Passados dois anos desde sua última edição, aconteceu neste terça-feira (14) a Feira da Biodiversidade 2022 em Três Cachoeiras. Em clima de reencontro e de urgência em conciliar produção e consumo com preservação ambiental, 29 expositores levaram diferentes alimentos, sementes, plantas, fotos e artesanatos ao Salão da Paróquia São José. Três instituições de ensino mostraram projetos sobre plantas alimentícias não convencionais (panc), compostagem de resíduos orgânicos e criação de abelhas nativas sem ferrão.
“Quem vai ali é gente que realmente quer partilhar sua experiência, aquilo que está vivendo em sua propriedade e também quem vai buscar informações porque tem sede do novo, do diferente, dos resgates”, avaliou Elci da Paz Scheffer, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). Na opinião da agricultora, foi uma das melhores feiras, porque além das bancas de outras regiões, houve uma participação mais integrada dos indígenas, com apresentação do coral da aldeia Nhu – Porã de Torres, e o almoço combinando cozinha italiana com ingredientes da biodiversidade local.
Preparado pela especialista em plantas alimentícias não convencionais (panc) Irany Arteche e o premiado chef da alta gastronomia Cesar Scolari com o apoio de voluntárias, o cardápio destacou a o coração da bananeira, chamado de mangará, e a polpa do fruto da juçara. Tinha caponata de mangará, ravióli com juçara na massa recheado com legumes e queijo, pesto de panc com queijo, nhoque de banana figo e araruta, saladas folhosas com flores e panc, arancini (bolinho de risoto com queijo), chips de cará moela, lascas de queijo de ovelhas da região da campanha, tartar de banana, sobremesas e sucos.
Na apresentação dos pratos, Irany ressaltou que diante das condições atuais do ambiente e da sociedade, a comida deve fazer bem ao corpo, à alma e ao ambiente. “Não dá mais pra ficar longe disso”. Para a nutricionista, deve- se questionar o que vem com o alimento: “um incentivo a uma indústria que está causando muitos danos? Ou ele vem com uma preservação?”
Coral indígena
Além dos cestos de cipó imbé e esculturas em madeira de bichos da Mata Atlântica, a aldeia indígena Nhu – Porã de Torres levou alguns integrantes do coral formado por cerca de 60 crianças e adolescentes. Conforme o Cacique Mário, o grupo ensaia todos os dias e as músicas, assim como o artesanato, são passadas de geração para geração. Uma das canções apresentadas falava sobre a importância de um líder ser forte e humilde ao mesmo tempo. “Daqui pra frente vai ficar essa história, ficar para o meu filho, pro meu neto, pros alunos”.