Manifestação pacífica nas areias da Praia Grande pede ‘respeito e apoio’ ao futebol feminino

Ação ocorreu no último domingo (25) em resposta ao incidente com policiais ocorrido na mesma Arena de Beach Soccer da Praia Grande uma semana antes

27 de fevereiro de 2018

No último domingo (25), junto a Arena de Beach Soccer da Praia Grande, em Torres, ocorreu uma manifestação pacífica com o objetivo de pedir mais respeito e apoio ao futebol feminino na cidade. Entre atletas e simpatizantes da causa, a ocasião reuniu cerca de 50 pessoas – em geral atletas das equipes femininas do Praiano – que  participaram de uma rápida passeata em torno do campo de beach soccer, sendo observadas por espectadores do esporte e pelos usuários da orla.

O ato foi uma resposta ao incidente ocorrido no último dia 18 de fevereiro na mesma Arena de Beach Soccer da Praia Grande, onde bate-boca extracampo entre espectadores e representantes da Prefeitura de Torres – realizadora do Praiano de Beach Soccer que ocorria – acabaram redundando em uma ação policial considerada truculenta pelos que lá estavam.

Passando com faixas com dizeres como ‘Lugar de mulher é onde ela quiser! Respeite o futebol feminino’ e ‘Mulher e futebol: duas combinações perfeitas. Diga não ao preconceito’, @s manifestantes foram aplaudid@s durante a passeata pacífica.

 

Uma síntese do caso

 

No dia 18 de fevereiro (domingo), em meio a realização do Praiano de Beach Soccer, houveram discussões extracampo entre representantes da Prefeitura de Torres e alguns expectadores do evento esportivo – durante partida da modalidade feminina, que ocorria quase de noite e sem iluminação (um dos motivos da indignação dos expectadores). E o que inicialmente era um bate-boca acabou tendo intervenção de mais de 20 policiais da Brigada Militar, sendo esta considerada exageradamente repressiva pelos que foram vítimas: “Em razão do total despreparo, arrogância e falta de diálogo por parte da Brigada Militar, tivemos mulheres, atletas, admiradores do esporte e famílias com crianças e idosos sendo agredidos de forma covarde, desleal e desproporcional (pela BM)”, relatou a atleta torrense Flávia Lima em postagem que ‘viralizou’ no Facebook.

Chocou principalmente a situação da atleta e bacharel em Direito Gláucia Ferreira, que havia disputado partida anterior do beach soccer feminino, pouco antes da confusão começar. “Eu fui violenta e brutalmente agredida, tomei tapas no rosto, fui estrangulada, perdi a consciência praticamente – e isso tudo sem fazer absolutamente NADA ou falar qualquer palavra. Além da incalculável vergonha, e indignação, estou arrasada, é um sentimento de tristeza tão grande que não cabe em mim. Isso porque, eu jamais, JAMAIS imaginei que os funcionários da instituição que devem primar pela segurança pública fossem capazes de fazer o que fizeram com todas as famílias ali presentes”, contou a própria Gláucia. A situação tornou-se ainda mais surreal para Gláucia quando ela, ferida, foi levada até a Delegacia de Polícia e viu uma queixa ser prestada contra ela, por uma das policiais que teria lhe agredido.

 

“A união de todos em torno do futebol”

 

Contatada novamente pelo jornal A FOLHA após a manifestação, Gláucia conta que foi muito impactante ver as faixas sendo carregadas no último domingo (25), numa ação que foi um marco para todos os envolvidos. ” Foi uma manifestação pacífica e mostrou a união de todos em torno do futebol. Esperamos que isso sirva para que haja mais respeito e apoio ao futebol feminino, bem como o Praiano em si e o futebol de campo de Torres”.

Gláucia também ressaltou o apoio dos presentes na ação quanto a agressão sofrida por ela na semana anterior. “Para mim foi uma sensação indescritível, as pessoas vieram me cumprimentar e desejar forças,foi um amparo que me ajudou a lidar com a injustiça que sofri”. E para finalizar, Gláucia ainda fez o gol do título do seu time – o Panela F.C. – na final da competição (realizada posteriormente a manifestação)

 

 Inquérito Policial foi instaurado

 

Posteriormente ao ocorrido na Arena da Praia Grande, a Brigada Militar foi  acionada pelo Promotor da comarca local para esclarecimentos sobre o incidente – uma vez que a parte ofendida (Gláucia Ferreira)  fez um termo de reclamação junto ao Ministério Público, sendo que apurações estavam sendo realizadas. “O que posso salientar é que o caso vai ser investigado, e qualquer tipo de excesso será rigorosamente repreendido”, havia indicado na última quinta-feira (22) o comandante da Brigada Militar de Torres, Fábio Hax Duro.

Contatado novamente pelo jornal A FOLHA nesta terça-feira (27), o comandante Hax Duro afirmou que já foi instaurado Inquérito Policial Militar para investigar o caso. “Já foram ouvidos o organizador do evento, duas partes que se sentiram ofendidas, alguns policiais militares na condição de testemunhas e investigados. Foram juntados alguns documentos, tais como registros de ocorrências. Outras diligências estão sendo providenciadas ainda”, concluiu o comandante da BM de Torres.

 

 

 


Publicado em: Geral






Veja Também





Links Patrocinados