Laudo confirma afogamento como única causa da morte de jovem que morreu após queda da ponte pênsil

Além disso, primeiras informações colhidas pela Polícia Civil catarinense apontam que a estrutura da Ponte Pênsil já apresentava sinais de necessidade de maiores manutenções.

Ponte após rompimento dos cabos, em fevereiro de 2023 (FOTO – Divulgação Corpo de Bombeiros do RS)
25 de fevereiro de 2023

Foram instaurados dois inquéritos – um pela Delegacia de Passo de Torres (SC) e outro pela Delegacia de Torres – para investigar as causas do rompimento de um cabo da ponte pênsil que liga os dois municípios, cruzando o Rio Mampituba. O fatídico ocorrido aconteceu na madrugada da última segunda-feira (dia 20), durante feriadão do Carnaval.

De acordo com a Polícia Civil, a estimativa é de que a ponte estava superlotada, com mais de 50 pessoas  sobre a estrutura no momento do ocorrido e quase todas caíram no rio Mampituba. Brian Grandi, de 20 anos, Natural de Caxias do Sul mas morador de Torres, foi uma das vítimas e o único a morrer em decorrência do fato.

A Polícia Científica confirmou que a causa da morte de Brian Grandi foi asfixia por afogamento, sem nenhuma outra lesão causada pelo rompimento da ponte.. Após ser procurado por mais de 3 dias, o corpo do jovem foi encontrado na manhã de quinta-feira (23) na orla da Praia Azul (Passo de Torres – SC). Apesar da bicicleta do rapaz ter sido encontrada próxima ao local, ainda não havia a confirmação de que ele seria uma das vítimas da queda. Outros indícios também apontam para essa possibilidade, como o rastreamento do celular de Brian (junto ao rio).

 

Delegado aponta que ponte tinha necessidade de maior manutenção

 

As investigações do lado catarinense estão sendo coordenadas pelo delegado Maurício Pretto, que está atualmente na Central de Plantão Policial de Araranguá e que também responde pela Delegacia de Passo de Torres. E de acordo com matéria do site Engeplus em contato com o delegado, as primeiras informações colhidas pela Polícia Civil catarinense apontam que a estrutura da Ponte Pênsil já apresentava sinais de necessidade de manutenções.

“O nível de corrosão de cabos estava acima do normal. A forma de ancoragem da ponte é diferente do lado de Passo de Torres em relação a Torres. Na parte catarinense, a ancoragem é no solo. Na parte gaúcha é em uma viga e foi ali onde ocorreu o rompimento. Grampos utilizados de forma incorreta não davam a tensão correta de cabos. Na última semana de dezembro, um barco colidiu na ponte e isso pode ter abalado de alguma forma a estrutura e mesmo assim a ponte foi liberada. Tudo isso está sendo investigado”, enumerou Pretto, em matéria para a Engeplus.

Outro problema encontrado pelas perícias já realizadas é a falta de dispositivos secundários de sustentação da ponte. “Se você usa um elevador e um dos cabos se rompe, ele não vai cair. Ele tem dispositivos secundários para sustentar o elevador. Se você vai fazer um rapel, você tem um cabo secundário que vai lhe sustentar em caso de acidente. A nossa visão é que a ponte pênsil deveria funcionar da mesma forma e não foi encontrado nenhum dispositivo de segurança”, contou o delegado.

A manutenção dos cabos de sustentação das cabeceiras e troca das pranchas de madeira é realizada com frequência pelo município do Passo de Torres. A prefeitura do Passo, inclusive, ressalta que a última manutenção preventiva ocorreu nesta sexta-feira, 17 de fevereiro – já em preparação para o Carnaval – com o reparo nos cabos, tirantes, tela e estrados.

 

Tragédia poderia ter sido maior

 

Ainda conforme a análise de Pretto (disponibilizada em matéria do portal Engeplus) a tragédia poderia ter sido ainda maior. Ele relata que no momento do rompimento do cabo da ponte, o nível do rio Mampituba era de aproximadamente quatro metros de profundidade, sendo que no dia seguinte chegou a sete metros devido às chuvas. Já foram ouvidas 35 pessoas, sendo que 30 delas relataram que chegaram a cair na água e outros auxiliaram nos salvamentos. “Boa parte das pessoas que caíram na água sabiam nadar e conseguiram sair sozinhas. Barcos que estavam ancorados próximos da ponte também foram essenciais, porque neles tinham coletes que foram jogados para as pessoas. As condições do rio ajudaram outras pessoas a auxiliar quem caiu na água”, lembrou o delegado.

As investigações buscam também encontrar documentos que atestem a capacidade da ponte. No local há uma placa sinalizando que a estrutura suporta até 20 pessoas. “Mas quem definiu isso? Os municípios, até então, não nos mostraram nenhum documento de engenharia ou um estudo que mostre que esta é a quantidade correta”, indagou.

 

 

 

 

Com informações de Lucas Renan Domingos (Portal Engeplus)


Publicado em: Geral






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