Fruticultura agroecológica da região de Torres testa eficácia da adubação verde

Com sementes de feijão de porco, mucuna, milheto, girassol e crotalária, agroecologistas do litoral norte gaúcho estão começando uma experiência em solos afetados pelo excesso de chuva de maio e junho. 

Distribuição de sementes de adubação verde durante a 4ª Plenária do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia, realizada dia 5 de novembro, na comunidade de Costão, no município Morrinhos do Sul
14 de novembro de 2024

Com sementes de feijão de porco, mucuna, milheto, girassol e crotalária, agroecologistas do litoral norte gaúcho estão começando uma experiência em solos afetados pelo excesso de chuva de maio e junho.  São dez famílias que, no final de outubro, receberam as sementes, mais os agricultores e agricultoras que em 5 de novembro  -na 4ª e última plenária de 2024 do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida – levaram pequenas porções do insumo para suas propriedades.

De baixo custo e com potencial para substituir outros fertilizantes, segundo Nelson Bellé do Centro Ecológico, a técnica da adubação verde foi proposta inicialmente para produtores de hortaliças e depois para algumas famílias que têm áreas de bananais com solo mais degradado.  “Em áreas de bananal muito fechado ela (a adubação verde) não vem, mas em áreas abertas, com solo mais empobrecido, que a banana tem dificuldade de vir, ou em plantios novos, botar uma adubação verde vai adiantar o processo, vai recuperar o solo”.

A família de Ezequiel Martins, de Morrinhos do Sul, recebeu sementes de milheto, girassol, feijão de porco e crotalária. Por serem culturas de verão, o agricultor pretende fazer o cultivo nas áreas de fruticultura, como goiaba e banana. “Neste momento vamos fazer o plantio a lanço em algumas partes, em outras vamos fazer um teste de plantio com uma plantadeira pra gente poder organizar melhor aí e fazer um manejo de corte, e colocação entre a linha. Estamos avaliando ainda”.

De Santo Antônio da Patrulha, a família de Teresinha Spiztnagel nunca havia usado adubação verde de verão, só de inverno, como aveia preta e ervilhaca, que já secaram e deram espaço a plantas espontâneas. “Só lavrar por lavrar não dá, porque aí o solo vai ficar descoberto. Daí a gente falou em comprar a adubação verde do verão e o Joaquim (do Centro Ecológico) me mandou. Achei ótimo porque assim aí não vai ser preciso comprar e pra não deixar o solo limpo, descoberto, porque no verão o sol muito quente acaba prejudicando o solo”.  A agricultora planeja, para o final de janeiro, o plantio de feijão nas áreas que agora começam a ser ocupadas pela adubação verde. “São também pra descompactar o solo. Elas têm as raízes profundas, então tudo isso ajuda. Na chuvarada também pra proteção do solo”.

 

Projeto

As sementes de adubação verde fazem parte de um kit de insumos adquiridos pelo Centro Ecológico (da região de Torres) por meio de um projeto emergencial apoiado pela organização Agroecology Fund, visando a recuperação de áreas produtivas após as enchentes. Apesar do litoral norte não ter sido diretamente afetado pela tragédia, houve muitas perdas na produção, na qualidade do solo e na comercialização agroecológica.


Publicado em: Meio Ambiente






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