O Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres anunciou que a entidade não vai mais fazer convênio junto ao Sistema único de Saúde (SUS) no sentido de implantar uma unidade de tratamento oncológico local (tratamento contra o câncer). O anúncio foi feito durante a última reunião do Conselho Municipal de Saúde de Torres, realizada na terça-feira, dia 8 de maio. A notícia joga um balde de água fria na comunidade regional, por conta da esperança gerada nos últimos anos de a cidade ter localmente serviços públicos gratuitos para, por exemplo, a realização de sessões de quimioterapia, dentre outros tratamentos exigidos pra os pacientes com câncer.
Busca já completa oito anos (e políticos enviaram verbas para o serviço)
Deste o ano de 2010 o sistema de saúde da cidade (através do hospital, em parceria com a comunidade de saúde em geral) trabalha para fazer este credenciamento, tentando de várias formas adaptar as exigências do Ministério de Saúde para o feito desejado. Mais especificamente nestes últimos meses, vários políticos de várias agremiações políticas buscaram emendas parlamentares para possibilitar o término da obra do Hospital Navegantes, obra esta que vai dobrar o número de leitos da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) da entidade de Saúde (o que, em tese, credenciaria a cidade para a Oncologia junto ao SUS) – mas sempre com o objetivo secundário (em algumas situações até objetivo principal) de possibilitar, finalmente, que o HNSN pudesse finalmente se cadastrar no SUS para atender pacientes de Oncologia aqui na cidade. Isto facilitaria muito o tratamento dos pacientes com câncer, que têm de ir à Porto Alegre para fazer sessões de quimioterapia, radioterapia e realizar exames específicos.
Mas o resultado foi parcial. Foi bom porque os políticos – de vários partidos e de várias esferas da administração pública – conseguiram verbas diversas para as obras de melhorias no hospital. Mas foi infrutífero porque o sistema de tratamento local aos pacientes com câncer da região não será o ‘prêmio adicional’ sonhado pelos torrenses locais, sonho este demandado por políticos da região e até de outras regiões do RS (ao enviarem recursos financeiros para a cidade).
Entraves são técnicos e de sustentabilidade financeira
Conforme informou o dirigente do hospital na reunião do Conselho de Saúde na terça-feira (8/5), o Grupo Mão de Deus e a direção do Hospital Navegantes em Torres resolveram este recuo na busca de credenciamento no SUS há menos de um mês. Eles estavam tentando medir as necessidades técnicas e de sustentabilidade financeira da entidade em Torres (e seus convênios atuais) para que houvesse a adaptação às várias mudanças das exigências do Ministério da Saúde para credenciar entidades hospitalares no sistema de tratamento oncológico ocorridas. Isso conforme informa o HNSN, em uma portaria editada em 2014, que aumentou consideravelmente as premissas para o credenciamento.
O mesmo representante diz que não haveria possibilidade (financeira) local de, por exemplo, manter profissionais fixos de várias especialidades técnicas em Torres, tampouco haveria possibilidade de contratação de especialistas pelo mercado atual. Outro entrave seria na disponibilização de exames exigidos para os doentes de câncer, sendo que a portaria obriga que os locais credenciados disponibilizem os mesmos in loco. E nestas exigências todas, em princípio, parece que, mesmo que houvesse possibilidade de implantação local, talvez não fossem “sustentáveis” financeiramente para o hospital – baseado em convênios atuais e possíveis.
Isto tudo foi demoradamente estudado pelo Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, conforme o anúncio feito pela entidade na reunião do Conselho de Saúde de Torres. E a decisão foi de não optar por levar adiante o credenciamento, uma notícia ‘realista’, apesar de ruim para os torrenses – principalmente para àqueles que precisam tratar seus familiares que estão com Câncer.
O presidente do Conselho de Saúde de Torres, Francisco Pereira, lamentou a notícia. Mas lembrou de que as verbas várias investidas no hospital são bem vindas mesmo assim, já que vão dobrar o numero de leitos da UTI local – além de modernizar o sistema.