Após as primeiras semanas deste veraneio (2019/2020), o jornal A FOLHA fez levantamento sobre o movimento do turismo na região do Litoral Norte – e em Torres. E os indicadores iniciais sugerem que a qualidade do turismo realizado neste verão está ‘mais atraente’ para os operadores dos serviços e do comércio da região, consequentemente para os moradores que sobrevivem direta ou indiretamento do Turismo.
Conforme a presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte do RS (SHRBSLN), Ivone Ferraz, já era previsto pela categoria que o inicio da temporada seria bom. E foi. Nos dias que orbitaram em torno do Réveillon, os hotéis operaram com 100% de lotação. O período anterior, no entorno do Natal, a categoria operou bem, também, com 60% da lotação em média no Litoral Norte. E o importante para a líder do sindicato da categoria é que o período de estada melhorou. “A estada não é mais tão focada nos finais de semana, está aumentado o número de dias de permanência e o consequente gasto dos turistas na região”, diz Ivone.
Reservas para o Nordeste canceladas e dólar alto
Para a presidente do SHRBSLN, as reservas canceladas para destinos do nordeste – por conta da questão do vazamento de petróleo na região no final da primavera passada – foi um dos fatores que colaboraram para o aumento do movimento. O dólar caro talvez tenha sido o maior elemento desta melhoria da qualidade do turismo neste veraneio. É que quem ia viajar para o exterior acabou retornando para os destinos locais. Os argentinos (até agora) vieram em pouco número como era previsto, mas a sua falta foi compensada pela entrada dos novos turistas.
A mesma Ivone Ferraz também comemora o fato, constatado na prática, que o movimento projetado será bom para todo o verão. Ela afirma que as reservas para Carnaval e para o mês de março, inclusive, indicam isto, além do movimento maior nos meios de semana (que continua com números melhores que os de outros anos).
Mais eventos e parcerias com Gramado e cidades serranas
A torrense e presidente do SHRBSLN aproveita para sugerir que os administradores do Turismo no litoral gaúcho promovam mais eventos fora de temporada, para aproveitar esta tendência de aumento da qualidade do turismo local. Ivone também sugere parcerias com cidades como a de Gramado, no sentido de o litoral oferecer “mais uma porta” para os pacotes vendidos para a Serra nas outras estações fora o verão. Para ela, isto qualificaria os diferenciais das operadores e poderia ser uma moeda de duas vias, com Torres oferecendo o mesmo para Gramado no veraneio. As parcerias poderiam funcionar através de contratos e ‘Joint Ventures’ (acordo de empresas) entre hotéis ou operadoras de Turismo.
A FOLHA conversou também com o Secretário de Turismo de Torres, Fernando Nery, para saber como a administração e suas parcerias estavam enxergando o movimento do veraneio. Segundo levantamento preliminar feito pelo secretário, em parceria com a Associação dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Torres (AHRBST), os movimentos do turismo dentro da cidade – comparando o verão passado com o atual – são similares aos indicados pelo sindicato da categoria no Litoral.
Fernando repete que o a presença de turistas foi mais contínua que em anos anteriores, não ficando tão restrita aos finais de semana como era. O Secretário Municipal do Turismo disse que no Réveillon foi mais perceptível esta mudança, ou seja: os turistas que chegaram à cidade chegaram para ficar mais tempo, diferente de anos anteriores, quando o foco se concentrava muito em cima da data do Reveillón (até porque, em 2020, o ano novo caiu no meio da semana). Para Fernando, mais gente com família está vindo para Torres passar suas férias, o que melhora a qualidade do turismo (período maior e recursos gastos no comércio maiores).
Nery repete o que disse anteriormente Ivone ao afirmar que argentinos quase desapareceram. E ainda atenta que, muitos (dos poucos que vieram) ainda chegaram com os carros cheios de alimentos, comprados na argentina para serem consumido nas férias… tudo por conta do limite de gastos, uma vez que o governo do país dos ‘Hermanos’ tem diminuído no teto do consumo feito com Cartão de Crédito fora da Argentina.
Nordestinos e paulistas no Parque da Guarita
Outra novidade que chamou a atenção do secretário de Turismo de Torres foi a presença de uma quantidade muito grande, em relação aos anos anteriores, de turistas de outros estados do Brasil. Citou cidades como São Paulo (capital), Campinas e várias cidades do Paraná. Até do Nordeste apareceram visitantes.
Os dados foram levantados de dois modos. Principalmente na planilha de vendas de ingresso no Parque da Guarita (feito para todos os carros que não têm placa da cidade de Torres) e de forma visual, pelo sotaque diferente notado dentro do parque.
