Inédita pesquisa sobre a deriva de animais marinhos está sendo realizada no Litoral Norte Gaúcho

Coordenada pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS), objetivo da pesquisa é compreender como ocorre a deriva de animais marinhos em alto mar, em função da força dos ventos e das correntes marinhas

(Foto por Paulo Ott - Projeto GEMARS/Funbio)
8 de fevereiro de 2019

Um experimento inédito de pesquisa, que procura compreender como ocorre a deriva de animais marinhos no litoral norte gaúcho foi iniciado na última terça-feira (05). A pesquisa faz parte do projeto Conservação da toninha no litoral norte do Rio Grande do Sul – o qual é coordenado pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS), em parceria com o CECLIMAR/UFRGS, UERGS e UNISINOS.

“A ideia da pesquisa é entendermos de que forma as correntes marinhas e os ventos atuam sobre a deriva dos animais marinhos. Com essas informações, poderemos entender melhor, por exemplo, quanto tempo um animal que morre em alto mar leva para chegar até as nossas praias”, explica o Prof. Paulo Ott, da UERGS e pesquisador do GEMARS. A pesquisa também faz parte da tese de doutorado do biólogo Maurício Tavares, do CECLIMAR/UFRGS.

Ao longo do ano, estão programados quatro experimentos, sendo o primeiro realizado nesta última terça-feira. Tavares explica que, com o auxílio de uma embarcação, foram realizadas cinco estações de amostragem entre Tramandaí e Cidreira. Em cada um desses pontos, foram lançadas garrafas de vidro, que atuarão como flutuadores, e carcaças de animais marinhos (toninhas, tartarugas, pinguins e outras aves marinhas) que foram encontrados mortos nas praias gaúchas. Todas as carcaças e garrafas receberam um código de identificação, além de um telefone (Whatsapp) e e-mail para contato. Além disso, três toninhas receberam um rastreador para monitorar o deslocamento dos animais em tempo real, informa Tavares.

 

Resultados já estão aparecendo (até em Torres)

 

Com a participação da população, os pesquisadores já começaram a recuperar diversas carcaças e garrafas no litoral norte gaúcho.  Contudo, devido às condições do mar, é possível que alguns objetos e animais cheguem até as praias de sul de Santa Catarina, como foi ressaltado por Paulo Ott.

Conforme informado ao Jornal A FOLHA, até a noite de quarta-feira (06) – 36h após o início do experimento – já havia sido recuperado, de um dos pontos de soltura, 21 das 25 garrafas (84%) e 6 das 11 aves (55%), além de uma das toninhas com o rastreador. A maioria das garrafas e aves até agora apareceu entre Xangri-lá e Arroio do Sal, mas a toninha encalhou ontem à noite aqui em Torres, junto ao Parque Estadual de Itapeva.

“Essa alta taxa de recuperação somente está sendo possível pela participação da comunidade. É o que chamamos de Ciência Cidadã”, ressaltou Ott, que agradeceu também a parceria dos Guarda Vidas do Corpo de Bombeiros Militar do RS. “Além de reportarem os animais e garrafas, eles são também um ponto de referência para as pessoas que encontram os materiais. Em Torres, quem encontrar qualquer garrafa ou animal com as etiquetas amarelas, além de entrar em contato com o número de Whatsapp da etiqueta, pode também deixar o material nas guaritas de guarda-vidas ou no Oásis do Alemão Nei, na Praia Grande”.

A realização do Projeto é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa Chevron, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF/RJ, com implementação do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio.

 

*Com informações de Paulo Ott (Gemars)


Publicado em: Meio Ambiente






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