“O Brasil não se preparou. O investimento em prevenção ainda não nos deu os resultados que esperávamos”. A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Glademir Aroldi, durante entrevista ao programa da TV Globo Bom Dia Brasil exibida na terça-feira, 23 de outubro. A matéria abriu o jornal e deu destaque ao estudo divulgado pela entidade acerca do número de leitos hospitalares no Brasil.
Na matéria, houve destaque para o dado que dá conta que o Brasil perdeu 11 leitos por dia nos hospitais públicos nos últimos dez anos, somando 40 mil vagas fechadas. Conforme levantamento na confederação dos municípios, as especialidades mais afetadas foram a pediatria e a obstetrícia de hospitais públicos, de acordo com as informações do levantamento da CNM.
O levantamento mostra que o Sistema Único de Saúde (SUS) tinha em 2008 cerca de 340 mil leitos e em 2018 tem cerca de 303 mil. Mas que, entretanto, os hospitais particulares do país registram um ganho de cinco leitos abertos por dia. A causa alegada pela confederação seria a de falta de investimento do Poder Público federal na estrutura do SUS. É que, atualmente, o estudo mostra que o Brasil tem, em média, dois leitos para cada mil habitantes. E, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal seria de 3 a 5 leitos/mil habitantes.
O levantamento mostra que nenhuma região do país atingiu a meta. E na pior região – a Norte – a média é de 1,7 leitos para cada mil pessoas. Para se ter um comparativo com um local desenvolvido no mundo, o estudo da Confederação mostra que, na Alemanha, por exemplo, a média é de 8 leitos para cada mil habitantes; no Japão são 14 leitos para a mesma quantidade.
13 vagas fechadas no hospital de Torres pelo governo do RS e do Brasil
Na última sessão da Câmara Municipal de Torres, realizada na segunda-feira, dia 22 de outubro, o vereador Valmir Daitx Alexandre, o Pardal (PRB), mais uma vez atacou a falta de qualidade do atendimento do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. E é justamente o item “leitos” que têm sido o tema das reclamações do vereador e ex-secretário de Saúde de Torres, item que em princípio não depende da gestão do hospital e sim dos governos que os cadastram. Pardal denunciou que uma paciente, inicialmente teria tentado um leito junto ao Hospital pelo sistema público, sem consegui-lo. Ela, então, teria tido de pagar para ter uma consulta particular, e só a partir disso garantir o “direito” ao leito no HNSN… entretanto, após todo esse processo, mesmo assim não conseguiu seu leito (pois todos já estavam ocupados. Após explicar a história, o vereador esbravejou: “Não tem leitos, mas há poucos dias foram fechados leitos por falta de demanda”, reclamou Pardal.
Pardal então pediu publicamente para que a Câmara dê um jeito de convocar a 18ª Regional de Saúde – do governo do Estado do RS – que coordena todos os hospitais cadastrados no SUS do litoral, para que compareça à Casa Legislativa torrense com intuito de explicar o que está acontecendo. Pardal já havia anteriormente se referido ao aumento de leitos particulares no hospital simultâneo ao movimento de diminuição dos leitos do SUS, justamente o que acontece em todo o Brasil – conforme o levantamento da Confederação Nacional dos Municípios do Brasil (acima apresentado).
Informações locais fecham com tendência: responsabilidade é do SUS
O jornal A FOLHA buscou informações sobre o número de leitos fechados no hospital localizado em Torres. E foi confirmado que foram fechados 13 leitos no Hospital Navegantes apenas neste ano. A explicação dos técnicos que comandam o sistema no Brasil e no RS (governo Federal e Governo Estadual) é que se trataria de adequações às novas formas de atendimento e aos repasses de verbas federais… a mesma resposta dada à matéria da rede Globo sobre o estudo da Confederação dos Municípios.
Cabe lembrar que o Hospital Navegantes está de certa forma contratado pelo Estado do RS para, em nome do SUS, (governo Federal) receber os repasses das verbas para atender o sistema universalizado e gratuito brasileiro em Torres e região. Ou seja: o Hospital Navegantes cumpre ordens oriundas das políticas públicas. Portanto, o Estado do RS ou o SUS podem apenas criticar a qualidade do trabalho ou desfazer contrato com os hospitais filantrópicos conveniados. Mas o número de leitos se trata de politica pública dos governos do RS e do Brasil, que classificam níveis de especialidade dos hospitais e repassam verbas e normas para estes hospitais as cumprirem.