Goulart (PDT) – suplente. A chapa foi apresentada no dia 5 de novembro, com bastante antecedência.
Chapa 2 – formada por Fábio da Rosa (Progressistas) na presidência; Rogerinho (em fase de ingresso no Progressistas) – Vice; Carlos Jacques (MDB) – Secretário; e Valdemar Bresolin (Progressistas) – suplente. A chapa foi apresentada há poucos dias
Na votação houve algumas surpresas “relativas”. Relativas porque na eleição realizada nesta época do ano passado (2018), também houve votos de pessoas de um partido na chapa onde o presidente era do partido adversário. E na eleição desta segunda-feira (2/12), o vereador Jacques abriu a votação antes de ter de votar por um eventual desempate (seu direito). Ele optou por integrar a chapa do Progressistas, onde Fábio da Rosa era candidato a presidência, ao invés de optar pela chapa de seu colega de MDB, Marcos. Isso talvez tenha ocorrido porque ele e outros não tenham votado nele ( Jacques) na sua eleição de ao legislativo em 2018.
A seguir, Tubarão, do MDB, votou na chapa 1 de Marcos Klassen (candidato de seu partido); Dê Goulart, do PDT, teve seu voto declarado isento por não estar presente (sob justificativa de estar levando sua esposa a uma consulta médica em Porto Alegre); Ernando Elias, da Rede Sustentabilidade, votou no candidato sugerido pelo partido do governo Carlos – na Chapa 2 de Fábio; o vereador Fábio votou nele mesmo, na chapa 2; o vereador Gimi votou na Chapa 1, do MDB e com seu colega Marcos na presidência.
Gisa Webber votou na chapa 1, do MDB – por estar na nominata apresentada em inicio de novembro (mesmo sendo Gisa do PP – partido tradicionalmente ‘adversário’ do MDB); Jeferson Santos (PTB) votou com o candidato do governo (chapa 2), com o qual seu partido é coligado; Marcos (MDB) votou em si na chapa 1; Zete (PT) votou com o governo, na chapa 2; Rogerinho votou a favor de seu novo partido, o Progressistas, portanto na chapa 2, com Fábio na presidência; Valdemar, o Val (Progressistas) votou em seu colega de partido na chapa 2; e Pardal (PRB) votou como a oposição, portanto na chapa 1 (que propunha o Marcos na presidência).
O resultado foi: Vitória da CHAPA 2 – com Fábio da Rosa como presidente – por sete votos a favor contra cinco votos contra.
Explicações diversas e reflexos do processo do ano de 2018
A primeira vereadora a usar a tribuna para falar sobre o processo eleitoral da nova Mesa Diretora foi Gisa Webber (Progressistas). Ela justificou seu voto na chapa do MDB inicialmente por ter sido convidada, há quase um mês atrás, para participar da chapa. Mas indicou como razão, principalmente, o fato de não ter sido convidada para a discussão de debate sobre política dentro de seu partido ( Progressistas) – em convocação feita em 21 de novembro passado. Gisa disse que recebeu a carta somente no dia 28 (uma semana após a reunião), lamentando “a falta de respeito que o partido têm tido” com ela.
A vereadora lembrou os feitos de seu pai – Clovis Webber Rodrigues (in memoriam) – e de familiares seus na história do partido (e de Torres), indicando que não estaria sendo levada em conta pelos atuais diretores do Progressistas torrense. Gisa se desculpou com seu colega Fábio da Rosa por ter votado contra ele e seu partido, mas lembrou que na eleição anterior elha havia sido a única Progressista que votou nele (2018 – quando Fábio queria a reeleição).
A seguir, após alguns vereadores não tocarem no assunto Eleição da Mesa em seus pronunciamentos, foi o vereador Marcos Klassen, derrotado no processo, que falou sobre o assunto. Ele lamentou a falta de palavra de colegas – sem citar nomes. Disse que abriu a semana achando que teria sete votos a favor de sua chapa (prometidos, conforme ele) e lamentou sobre o sumiço do vereador Dê Goulart(PDT) no dia da votação. Marcos disse que é a segunda vez que perde a eleição para presidência da Câmara por manobras do prefeito municipal. Para Marcos, quem ganhou a eleição Legislativa não foi o vereador eleito, mas sim o prefeito.
O vereador Tubarão disse que “é azarado”. No ano anterior reuniu vereadores para reeleger Fábio da Rosa (Progressistas) – e o vereador Jacques (do mesmo MDB de Tubarão) fez outra chapa, contra o partido a vontade de outros colegas, vencendo a eleição em nome da vontade da prefeitura. E neste ano, Tubarão acompanhou a indicação de Marcos Klassen feita pela vereadora Zete (PT) – indicação esta que a chapa teria oito votos… mas aos poucos os apoios foram saindo, e ao final os votos se transformaram em cinco. Para Tubarão, mais uma vez foi a prefeitura que elegeu a chapa.
A seguir o vereador Fábio agradeceu os sete votos dados a ele e disse que vai fazer “uma presidência correta, como fez em 2018, com transparência e responsabilidade”. Não falou nada sobre os imbróglios da eleição atual e da passada.
Depois, no último pronunciamento da sessão, o vereador Gimi (MDB) discordou de Tubarão sobre sua opinião de ter sido o prefeito que elegeu a mesa na Câmara. Para ele foram os vereadores e seus votos, também “dentro de suas conveniências”. Gimi lembrou que houve um tempo em que a palavra dita na Câmara era honrada. Disse que o prefeito Carlos está sendo normal e certo em querer um vereador de seu interesse, mas lamentou que a chapa de Marcos tivesse oito votos que baixaram para cinco. Para Gimi “são coisas que acontecem, como a de um vereador mudar de partido e outro ficar com a esposa doente bem em meio a eleição”, como aconteceu.